Muita publicidade tem acompanhado as promessas 'verdes' de algumas grandes empresas. Mas será que toda esta fanfarra impressiona os consumidores? As empresas que assumem metas para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa publicamente têm muito a ganhar. Agir 'ecologicamente'posiciona a marca como parte da solução para as mudanças climáticas e pode ajudar a atrair a pequena, mas crescente, quantidade de consumidores preparados para comprar produtos mais amigáveis em relação ao clima.
Já as marcas cujo
marketing excede as ações reais têm muito a perder. Relatórios recentes
demonstram que as evidências de "greenwashing" (quando as empresas alegam estar
'limpando' suas atividades, mas não apresentam muitas ações para comprovar)
podem perder a credibilidade e a lealdade dos clientes.
Uma pesquisa
realizada pelo Ipsos Mori mostra que quatro em cada cinco britânicos acreditam
que muitas empresas fingem ser éticas somente para vender mais produtos - um
aumento em relação a 2005, quando dois terços dos entrevistados pensavam dessa
maneira. Além disso, quase 80% querem ver as empresas comprovar suas pretensões
éticas.
A pesquisa do FTSE
100, chamada "Limpadores Verdes e Ganhadores Verdes", ressalta ainda mais a
crescente insatisfação do público com as campanhas 'verdes' das grandes
empresas. A pesquisa foi compilada recentemente pela consultoria de relações
públicas Chatsworth Comunicações, que questionou formadores de opinião da
Inglaterra, como jornalistas e grupos políticos.
Os resultados revelaram a Marks&Spencer como a principal 'ganhadora verde', com 45% dos votos. Em outras palavras, a Marks&Spencer é a que parece estar fazendo os esforços mais genuínos para ser 'verde' na opinião do público. Os questionados demonstram apreciar o programa ambiental da M&S, chamado Plano A, por ser compreensivo e por lidar com toda a cadeia de fornecedores, além da própria infraestrutura.
O HSBC ficou em segundo
lugar, por ser o primeiro banco importante a se tornar neutro em carbono e a
aplicar critérios ambientais em seus investimentos.
Os principais
'greenwashers' indicados são a BP, Tesco e British Airways – vistas como
empresas que continuam envolvidas em atividades maléficas ao planeta e que
gastam quantidades enormes de dinheiro para mostrar que se importam com o meio
ambiente. A Tesco foi acusada de tentar arranjar uma desculpa para o péssimo
histórico ambiental que possui ao anunciar esforços mínimos para ser
'verde'.
Mike Barry, chefe
de responsabilidade social corporativa da M&S, acredita que o sucesso do
Plano A se deve ao alto nível de comunicação da empresa com os clientes. Nossos
consumidores esperam muito de nós e querem que continuemos a lidar com problemas
que são importantes para eles. Precisamos seguir em frente continuamente e
estabelecer metas ambiciosas para a empresa", afirma.
Barry também fala sobre
a vontade da M&S de lidar com as próprias fraquezas. Na pesquisa da
Chatsworth, 75% dos entrevistados disseram preferir que as empresas assumam as
áreas em que não são 'verdes' demonstrando vontade para melhorar, ao contrário
de somente gritarem suas boas ações.
Apesar da Tesco e da M&S não
possuírem a mesma clientela (um possível fator para o sucesso da M&S no
mercado consumidor mais ético), Barry alega que a redução das emissões da
M&S não tem custo extra para o consumidor. O Plano A, segundo ele, foi um
investimento separado, de 200 milhões de dólares, feito pela empresa como
estratégia 'verde'.
"Nós nos
preocupamos com os clientes e eles nos dizem consistentemente que apreciam
nossos esforços de fornecer mais escolhas 'verdes' para tornar o consumo
ambientalmente consciente uma possibilidade real e viável economicamente para
todos os consumidores, não somente por alguns poucos privilegiados", avalia um
porta-voz da Tesco. Para a empresa, a prova disso está nas vendas: um dos
objetivos da Tesco é vender dez milhões de lâmpadas econômicas a preço baixo
para os consumidores em 2007.
Vida após
lâmpadas
O Climate Group, uma
organização não governamental, também publicou uma pesquisa com consumidores em
outubro, revelando que a maior parte vê uma lacuna entre o que as empresas dizem
e seus hábitos cotidianos.
Enquanto 68% dos
questionados na pesquisa citou as grandes marcas líderes em relação às mudanças
climáticas, poucas pessoas sentem que as empresas estão ajudando os indivíduos a
mitigar as mudanças climáticas no dia-a-dia.
"Os consumidores estão
esperando que as empresas ajam mais rápido em relação às mudanças climáticas do
que se pensava", diz David Hall, diretor da campanha "Juntos" do Climate Group,
que age em parceria com grandes empresas na venda de produtos mais 'verdes' para
os clientes.
Hall prevê que as
alegações 'verdes' das empresas cairão se não forem apoiadas por evidências.
Mesmo assim, diz ele, as empresas estariam erradas em pensar que algumas ações
boas podem 'limpar' as marcas da noite para o dia.
A pesquisa do Climate
Group mostra que metade dos consumidores estão realmente preocupados com o
clima, enquanto um quarto dos consumidores britânicos dizem que estão
profundamente comprometidos com a mitigação das mudanças climáticas e que exigem
evidências antes de confiar na propaganda 'verde' das marcas.
Traduzido por Fernanda Muller, CarbonoBrasil
Fonte: Carbono Brasil / Ethical Corporation
Fonte: Carbono Brasil
Contato (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)