As moas eram um grupo diverso de aves que não voavam, mas dominavam a Nova Zelândia até a chegada dos humanos. A maior delas alcançava cerca de 3,5 metros de altura com o pescoço esticado. Apesar de toda a família das moas – com nove espécies – ter desaparecido logo após a chegada das pessoas no século 13 na Nova Zelândia, há muito tempo cientistas vêm debatendo por que essas aves enormes foram extintas.
Algumas teorias apontavam que as aves já estavam em declínio devido a mudanças ambientais e atividades vulcânicas antes dos humanos pisarem nas praias neozelandesas. Mas um estudo lançado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) revela que não há evidências desse declínio, e aponta diretamente para nós.
Para encontrar o culpado, cientistas analisaram duas séries diferentes de DNA proveniente de 281 indivíduos de quatro espécies: Dinornis robustus, o maior da família; Pachyornis elephantopus; Emeus crassus; e Euryapteryx curtus. Ao invés de mostrar um declínio genético lento, o DNA contou uma história diferente: as moas estavam muito bem quando os humanos chegaram.
“O milênio precedente à extinção foi caracterizado por um grau notável de estabilidade genética em todas as espécies”, escreveram os pesquisadores, liderados por Morten Allentoft, da Universidade de Copenhague, no artigo.
De fato, Allentoft e sua equipe descobriram que algumas populações estavam crescendo até o seu fim. E o fim veio rápido; tão rápido, na verdade, que não deixou marcas genéticas nas quatro espécies, como geralmente ocorre. Apenas um século ou dois após a chegada dos humanos na Nova Zelândia, todas as nove espécies de moa tinham desaparecido. Os cientistas chamam isso da “a extinção facilitada pelos humanos mais rápida e bem documentada até agora”.
Esses resultados contam uma história muito diferente do que um outro estudo de DNA, feito em 2004, que indicava que as aves gigantes poderiam já estar na UTI antes de os humanos darem o golpe final. Mas essa pesquisa foi baseada “em dados limitados de DNA mitocondrial (mtDNA)”, segundo o novo estudo.
Agora, Allentoft e sua equipe combinaram o mtDNA com outro tipo de análise genética – genotipagem nuclear por microssatélites –, que forneceu uma visão mais ampla das tendências populacionais.
Isso foi combinado com descobertas arqueológicas, que revelaram montes de aves mortas junto com seus ovos. Assim como muitos animais insulares que encontraram humanos, as moas provavelmente não tinham medo, facilitando a aproximação e a sua morte.
“Podemos ver amontoados de ossos das aves em sítios arqueológicos”, disse Allentoft para a Science News. “Se as aves foram caçadas em todos os seus estágios da vida, nunca tiveram chance.”
O infortúnio das moas levou outra espécie junto, o seu único predador: a águia de haast (Harpagornis moorei). Um predador enorme, a águia provavelmente era uma das aves de rapina mais pesadas do mundo, mesmo com a sua envergadura da asa sendo similar a muitas outras águias grandes. Os cientistas teorizam que a ela desapareceu rapidamente uma vez que os humanos caçaram a sua presa até sumir.
Apesar de a rápida extinção de nove espécies de aves gigantes e uma grande ave de rapina parecer chocante, o declínio e supressão das moas podem ser vistos como um episódio inicial de uma crise de extinção.
Muitos cientistas acreditam que a Terra está no meio de uma extinção em massa – a sexta desde que a vida surgiu – diretamente ligada a uma série de atividades humanas, como o desmatamento, destruição de habitats, mudanças climáticas, acidificação dos oceanos, poluição, e, como no caso das moas, superexploração.
* Traduzido por Fernanda B. Muller
** Publicado originalmente no site Mongabay e retirado do site CarbonoBrasil.
(Mongabay)