Esse foi o percurso que os pesquisadores do projeto Macaé Rio Sustentável fizeram para chegar ao seu destino final: a Fazenda Verdun, localizada no final da estrada de Macaé de Cima, sendo a última e a maior propriedade particular de Macaé de Cima. Verdun abriga a cabeceira do rio Macaé que nasce em meio a uma floresta densa numa área montanhosa a cerca de 1.200 metros de altitude. O acesso até a nascente do rio Macaé se dá a partir de lá e só tem como ser feito por dentro do rio e com auxílio de quem conhece as trilhas da região.
Para isso, o grupo precisou do auxílio de Paulo César e Maurício, nascidos e criados em Macaé de Cima. A caminhada durou três horas de subida por dentro do rio, mas proporcionou belas paisagens de onde a natureza ainda se apresenta intacta. Na margem, enormes palmeiras, como o palmito jussara, que chega a ter 30 metros, e está extinto em outras área de floresta da mata atlântica. Hoje, sua extração é proibida, o que garante que em Macaé de Cima a espécie cresça e domine a paisagem. Paulo César conta que essa região nunca foi desmatada, por ser de difícil acesso, mas havia caça, atividade que hoje já não é mais tão intensa devido a fiscalização.
A equipe cruzou o ponto onde o Macaé recebe o rio Corcovado, que forma a Cachoeira da Prata, como chamam os moradores. Este rio nasce ali perto, no Pico do Faraó, a cerca de 1600 metros. A partir daí, pôde ver um rio estreito, raso e com água cristalina e bem fria, e coberto pela vegetação que se tornava cada vez mais densa e fechada. “O clima se torna ameno a medida em que o corpo esquenta com a caminhada. Afinal, aqui estamos em contato total com a natureza e toda a sua energia renovadora, o que faz esquecer das dificuldades de caminhar por dentro da água e sobre pedras, muitas escorregadias”, falou o coordenador do projeto João Freitas.
Ele explicou que a caminhada serviu para que os pesquisadores concluíssem a Expedição Científica Macaé Rio do Futuro, patrocinada pela Petrobras Ambiental. Iniciada em outubro do ano passado, a expedição só não foi concluída na época, pois a equipe não conseguiu chegar até essa região da nascente devido às condições do tempo. “Identificamos que há um campo de nascentes nessa região importantíssima sob o ponto de vista social e ambiental”, falou João.
A expedição foi realizada durante dez dias, quando pesquisadores foram a campo para coletar amostra de água e mata ciliar, fazer medições e entrevistas com as comunidades, no final de outubro. Esse trabalho está resultando na elaboração de um livro, filme, relatórios técnicos e um mapa georreferenciado, que já estão em fase de finalização.