James Hansen alerta para os riscos climáticos de explorar o petróleo das areias betuminosas e o gás de xisto

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Exploração de petróleo nas areias betuminosas canadenses. Foto: Greenpeace

Os Estados Unidos estão atravessando um boom no uso do gás natural de xisto, tecnologia que já começa a ser promovida também no Brasil apesar de suas consequências incertas para os lençóis freáticos e para o aquecimento global. Além disso, a discussão mais acalorada nos EUA atualmente é a construção do oleoduto Keystone XL, que se estenderá por milhares de quilômetros para escoar a produção de petróleo das areias betuminosas canadenses.

Em uma palestra no Reino Unido, James Hansen, um dos mais renomados climatologistas norte-americanos e que acaba de deixar a NASA para se dedicar ao ativismo climático, afirmou que se o oleoduto for construído e a exploração do petróleo das areias betuminosas e do gás de xisto continuarem crescendo na América do Norte, podemos dar adeus às chances de evitar as piores consequências das mudanças climáticas.
“As reservas convencionais de combustíveis fósseis já possuem uma quantidade tão grande de carbono armazenado que não é seguro utilizá-las sem que as temperaturas médias subam mais de 2ºC. Se somarmos a isso as novas reservas alternativas que estão sendo exploradas, o problema climático não terá solução”, afirmou Hansen.
Para o pesquisador, não existem dúvidas de que o aquecimento do planeta é resultado das emissões de gases do efeito estufa resultantes das atividades humanas.
“A mensagem da ciência não podia ser mais clara: não podemos investir para buscar mais combustíveis fósseis. Essas novas reservas alternativas são ainda mais intensivas em carbono do que as convencionais”, disse.
As declarações do pesquisador ganham peso depois dos resultados apresentados nesta quinta-feira (16) por um levantamento que analisou quase 12 mil artigos científicos entre 1991 e 2011 e concluiu que 97,1% dos estudos apontam as ações humanas como a principal causa do aquecimento global.
Hansen defende que uma taxa sobre as emissões é melhor do que os mercados de carbono para lidar com a crise climática.
“Eu sou da opinião de que é necessário colocar um preço sobre o carbono, porque a comunidade empresarial e os consumidores precisam entender que o custo está crescendo continuamente. Em um sistema de limite e comércio de emissões [cap-and-trade], o preço flutua conforme uma série de fatores […] Não queremos um mercado flutuante. Queremos que todos entendam que explorar os combustíveis fósseis ficará cada vez mais caro e que, por isso, precisam planejar suas decisões”, afirmou Hansen ao portal EurActiv em uma excelente entrevista que pode ser lida aqui.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil) 

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