Juventude lança manifesto durante sessão comemorativa a Dom Hélder

Rosas com laços pretos e um discurso incisivo contra a violência aos jovens marcaram a sessão comemorativa ao centenário de nascimento de Dom Hélder Câmara, ocorrida na última segunda-feira (21/12), no Legislativo de Macaé. Coordenadores da Pastoral da Juventude da região distribuíram aos componentes da mesa do plenário e à platéia flores com os dizeres “a juventude quer viver”, lembrando homicídios – inclusive cometidos pelas autoridades policiais – contra crianças e adolescentes no Brasil. Momentos emocionantes arrancaram lágrimas do plenário desde a exibição do filme “O Santo Rebelde” até as falas e homenagens na sessão comemorativa. 
“Lançamos o manifesto, que está sendo feito em todo o País, para reforçar a luta pelos direitos humanos” , explica o coordenador da Pastoral da Juventude na região, Magnum de Castro. “E não teria momento melhor para falar sobre direitos humanos do que numa sessão comemorativa a Dom Hélder Câmara, um dos maiores guerreiros das causas sociais do Brasil”, completa ele. O evento no plenário do Legislativo foi presidido pelo vereador Danilo Funke (PT), que propôs a sessão – fechando assim, com a cidade de Macaé, a lista de municípios brasileiros que se voltaram em 2009 para a lembrança dos cem anos de nascimento do “Arcebispo Vermelho”.
Durante o evento, foi entregue título de Cidadania Macaense aos padres Mauro Nunes e Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça – o primeiro representando a paróquia São Paulo Apóstolo e o segundo como coordenador do Conselho Vicarial de Pastorais. “Este título aumenta a responsabilidade pelo nosso trabalho junto às comunidades de Macaé”, garante padre Mauro Nunes. Durante a sessão, o padre Luiz Cláudio de Mendonça leu um poema de sua autoria em homenagem ao Dom Hélder Câmara junto aos demais participantes do evento.
“Registro aqui a ousadia desta homenagem”, reflete o representante das pastorais sociais de Rio das Ostras, Rene Dutra, convidado a participar da sessão. Os outros convidados foram Gilberto Santos do Movimento de Fé e Política e Marcel Silvano da Pastoral da Juventude.  René, em sua fala, se refere, principalmente, ao posicionamento que Dom Hélder Câmara adotou junto à fé e à política nacional – principalmente na década de 70, contra a ditadura militar. Câmara, que morreu há dez anos, foi indicado por três vezes ao Prêmio Nobel da Paz e só não o recebeu em função da posição do governo brasileiro – que, com forte pressão, impediu a divulgação do vencedor. Em 1972, ninguém ganhou esta categoria da honraria.
“Acreditamos e lutamos por um mundo que Dom Hélder buscou conquistar, de paz e justiça”, expõe Danilo Funke. “Propomos esta sessão comemorativa no Legislativo exatamente para lembrar a luta pelos direitos humanos e a opção de abraçar as causas do povo”, completa o petista. O evento da noite da última segunda-feira ainda contou com a participação de padres e cristãos de outras cidades do Norte Fluminense, além de Macaé. Antes da sessão, foi exibido o documentário “O Santo Rebelde, sobre a trajetória de Dom Hélder Câmara.

Bispo fundador da diocese de Friburgo faz homenagem por telefone
Dom Clemente Isnard, atualmente com 92 anos, é sempre acolhido com muito carinho pelo povo macaense e dos municípios que hoje compõem a Diocese de Nova Friburgo. Desde 1960, quando fundou a Diocese. Ele ajudou na construção das paróquias, comunidades e pastorais. Circulava pelas cidades, escolas e, dava atenção especial ao leigos durante os 33 anos que esteve a frente da Igreja da região.
O bispo, que era amigo próximo de Dom Hélder Câmara, está em Recife, onde participa de comemorações e homenagens ao centenário do “Dom da Paz”. Por telefone, Dom Clemente deixou sua mensagem e elogiou a homenagem. “Macaé hoje faz uma justa homenagem a um homem que merece nossas lembranças. Um exemplo de padre, de cristão e de cidadão”, declarou ao plenário.
"Os 33 anos que passei como primeiro bispo de Nova Friburgo foram um esplendor”, recordou Dom Clemente. “Não que não houvesse passado momentos de angústias e sofrimentos, mas anos em que descobri o povo de Deus especialmente nas chamadas capelas rurais, nas povoações do interior, na simplicidade da gente da roça. Na pobreza do chamado palácio episcopal, recebendo durante o período revolucionário pessoas perseguidas pela polícia, hospedando no palácio pobres da rua, recebendo em audiência todo mundo, ricos e pobres. Mas estes especialmente".
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