Desde 30 de agosto, as manchas de petróleo começaram a aparecer nas praias da Grande João Pessoa. A seguir, surgiram nas praias do Grande Recife, no dia 2 de setembro, e foram se espalhando pela região.
Situação em praia de Alagoas
Neste final de outubro, o óleo já atingiu praias desde o Maranhão até a Bahia. Não está descartada a possibilidade do óleo chegar às praias do Pará e do Espírito Santo.
Vamos, então, avaliar os indícios que o desastre nos mostra. A região nordeste foi a única que não deu maioria de votos ao governo desastroso que aí está também. Os governadores do Nordeste têm demonstrado boa dose de independência em relação ao governo central.
Quadro do desastre em praia do litoral norte da Bahia
Estamos próximos do início do Verão, época em que o turismo, principal fonte de renda da maioria dos estados do Nordeste, chega com toda sua energia benfazeja. Nada mais cruel para com a gente do Nordeste que uma catástrofe, como a que está ocorrendo, atinja em cheio esta atividade.
A catástrofe irá inviabilizar a frequência às praias paradisíacas da região. Cairá a procura por hotéis e a venda de bilhetes de passagem para lá. A pesca artesanal, meio de vida de milhares de famílias nordestinas, está inviabilizada sabe-se lá por quanto tempo. A vida marinha já está ameaçada.
Todos sabemos que o atual governo é formado por gente despreparada e vulgar. Nada mais natural para esse tipo de gente uma retaliação medíocre e egoísta contra adversários políticos sem se importar com as consequências desse ato sobre a população.
É fato que algum ou alguns barcos invadiram a faixa de 200 milhas (cerca de 322 km) de águas territoriais brasileiras e derramaram milhares de toneladas de petróleo no mar sem serem incomodados. A Marinha brasileira falhou rotundamente em hora errada ou fez vista grossa, já que sua missão é justamente patrulhar essas águas. Para tanto existem os radares e outros equipamentos mais.
Um outro indício são as imagens de satélite. O Brasil utiliza atualmente a tecnologia de satélites de altíssima resolução que têm alguns de seus canais alugados para vasculhar o território e o mar territorial do país. Pois bem, esses satélites também falharam ou tiveram seus alertas desconsiderados para que nada interrompesse a operação espúria.
Finalmente, o indício mais idiota. A Petrobrás, hoje entregue a mãos bastante nocivas a ela mesma e ao país, está saindo pela tangente e divulgando, de forma atabalhoada e irresponsável, que o óleo derramado é de origem venezuelana, em cujas imensas reservas predominam os óleos asfálticos pesados. Para leigos, esta afirmativa pode até soar convincente, dado que tem origem na maior empresa de petróleo nacional. Não diz a empresa, todavia, que ela mesma produz, há 54 anos, em Carmópolis, Sergipe, um petróleo pesado, com características asfálticas, muito similar aos petróleos venezuelanos pesados por ela apontados.
Um dos poços do Campo de Carmópolis, em Sergipe
Todos os indícios aqui alinhados nos dão clara indicação de que o atual governo trapalhão brasileiro está envolvido no desastre ambiental, humano e econômico produzido pela falha de diferentes atores governamentais. Evidentemente, isto não será apurado com a seriedade que o fato requer, como muitos outros crimes ligados a interesses políticos também o deixaram de ser. Na pior da hipóteses, será montado um esquema com um culpado alheio à questão, como o foi o autor da "facada" em Juiz de Fora durante a campanha do capitão.
Um dado final que envolve esse governo medíocre: somente 41 dias após o petróleo começar a chegar às praias da Paraíba foi que o governo começou a se mexer para dar algum tipo de combate ao problema. Esses 41 dias foram o tempo considerado necessário para que o desastre saísse de controle e a catástrofe se tornasse irreversível.
Tirem suas próprias conclusões.
(*) Argemiro Pertence é engenheiro mecânico e ex-empregado da Petrobrás.