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À medida que o mundo moderno continua a consumir doenças – toxicidade ambiental, alimentos geneticamente modificados, gordura TRANS, excesso de sódio, açúcar, farináceos industrializados, conservantes, agrotóxicos, corantes etc. – as consequências à saúde se tornam mais prevalecentes e difíceis de se ignorar. Para a indústria farmacêutica , entretanto, não poderia ser melhor. A escalada de doenças colocou as fabricantes de remédios como uma das mais rentáveis do planeta. Com dúzias de escolhas de drogas para cada tipo de sintoma existente ou doença crônica, a indústria se equilibrou no fato de produzir bilhões de dólares mesmo com a saúde continuando a declinar vertiginosamente. O mais irônico de tudo isso é que a imensa maioria dos medicamentos fabricados é designada para tratar doenças que podem ser corrigidas por simples mudanças no estilo de vida, tais como adoção de métodos corretos de exercícios físicos e dieta alimentar.
No caso do Diabetes, por exemplo, a indústria farmacêutica tem estudos que prevêem faturamento de mais de 23 bilhões de dólares nos próximos 20 anos nos tratamentos dos estimados 280 milhões de novos pacientes diagnosticados com a doença.
Um estudo da American Heart Association estima que em 2030, cerca de 40% dos adultos americanos apresentarão algum tipo de doença cardíaca, incluindo comprometimento de artérias coronárias (angina, infarto), hipertensão arterial e acidente vascular cerebral (derrame), entre outras. O estudo não leva em conta mudanças no estilo de vida e que poderiam ser suficientes para evitar o surgimento dos problemas. O custo dos procedimentos médicos (medicamentos, cirurgia, tratamentos específicos etc) serão três vezes maiores do que os de hoje, no mínimo. A estimativa é que doenças cardíacas passem a custar cerca de US$ 1 trilhão por ano. Não é dificil se imaginar para onde vai a maioria desses recursos. Logicamente os principais premiados são os fabricantes dos remédios.
Não surpreendentemente, existe forte ligação entre doenças coronarianas e diabetes do tipo II. Estudos já bem documentados mostram que adultos portadores de diabetes são de duas a quatro vezes mais propensos a desenvolverem doenças cardíacas do que a população sem diabetes. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento desses problemas incluem o tabagismo, obesidade, sedentarismo e dieta alimentar desregrada. Ora, se a indústria alimentícia produz grandes “venenos” para se comer, usando a mídia para incentivar o aumento de peso, a indústria do tabaco continua a todo o vapor e nada se faz para educar a população quanto à adoção de hábitos de vida salutar, como imaginar que a SAÚDE venha a prevalecer? É claro que muitos lucram com a indústria da doença. …e que se danem os outros.
* Sergio Vaisman é médico especialista em Cardiologia e Nutrologia, formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
** Publicado originalmente no site Mercado Ético.