Morte de ambientalista aumenta a polêmica do lixo em São Paulo
Em solidariedade ao ativista assassinado com 37 tiros, entidades e comunidade se reúnem em Mogi das Cruzes para pedir justiça.
Hoje (16/1), a partir das 14h, véspera da audiência pública que vai debater uma possível ampliação do aterro São João, na zona leste de SP, dirigentes de movimentos sociais e sindicais que integram o Instituto para Defesa da Vida e a campanha "Mais vida, menos lixo" visitarão a sede da ONG Guerrilheiros do Itapety, em Mogi das Cruzes. Os dirigentes e representantes da comunidade pretendem se unir em solidariedade à morte de Mário Padia de Oliveira, 42, ativista da luta contra lixões em Mogi e São Paulo, assassinado com 37 tiros no último dia 9.
Representantes de entidades de renome internacional também estarão presentes para manifestar solidariedade e exigir a federalização das investigações. É o caso de Rodolfo Maineri, secretário executivo da iGWC (International Global Water Coalition), organização com sede na Suíça que reúne instituições em defesa da água em 30 países. A reivindicação já recebeu apoio do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
Padia era membro da ONG Guerrilheiros do Itapety e ficou conhecido por suas apresentações artísticas, na qual encenava o personagem "Dr. Morte". Criado por ele para satirizar empresários do lixo e autoridades públicas, o ativista esteve presente em diversas manifestações. Há dois anos era presença marcante em atos públicos contra lixões em Mogi das Cruzes, onde a comunidade, após quatro anos, conseguiu impedir a instalação de um aterro da construtora Queiroz Galvão, na Serra do Itapety.
O ambientalista Leonardo Aguiar Morelli, secretário geral do Instituto para Defesa da Vida, entidade que recebia apoio de Padia, alerta para o fato de que o assassinato está sendo tratado como crime comum, em razão dos antecedentes da vítima. "Mário estava em processo de recuperação há três anos, tinha residência fixa na sede da ONG, no centro da cidade de Mogi das Cruzes, trabalhava como jardineiro para uma importante clínica de saúde e era bem quisto por todos, fatos que contribuem para nossas suspeitas de motivação política e retaliação para o crime", enfatiza.
Apesar de o caso já estar no Ministério Público, Morelli e as demais entidades e associações requerem que o caso seja assumido pela Polícia Federal, por considerar "de competência federal investigar crimes políticos de repercussão nacional e reflexos internacionais, que podem colocar em risco a imagem do país e os interesses da União junto a organismos de direitos humanos das Nações Unidas".
Fonte: *secretário geral do Instituto para Defesa da Vida
Fonte: Giselle - Ex Libris