Mara Bacellar no palco do Hotel Nacional do Rio de Janeiro-RJ, logo apos ser chamada a semifinal no Miss Estado do Rio de Janeiro 1976
A macaense Mara Bacellar Olive brilhou em cenário municipal, ao ser consagrada na década de 1970 em Macaé, como miss. Tudo começou em 1975, ano que foi marcado na cidade de Macaé, já que acontecia no dia 15 de março, a fusão do Estado da Guanabara ào Estado do Rio, unificando o Estado do Rio de Janeiro.
Mara Bacellar sendo a primeira miss a ser chamada para a semifinal no Miss Estado do Rio de Janeiro 1976
Macaé então mudava de estado, já que o antigo tornou-se extinto e passava então a pertencer à outro, cuja capital não era mais Niterói e sim a cidade do Rio de Janeiro. Para variar, o tal ano da criação do novo estado fluminense, 1975 foi marcado mundialmente pelo feminismo fundamentalista e que criticava duramente os desfiles de misses, quase estragando inclusive a eleição de Miss Universo realizado em 19 de julho, em San Salvador, El Salvador. Com todas as mudanças e inovações daquele ano, os desfiles de misses não poderiam passar despercebidos, muito menos nas cidades fluminenses do (novo) estado do Rio de Janeiro, tampouco em Macaé.
Mara Bacellar nos fins da decada de 1970
Deixando de lado as discussões, Mara brilhou como miss. Tudo aconteceu assim meio que de repente na vida da adolescente de 16 anos, que não se imaginava desfilando numa passarela, nem ambicionava tal vaidade. Mas o destino assim o quis, pois ela foi uma das mais marcantes misses de Macaé. A trajetória de Mara como miss começou quando ela foi convidada à ser indicada como a Miss Ypiranga Futebol Clube 1975, para ter a tarefa de representar o clube macaense no desfile de beleza da cidade. A princípio, Mara não queria, pois não se identificava com o mundo das passarelas e da beleza. Mas depois de analisar os fatos, resolveu aceitar o convite, encarando aquilo como algo esportivo por somente um dia.
Sobre o evento do Miss Macaé 1975, o desfile contou com mais de vinte candidatas macaenses, representativas de clubes, colégios e demais entidades e instituições municipais. O evento foi realizado no Ypiranga Futebol Clube. O corpo de jurados foi formado por personalidades que vieram da nova capital do estado à Macaé, para julgarem as candidatas. O júri tinha a tarefa de escolher a representante macaense no 1º Concurso Miss Estado do Rio de Janeiro, que iria se realizar no dia 15 de junho de 1975 no Hotel Nacional do Rio de Janeiro-RJ. Acontecendo o desfile, haviam duas candidatas que chamaram muita atenção: A Miss Fluminense Futebol Clube, a morena Nilcéa Vieira Carvalhaes, e a Miss Ypiranga Futebol Clube, a loira Mara Bacellar Olive. Mara e Nilcéa já se conheciam antes, e tinham ótimo entrosamento, assim como o é até hoje. Ambas nunca tiveram rivalidades por terem desfilado juntas naquele evento, como concorrentes. Mara não queria vencer de jeito nenhum e torcia por Nilcéa. "Não era a minha vocação, esse negócio de miss. Eu era uma garota simples, que não me interessava pelo mundo de passarela. E achava Nilcéa uma moça lindíssima, e queria que ela vencesse, pois achava que ela tinha condições de abiscoitar a vitória. Estava o tempo todo achando que ela fosse a escolhida pelo júri", explica Mara. No resultado final, foram escolhidas as 5 finalistas. A beleza loira de olhos verdes de Mara fez contraponto com a beleza morena de olhos negros de Nilcéa. A competição terminou com Nilcéa ficando em 2º lugar, perdendo para Mara, que venceu. A vitória não encheu os olhos verdes de Mara de felicidades, pois seu universo não era aquele e ela não queria ir representar Macaé na disputa estadual. "Minha praia não era essa, minha praia era a da Imbetiba (praia no balneário do litoral macaense)", explica.
Porém, em 1975 ocorreu um fato interessante na cidade de Macaé: A eleita (Mara) não pôde representar a cidade por ser menor de idade. O concurso sempre exigiu que a candidata tenha entre 18 à 25 anos. Mara, porém, tinha apenas 16. "Eu era menor de idade e não queria ganhar, estava ali de brincadeira e torcendo por Nilcéa, e não queria saber de competição nenhuma no Hotel Nacional" diz Mara, acrescentando que nasceu em 1º de dezembro de 1958, e que estava realmente com 16 anos, e só poderia ser miss dois anos depois. Por conseqüência, a moça indicada na cidade para ser a representante no concurso do estado foi realmente a 2ª colocada, Nilcéa Vieira Carvalhaes, representante do clube do Fluminense. Nilcéa automaticamente foi coroada como Miss Macaé 1975, e por sinal, fez muito sucesso no Hotel Nacional e tirou 3º lugar, concorrendo com mais de 50 candidatas, o maior número de concorrentes da história do Miss Estado do Rio de Janeiro, até 2010.
Mara Bacellar e os filhos Pedro e Carol em inicio dos anos de 1980
Mara, ao ver o sucesso de Nilcéa no Hotel Nacional, pensou que estava livre de qualquer compromisso como miss, até mesmo porque isso não era algo que estava dentro dela, muito pelo contrário. Por mais que ela, como candidata, assinou um contrato, que dizia que a eleita seria obrigada a representar a cidade no certame estadual, ela achou que essa obrigação seria só naquele ano, e que este foi representado pela Nilcéa. Ledo engano de Mara, pois no ano seguinte, uma comissão de pessoas da organização do Miss Macaé, foi até a sua casa e a convocou à ser indicada à Miss Macaé 1976, e representar a cidade na disputa que iría ser no dia 30 de maio, e também no Hotel Nacional-RJ. Isso, porque era norma do contrato. Ela, que estava jogando futebol com amigos, disse aos organizadores que jamais iría, até mesmo porque ainda era menor de idade, com dezessete anos naquele momento, além de estar noiva, prestes e se casar. Mas a comissão a explicou que tendo tal idade de 17, ela poderia participar - mesmo sendo oficialmente proibido -, já que estava com quase 18 anos. Mara não viu outra alternativa, e resolveu tirar proveito positivo da situação, e viajou para o Rio de Janeiro-RJ para concorrer, e foi feliz da vida, irradiando sua felicidade, pois nessa situação não iria adiantar nada ela se entristecer e se revoltar, caso contrário, só pioraria a situação que teria de enfrentar.
Mara Bacellar Olive em dezembro de 2008 ao completar 50 anos
No Miss Estado do Rio de Janeiro 1976, Mara desfilou com outras 28 candidatas municipais fluminenses, sendo uma das grandes favoritas à vencer, mas a ela só deram um lugar nas semifinais, de acordo com os registros oficiais do Miss Estado do Rio de Janeiro daquele ano. Talvez a idade de ainda 17 anos tenha atrapalhado a sua vitória, mas ela não se importou e viu o lado bom de participar daquele espetáculo, além de ter sido uma experiência única em sua vida. Os registros apontam que a vencedora foi a candidata da Cidade do Rio de Janeiro, Vionete Revoredo Fonseca, que tirou 2º lugar no Miss Brasil 1976, ganhando representação ao exterior no concurso "Miss Beleza Internacional 1976", e nesse espetáculo, ficando em 2ª colocação também. "Não queria vencer, mas pelo o que me lembro vagamente, eu tinha ficado entre as 5 primeiras colocadas, e achava a candidata de Araruama lindíssima, e penso que a vencedora foi uma menina de Nova Friburgo, mas que estava representando Niterói", diz Mara. Talvez por Mara não ter se importado nem um pouco em ter sido "apenas" semifinalista - mesmo sendo grande preferida do público - e por ela realmente não se identificar com esse universo de misses, é provável que tenha se esquecido desses detalhes de qual foi a sua pontuação, e de quem foi a vencedora e as misses favoritas. Mas ela marcou com sua participação macaense no concurso de beleza estadual fluminense de 1976. No estudo geral das misses (missologia), Mara faz sucesso, sendo considerada uma das belas misses de Macaé de todos os tempos. Depois de cumprir os seus compromissos como miss, ela casou-se e seu nome de casada é: Mara Bacellar Olive de Almeida Pereira. Depois de casada, teve um casal de filhos e hoje tem até neta.
Devido ao fato de Mara Bacellar Olive ter representado a cidade em 1976 e Nilcéa Vieira Carvalhaes ter feito a sua participação estadual no ano de 1975, de acordo com o histórico oficial do Miss Estado do Rio de Janeiro e em Macaé de modo geral, Mara é a Miss Macaé 1976, e Nilcéa, a Miss Macaé 1975. E assim sendo, elas estão na lista de anunciadas às Misses de Macaé desses anos.
Alguns anos depois, em 1979, Mara viu a sua prima Judith Maria Pessanha Bacellar ser eleita Miss Macaé e podendo representar o município no certame estadual daquele ano, também no Hotel Nacional do Rio de Janeiro-RJ. Mas Judith Maria ao contrário da prima Mara, não conseguiu figurar entre as misses semifinalistas nesse evento, tendo sido injustiçada por isso com certeza.
Falando sobre Mara de um modo geral, ela é elogiada pelas pessoas, sempre referida como boa gente. E alguns de seus parentes criaram uma comunidade virtual em rede social de Internet, em sua homenagem, entitulada "Nós Amamos a Tia Mara!" Em seus depoimentos, os moderadores dizem mais ou menos assim: "Ela é pessoa de respeito, super mãe, amiga, companheira, linda em tudo. Nunca percam o respeito com ela!!!"
E nesse mês de dezembro, faço essa homenagem nesta página, à essa graciosa macaense, levando em consideração, além do natal e reveillon - essas típicas festas de fim de ano - uma outra importante dádiva em sua vida particular nesse mês, pois no dia 1º, ela comemorou seu 52º aniversário em companhia da família, que a presenteou com uma festa surpresa, em sua residência atual, no município de Rio das Ostras, cidade-vizinha à Macaé, sua terra natal. E que você tenha Mara, um ótimo natal e reveillon, e próspero ano novo de 2011, desfrutando de alegrias, saúde e paz.
- Raphael Guedes Marinho