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O representante da FAO/ONU, Gustavo Chianca, trouxe para o painel 2 do V Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental dados importantes divulgados pelo organismo internacional sobre o desperdício de alimentos no mundo. O relatório afirma que 842 milhões de pessoas passam fome enquanto 1,3 bilhões de toneladas de alimentos vão para o lixo. O mapa do desperdício aponta a perda em cadeia da produção, a partir da colheita, passando pelo armazenamento, transporte, processamento, até o consumidor final.
Relatório, divulgado este mês, apresenta o monitoramento da insegurança alimentar no mundo, onde se destacam países de África e da Ásia. Chianca destacou que o desafio do milênio é reduzir em 50% a fome no mundo e enumerou as diversas causas que contribuem para esse quadro, tais como escassez de água, mudanças climáticas, crescimento das demandas dos países emergentes, urbanização, perda de biodiversidade, entre outros.
Como lição extraída de todas essas constatações o representante da FAO alertou para a necessidade de combate à pobreza, investimentos, apoio à agricultura familiar, cooperativismo, pesquisa, inovação e novo quadro institucional. Ele Acrescentou que a governança da posse da terra é essencial para o desenvolvimento sustentável.
Pegada — Fabrício Campos – da Global Footprint Network –, apresentou o tema “Equilíbrio entre produção e conservação”. Abordou a pegada ecológica brasileira e a necessidade de usar os recursos renováveis disponíveis, agricultura, pastagens, estoques pesqueiros, infraestrutura urbana e os serviços ecológicos.
Campos comparou os hábitos alimentares de seis famílias em países de costumes distintos, mostrando como a educação alimentar pode contribuir para diminuir o consumo do capital original do planeta. “Estamos danificando o sistema na medida em que gastamos mais do temos de reserva”, alertou.Para ele, o problema não é tecnológico mas, social e político.
Na mesma linha, André Lima, pesquisador do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) propôs uma reflexão sobre o debate entre a política ambiental X economia X política agrícola. “Hoje a política agrícola está mais voltada para o PIB, e Balança Comercial e é ditada para quem tem capital”, sentenciou André.
“Não temos orientação de planejamento voltada para a segurança alimentar. O Brasil investe mais de R$ 100 bilhões no seu Plano de Safra, sendo que menos de 25% são destinados à agricultura familiar que é responsável por 70% da produção do alimento que vai para a mesa dos brasileiros” destacou o pesquisador.
O último participante, Daniel Vieira, da Embrapa, abordou o tema “Tecnologias locais de conservação e restauração da agrobiodiversidade”. Ele informou que aquela empresa vem realizando pesquisas na região do semiárido, no sentido de desvendar e dar visibilidade aos agricultores que fazem conservação da natureza.
Vieira abordou a lógica da cadeia da restauração e a questão de empoderamento, que, segundo ele, possibilita criação da consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política. Acredita que o conceito de restauração está distorcido. “Devemos olhar os memes e os paradigmas com cuidado”, alertou.
* Helena Azeredo é estudante de jornalismo no UniCeub.
** O V Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental foi realizado em Brasília, de 17 a 19 de outubro de 2013. Veja a cobertura completa no Facebook e na página oficial do congresso.