Moradia com consciência  ambiental ganha adeptos, mas não se restringe a aparatos tecnológicos
  
  Bola da vez dos projetos  arquitetônicos e urbanísticos, propostas de “casas sustentáveis” se disseminam  com o intuito de promover a integração entre conforto, segurança e  responsabilidade ambiental. Antes restrita aos dispositivos tecnológicos que  economizam energia elétrica, esta percepção passou a promover também a  qualidade da habitação antes mesmo do assentamento dos tijolos.
  Diretrizes do Ministério do  Meio Ambiente estabelecem de que as obras novas precisam dispor para ser  consideradas “sustentáveis”. A primeira delas propõe mudança nos conceitos da  arquitetura tradicional – propondo ideias flexíveis e dispostas a mudanças,  reduzindo as demolições.
  A economia de material de  construção, a propósito, deve permear todas as etapas da edificação. Para a  ambientalista e economista Amyra El Khalili, o modelo econômico atual é  altamente consumidor de água e de energia. Rever as necessidades do projeto,  portanto, é um passo cívico. “Há pessoas que estão conscientes sobre isso, como  arquitetos, urbanistas e ativistas. Tem outro grupo que chegou atrasado, que  quer ganhar dinheiro com isso”, opina.
  A adoção de política de  redução de perdas e do uso de material com alto impacto ambiental, também  segundo o ministério, é recomendável do início ao fim da construção.
  Para o arquiteto e professor  da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), José Eduardo Ferolla, antes de  pensar em “solucionar problemas”, os projetos devem buscar a “eliminação dos  problemas”. “Melhor do que apresentar uma solução extremamente engenhosa para  eliminar o sol da tarde, por exemplo, seria melhor ter evitado voltar o sol  para esta incidência”, comenta.
  Crise
  Na avaliação de Ferolla, a  crise hídrica pela qual passa a região Sudeste é sintoma de que a reflexão  sobre a arquitetura sustentável é inevitável – o que, para ele, inclui  “reciclagem quase que total dos resíduos para geração de energia e  reaproveitamento e repurificação da água utilizada”.
  Para além de dispositivos  tecnológicos, defendem os especialistas, o ideal é reorganizar o espaço e as  necessidades: melhor otimização de luz e arejamento naturais, boa escolha de  materiais e de cores, entre outros tópicos.
  “Se precisarmos de uso  constante de ar condicionado num lugar devido a necessidade de funcionar  fechado, por que  já não dotá-lo de materiais externos isolantes que já  reduzam, por reflexão, o calor interno?”, questiona Ferolla.
- Por João Guilherme D´Arcadia
 

  




























