Esta questão apareceu depois que a Eletricité de France (EDF – empresa estatal francesa geradora de energia elétrica) apresentou seu relatório sobre a entrada em operação do EPR (European Pressurized Reactor) de Flamanville, uma instalação que deverá ser a primeira a utilizar este reator francês de 3ª geração.
Destinada, na visão da AREVA*, a representar o “renascimento nuclear tendo como meta o amadurecimento em 2020, quando o atual parque nuclear francês entrará em fase de demolição”, o EPR está pagando o preço por seu caráter de “protótipo”.
Baseada em Paris, a Agência Internacional de Energia (AIE) está debruçada sobre o assunto: segundo seus cálculos, parece que a energia nuclear, elogiada por seus apologistas como uma energia barata, não é mais tão competitiva quantos as chamadas energias consideradas alternativas.
O átomo em dificuldade
Este é o caso específico da energia solar. Os candidatos ao último leilão do Ministério da Ecologia para fornecer este tipo energia garantem que poderão chegar a um custo de 70 euros por megawatt hora (MWh) – um francês consome em média 7,3 MWh por ano, segundo o Banco Mundial.
Atenção, este custo de 70 euros ainda não é o praticado, trata-se apenas da proposta mais competitiva. E o resultado do leilão, que deverá ser conhecido em algumas semanas, permitirá ajustar a comparação com a energia nuclear.
Em todo caso, este número chama a atenção dado que, pela primeira vez, ele demonstra a baixa competitividade do átomo. Este último custa hoje um pouco mais de 82 dólares, algo como 74 euros por MWh, se acreditarmos nos números da AIE em seu último relatório. E tudo isto sem contar o custo de um eventual acidente nuclear que a Corte de Contas acrescentou a seus cálculos, passando a estimar que a energia nuclear passaria a ter um custo entre 70 e 90 euros por MWh... e partindo do custo inicial do EPR de 4 bilhões de euros. Pois bem, este último corre o risco de chegar ao custo de mais de 10 bilhões de euros.
Visto que este custo mais que dobrou, pode-se imaginar que o custo da energia gerada será amplamente superior ao da energia solar, qualquer que seja a oferta em poder do ministério.
Evoluções contrárias das curvas de preços
Por certo, torna-se necessário pôr em perspectiva a competitividade da energia solar em relação aos demais elementos, como por exemplo ... a noite. E o custo da integração da eletricidade gerada pelas fontes alternativas à rede elétrica já existente, encarado pelo nuclear ou pelas energia de origem fóssil e cujo acesso permanece custoso para as concorrentes. Porém, no longo prazo, contrariamente à energia nuclear, a tendência é uma baixa no custo da energia solar se observarmos as previsões da AIE:
Estimativas da evolução dos preços da energia solar gerada por painéis instalados no teto de uma empresa ou de uma residência - AIE
No resto do mundo, o custo da energia alternativa é sensivelmente mais baixo, em razão de seus recursos, mas também porque esses países começaram mais cedo e/ou porque políticas públicas foram implantadas para favorecer esses setores.
*Empresa líder mundial em pesquisas e projetos para energia nuclear e importante atriz na área de engias alternativas.
Les Décodeurs – jornalista do Le Monde
Tradução: Argemiro Pertence
Le Monde , 04/09/2015
Par Les Décodeurs
Le nucléaire est-il toujours l’énergie la plus compétitive ?
La question se pose après qu’EDF a annoncé un nouveau report de la mise en service de l’EPR de Flamanville, dans la Manche, une installation qui doit être le premier réacteur français de 3e génération.
Destiné, selon les termes d’Areva, à incarner la « renaissance nucléaire avec en tête l’échéance de 2020, quand le parc nucléaire originel français entrera en phase de démantèlement », l’EPR fait les frais de son caractère de « prototype ».
Basée à Paris, l’Agence internationale de l’énergie (AIE), s’est penchée sur le sujet : d’après ses calculs, il semble que le nucléaire, vanté par ses thuriféraires comme une énergie bon marché, ne soit plus si compétitif face aux énergies dites alternatives.
L’atome en difficulté
C’est tout particulièrement le cas pour l’énergie solaire. Les candidats au dernier appel d’offres du ministère de l’écologie pour cette énergie assurent pouvoir parvenir à un coût de 70 euros (voir ici les données en PDF), le mégawatt heure (MWh) – un Français consomme en moyenne 7,3 MWh d’électricité par an, selon la Banque mondiale.
Attention, ce coût de 70 euros n’est pas encore acté, ce n’est que la proposition la plus compétitive. Et le résultat de l’appel d’offres, qui devrait être connu dans quelques semaines, permettra d’affiner la comparaison avec le nucléaire.
En tout état de cause, ce chiffre interpelle dans la mesure où, pour la première fois, il acterait la faible compétitivité de l’atome. Ce dernier coûte aujourd’hui un peu plus de 82 dollars, soit environ 74 euros, le MWh si l’on en croit les chiffres de l’AIE dans son dernier rapport.
Et le tout sans compter le coût éventuel d’un accident nucléaire, que la Cour des comptes avait intégré à son chiffrage, estimant de ce fait le coût de l’énergie atomique entre 70 et 90 euros le MWh… et en partant d’un coût initial de construction de l’EPR de 4 milliards d’euros. Or ce dernier risque de revenir à plus de 10 milliards d’euros.
Etant donné que ce coût a plus que doublé, on peut imaginer que le coût de l’énergie sera largement supérieur à celui de l’énergie issue du solaire, quelle que soit l’offre retenue par le ministère.
Evolutions contraires des courbes de prix
Certes, il faut mettre en perspective la compétitivité du solaire avec d’autres éléments, par exemple son manque de capacité… la nuit. Ainsi que le coût de l’intégration de l’électricité issue des énergies alternatives dans le réseau électrique, pensé pour le nucléaire ou les énergies fossiles et dont l’accès reste coûteux pour leurs concurrents.
Mais, à long terme, contrairement au nucléaire, la tendance est à une baisse du coût des énergies solaires si l’on regarde les prévisions de l’AIE :
Estimations de l'évolution des prix du solaire selon que les panneaux sont installés au sol, sur le toit d'une entreprise ou d'un particulier AIE
Dans le reste du monde, les coûts des énergies alternatives sont sensiblement plus bas, en raison de leurs ressources, mais aussi parce que des pays ont commencé plus tôt et/ou parce que des politiques publiques sont mises en place pour favoriser ces filières :
Les Décodeurs
Journaliste au Monde