Foi num clima caribenho, com músicas cubanas, bandeira do país e de Che Guevara, que membros da comitiva municipal, coordenada pela vice-prefeita e secretária de educação Marilena Garcia (PT) deram início a apresentação dos projetos a serem praticados no município após uma semana do grupo em Cuba. Dentre as metas expostas na Cidade Universitária, o método de alfabetização cubano “Yo si puedo”, proposto pelo gestor da ORJURE, Igor Sardinha, para que este fosse implantado em Macaé tornou-se destaque na discussão. Marilena expôs aos participantes da reunião que será feito um censo para mapear e quantificar o analfabetismo em Macaé.
Para colocar em prática idéias cubanas defendidas pela ORJURE e por membros da comitiva, como o programa de alfabetização para jovens e adultos é necessário que se quantifique e mapeie a realidade social do município, como o número de habitantes que não sabem ler e escrever. Aproveitando o trabalho social desenvolvido pelo governo cubano, Marilena Garcia expôs a importância de aproveitar a função social do agente comunitário de saúde para recolher dados mais concretos da realidade social do município.
Em suas abordagens nas casas, estes agentes deverão fazer algumas perguntas para que o município tenha dados sobre a necessidade da alfabetização em determinados bairros. “é um censo para começar a montar o projeto. Devemos colocá-lo em prática no segundo semestre de 2009”. Considerado como um dos sistemas de alfabetização mais bem sucedidos em todo o mundo, o método chamado de “Yo sí puedo” já alfabetizou mais de 3 milhões de pessoas em 28 países. Premiado pela ONU, o método consegue alfabetizar o cidadão em cerca de 68 dias. A metodologia é baseada na linguagem audiovisual e cada ponto de alfabetização recebe uma televisão, um reprodutor de vídeo, um jogo de 17 fitas contendo 65 teleaulas e uma cartilha de cada aula com exercícios. O método tem como característica principal partir do que é conhecido pelos estudantes, que são os números, para entrar no que é desconhecido, que são as letras. Isso faz com quem eles não esqueçam as letras.
Segundo Igor Sardinha, o município vive um importante momento de sua história, já que poderá trazer benefícios sociais desenvolvidos em Cuba que se tornaram modelos para todo o mundo. “Macaé poderá ser um símbolo da erradicação do analfabetismo e do respeito aos menos favorecidos em nosso Estado, utilizando-nos da experiência adquirida com o intercâmbio com Cuba. Trabalharemos de forma incessante para que os benefícios sociais cheguem a quem realmente precisa”.
Participaram da reunião de prestação de contas na Cidade Universitária além da Vice-Prefeita e do conselheiro gestor da ORJURE, o subsecretário de saúde, Edilson Simões e a subsecretária de Políticas para a Mulher, Vânia Deveza. Outros dois secretários e o prefeito Riverton (PMDB), por parte do Executivo não compareceram. Os representantes do Legislativo, que acompanharam a comitiva, também não se fizeram presentes. “Viajar com dinheiro público é uma extrema responsabilidade. É dever dos representantes do povo prestar contas do que foi feito. Tem quem volte de viagens com esses objetivos e não prestem”, resume a vice-prefeita.
Além da alfabetização de jovens e adultos, outras metas foram propostas na reunião. Dentre elas estão a visita dos brasileiros estudantes de medicina em Cuba a Macaé em julho, capacitação do agente comunitário de saúde para adequar a prática ao modelo cubano de agente social de saúde, intercâmbio de três professores cubanos na área de Educação Física para avaliação do potencial macaense, implantação da Casa de Orientação a Mulher e a Família, etc.
Após a exposição de imagens e explicação sobre o roteiro da viagem, a discussão foi aberta a todos os participantes da reunião. A professora de Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marília Salles, considerou fundamental a prestação de contas e o intercâmbio. “Cuba construiu o conhecimento e compartilhou com a sociedade. Nós não democratizamos o conhecimento e concentramos o saber. Cuba é inclusiva, esta é a principal diferença”, salientou a professora. Igor Sardinha aproveitou a fala da professora para ressaltar a importância da conscientização social e política da sociedade cubana. “Mesmo antes da Revolução de 1959, os revolucionários já alfabetizavam e munia a população de cultura, educação, etc. A maior arma da revolução foi democratizar o saber. Cuba mostrou a todos nós que é possível construirmos uma sociedade diferente e mais justa”, finalizou Igor Sardinha.