A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) - que organiza o encontro global iniciado hoje, em Bali, na Indonésia - não espera que os países em desenvolvimento assumam compromissos obrigatórios para limitar suas emissões de gases do efeito estufa. Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção do Clima, acredita que, apesar de a emissão de gases estar acelerando o aquecimento global, é inviável para os países menos desenvolvidos assumir metas de redução e erradicar a pobreza.
O evento,
que reúne mais de 10 mil delegados de 190 nações até o dia 14, deve marcar o
início das negociações formais para um acordo que substituirá o Protocolo de
Kyoto a partir de 2012.
Boer afirma que "agora é a hora dos políticos
responderem às perguntas feitas pelos cientistas". Por isso, durante o encontro,
será preparado um "mapa detalhado" de como se combater às mudanças climáticas.
Entre as opções estão o controle de emissões de gases do efeito estufa, a
adaptação ao clima e o financiamento de mecanismos para colocar projetos em
prática. Um fundo para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem às
mudanças climáticas, provavelmente administrado pelo Fundo Mundial para o Meio
Ambiente (GEF), deverá ser lançado no evento.
Compromisso
Boer
estipulou 2009 como prazo para se finalizar as negociações de um novo acordo
internacional sobre o clima. Atualmente, pelo Protocolo de Kyoto, apenas os
países desenvolvidos possuem metas obrigatórias para a redução de emissões de
gases que causam o efeito estufa. A expectativa agora recai sobre as nações que
apresentam crescimento acelerado, como Índia e China, mas não contribuem para
luta contra o aquecimento global.
As discussões prometer se acirrar em
torno de assuntos como o comprometimento em limitar emissões, mercado de carbono
e financiamento de tecnologias, entre outros.
"A Índia sofrerá uma
pressão intensa em Bali, pois os países desenvolvidos querem tornar obrigatória
a redução das suas emissões, juntamente com o Brasil e com a China", analisa
Mario de Souza, pesquisador do Centro para Ciência e Meio Ambiente da
Índia.
Em relação ao Brasil, a preocupação é o desmatamento, que faz com
que o país apresente um elevado índice de emissão de gases-estufa, apesar de ter
uma matriz energética considerada limpa. As autoridades brasileiras não estão
dispostas a assumir metas de redução, mas levarão para o encontro uma proposta
para inclusão de combate a desmatamento no novo acordo.
* Do Earth Times.
Traduzido por Fernanda Muller, com edição de Sabrina Domingos, do
CarbonoBrasil
(Envolverde/Carbono Brasil)