Foto: Armando Lodi
O mar Morto está, literalmente, morrendo. Caso mantenha o ritmo de evaporação que o fez perder 27 metros desde 1962, o lago já tem até data prevista para ser gravada na lápide: 2050. Para tentar frear o processo de extinção – conhecido pela sua elevada concentração de magnésio, cálcio, potássio e bromo, onde somente bactérias conseguem sobreviver -, os três povos banhados pelo mar (Israel, Jordânia e a Autoridade Palestina) assinaram na segunda-feira, 9 de dezembro, um acordo de construção de um duto para transpor água do mar Vermelho para o mar Morto.
A ideia é extrair anualmente até 200 milhões de metros cúbicos de água do mar Vermelho, que passará por uma rede de tubulações instalada na Jordânia. Desses, 80 milhões serão dessalinizados, a fim de fornecer água potável para a Jordânia e o sul de Israel. O restante, junto aos resíduos da dessalinização, será despejado no mar Morto, visando evitar sua extinção.
Desde 2005, o Banco Mundial analisa o projeto, cuja viabilidade foi testada em 2012, estimando um custo final de 22,9 bilhões de reais.
Ambientalistas, contudo, acusam o acordo de cooperação de ser meramente político, sem impacto efetivo na preservação do lago. “Os estudos preliminares demonstram que, ao misturar a água do mar Vermelho com a do mar Morto, seriam produzidos depósitos de gesso. A qualidade e composição química da água de ambos os corpos é diferente. Existe o risco de que se crie uma crosta de gesso flutuante. Isso significaria matar duas vezes o mar Morto”, afirmou ao El País Marcelo Sternberg, professor do departamento de biologia molecular e ecologia vegetal da Universidade de Tel Aviv.
* Publicado originalmente no site EcoD.