Iniciativa com 1,3 milhão de quilômetros quadrados faz parte da estratégia de países insulares do Pacífico para a gestão de áreas de grande importância ecológica e econômica
O governo da Nova Caledônia, um arquipélago pertencente à França, situado na Melanésia, sudoeste do Pacífico, anunciou oficialmente a criação de uma Área Marinha Protegida (AMP) de 1,3 milhão de quilômetros quadrados – equivalente a três vezes o território da Alemanha.
A área protegida chamada Parque Natural do Mar de Corais engloba ambientes marinhos extremamente ricos em biodiversidade, já declarados desde 2008 como Patrimônio Mundial da Humanidade, uma designação oferecida pela UNESCO para locais de grande importância cultural ou natural.
O parque visa proteger o ambiente marinho, manter os serviços ambientais oferecidos pelos ecossistemas e contribuir com o desenvolvimento sustentável das atividades marítimas, declarou o governo em seu portal na internet.
Além disso, o governo ressalta que a criação do parque contribui significativamente para o fortalecimento da rede de AMPs francesas, que passam a abranger 16% das águas sob jurisdição do país.
Nos próximos meses, um comitê de gestão será estabelecido com a missão de elaborar um plano de manejo do parque em até três anos. O plano determinará os diferentes usos permitidos em cada área do parque.
Fotos: Governo da Nova Caledônia
Jean Christophe, da ONG Conservação Internacional (CI), que vem apoiando vários países insulares do Pacífico em seus esforços de conservação, enfatiza que a área da nova AMP abrange formações geológicas únicas, como montes marinhos e bacias sedimentares, além de um dos maiores recifes de corais do mundo.
Entre as ameaças presentes na região, Christophe cita a pesca ilegal, o crescente trânsito de embarcações para a Austrália, e as perspectivas de mineração e exploração de petróleo em alto mar.
O anuncio dos planos (Veja a proposta) – agora confirmados – da Nova Caledônia já havia sido feito durante o 43° encontro do Fórum das Ilhas do Pacífico, em agosto do ano passado em Rarotonga, Ilhas Cook.
A iniciativa faz parte do Pacific Oceanscape Framework, uma parceria entre os países insulares da região que visa proteger, gerenciar, e sustentar a integridade cultural e natural em uma área equivalente a 10% da superfície do oceano.
Os dezesseis países participantes da iniciativa, idealizada pelo presidente de Kiribati em 2009 com apoio da CI, se comprometeram em criar a maior rede de AMPs da Terra.
Assim, a CI também tem trabalhado com as Ilhas Cook e Kiribati na criação de AMPs de grandes proporções. No caso das Ilhas Cook, cerca de 1,2 milhões de km2 devem ser protegidos. Já em Kiribati, a Área Protegida das Ilhas Phoenix, criada em 2008 – a maior AMP do mundo na época -, abrange um dos últimos ecossistemas coralíneos intocados do mundo.
“A Nova Caledônia quer cumprir o seu papel neste processo de engajamento internacional, regional e local pela gestão sustentável dos nossos oceanos”, disse o porta-voz do governo em nome do presidente Harold Martin no encontro do Fórum das Ilhas do Pacífico no ano passado.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)