Varsóvia, Polônia – Passada mais de uma semana do início da COP19, os trabalhos começam a tomar forma e direção mais precisa.
Também devido à tragédia que as Filipinas estão vivendo, um dos temais mais discutidos é o assim chamado “Loss and Damage” (L&D), expressão usada para definir todas as ações para intervir e auxiliar os países em via de desenvolvimento dos danos causados pela mudança climática, ressarcindo-os caso sofram seus efeitos.
Durante a COP18 em Doha, as Partes reconheceram a necessidade de definição de formas sistêmicas para enfrentar o L&D, bem como a importância do papel da UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática) no tratamento do tema.
Neste 15 de novembro, “ActionAid International”, “Care International” e “WWF international” apresentaram na Conferência seu quarto relatório “Tackling the climate reality: a framework for establishing an international mechanism to address loss and damage at COP19”, que coloca bastante em evidência a criticidade do momento.
Os eventos catastróficos aumentam sempre mais as consequências são dramáticas para as comunidades vulneráveis, que não conseguem colocar em andamento estratégias de adaptação adequadas. “De fato, criou-se umaadaptation-gap por culpa também dos países desenvolvidos, que não oferecem pleno suporte financeiro e tecnológico” – sustenta o representante da WWF International, Sandeep Chamling Rai. – “E muitas vezes, mesmo em relação àquilo que se pode realizar, existe um limite de adaptação das comunidades”. Sobre essas constatações, se baseia a ideia de constituir um fundo internacional de auxílio às comunidades e países mais vulneráveis.
Os problemas ligados a essa proposta, porém, são muitos e de difícil solução, partindo de como se definiriam e calculariam quantitativamente os danos e riscos até como se deve contribuir financeiramente a esse fundo de emergência.
A partida agora está sendo jogada entre as entidades do fundo e o aparato institucional. Sven Harmeling, representante da CARE international, reiterou o quanto este processo é complexo, explicando que, na mesa de negociações, estão se delineando duas facções: uma flexível e disponível à negociação (G77 e China, EU, Brasil) e e outra fechada em em posições rígidas e fortemente contrárias (como a Austrália e o Japão).
Ainda são muitas as interrogações a respeito deste possível fundo: quais serão os métodos de gestão dos financiamentos? Prevalecerá a lógica econômica ou humanitária? Que tipo e quais instituições o coordenarão? Não se correrá talvez o risco de que fique somente no papel (como aconteceu com outros fundos, como o Green Clime Fund)?
Muitos são os pontos cegos da questão, assim como muitas as dúvidas e esperanças. Existe somente uma certeza, como disse Harjeet Singh, da ActionAid International: “we have to act now and here” – “temos que agir aqui e agora”. Do contrário, para muitos, será realmente tarde demais.
* Giovanni Cunico e Daniele Saguto são repórteres da Agência Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração Educomunicação, que pretende levar propostas da juventude para serem contempladas pelos negociadores brasileiros durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP19).
** Para acompanhar a cobertura jovem da COP19 acesse também: www.agenciajovem.org e www.redmasvos.org. Os conteúdos serão produzidos em português, espanhol e italiano.
(Agência Jovem de Notícias)