De manhã, os escoteiros interagiram com brincadeiras que desenvolveram o espírito de equipe, contação de histórias e lendas indígenas, trabalhos recreativos, além de sorteio de brindes. Após um rápido lanche, eles participaram da inauguração do Bosque do Caminho, com o plantio de mudas de mata atlântica para recuperar uma área degradada na região. O bosque está sendo desenvolvido pela Casa do Caminho, com a parceira do jornal O Debate, que está plantando 330 mudas no local para neutralizar 50T de carbono referente às suas atividades.
Em seguida, eles tiveram a oportunidade de trocar informações sobre o rio Macaé, um importante manancial de abastecimento de vários municípios da região. O biólogo Leonardo Freitas, do Projeto Macaé Rio Sustentável, prendeu a atenção dos escoteiros ao falar sobre a expedição realizada no rio Macaé, que percorreu o manancial da nascente até a sua foz, avaliando a flora ao longo de seu curso, as condições da água, bem como a relação das comunidades que se estabeleceram as suas margens.
Leonardo contou que com o patrocínio da Petrobras Ambiental, um grupo de pesquisadores percorreu durante dez dias os 136 km do rio Macaé e reuniu várias informações sobre este manancial fundamental para o desenvolvimento de Macaé e região. “Na parte mais alta do rio Macaé, encontramos várias espécies da flora raras, endêmicas e em extinção. No primeiro dia da expedição, chegamos a percorrer um grande trecho da trilha que leva até a nascente do rio, onde a paisagem em nada lembra a sua foz, que hoje encontra-se completamente poluída, principalmente por causa do esgoto que recebe da cidade”, falou.
Já no médio curso, o biólogo alertou para o acelerado processo de assoreamento que o rio vem sofrendo, já que perdeu praticamente toda sua mata ciliar e seu entorno é composto por grandes pastagens. “Mas, é chegando a foz que os problemas se tornam muito graves. Tivemos a retificação de um grande trecho do rio, o que aumenta a vazão da água, o processo de erosão das margens e, consequentemente, a redução do seu nível. Além disso, a retificação também reduz a diversidade do ambiente e das espécies marinhas que habitam a região”, alertou.
Leonardo ainda chamou a atenção para a redução do manguezal, considerado um berçário natural para muitas espécies de peixes e crustáceos, que buscam alimento e proteção nas áreas de mangue. “Os peixes de água doce descem o rio e os de água salgada sobem até o mangue para depositarem os óvulos. Lá eles encontram abrigo e muito nutriente para a alimentação”, falou Leonardo, ressaltando que a destruição do manguezal tem impacto direto na pesca.
Durante a palestra, os escoteiros interagiram com Leonardo, levantando questionamentos sobre a preservação do rio Macaé, o estado em que ele se encontra e as ações que podem ser desenvolvidas para sua recuperação. “Apesar dos impactos que observamos durante a expedição, percebemos que o rio Macaé ainda tem grandes chances de recuperação. Para isso é preciso que todos nós pensemos em ações para termos o rio que todos queremos”, alertou o biólogo.