O monopólio dos transportes

Nós, macaenses, temos acompanhado ao longo desses quase 3 anos, desde a inauguração do “SIT” (Sistema Integrado de Transportes), todo um caos generalizado no setor de transportes, em específico o de transporte urbano, um plano que beneficiou uma pequena minoria.

Estamos vendo o que não esperávamos: a passagem agora custa R$ 1,90. E isso beneficiará a quem? Com certeza aos grandes patrões, grandes empresários e executivos que almejam seu lucro máximo e eterno.

Ninguém pode negar as irregularidades que a empresa Rápido Macaense comete com os cidadãos. Exemplos não faltam: ônibus superlotados, demora na espera, trabalhadores que são obrigados a acordar 1 hora mais cedo (ou mais) para chegarem ao seu local de trabalho, e que ainda ficam em pé do início até o fim de suas viagens, e ainda correndo o risco de serem mandados embora. E quando há um evento significante numa cidade vizinha? Já de madrugada, no ponto, somos obrigados a implorar para que as poucas vans lotadas parem para nos levar até nossa cidade. Depois disso, temos que agüentar mais tempo ainda em algum terminal, até aparecer um ônibus (da Macaense, é claro) que vai para os bairros. Até quando vamos agüentar isso?!

Para completar tamanha petulância, já atrasaram até os salários dos funcionários da empresa, estes que são a base de sustentação, e que garantem a riqueza desta, e que infelizmente só desfrutam de uma pequena parte.

Ao longo desses 3 anos, ocorreram diversas sessões da Câmara sobre a questão dos transportes. Há um ano e meio atrás, os próprios oportunistas que ocupam as cadeiras da Câmara de vereadores já eram obrigados a reconhecer a falência do “Sistema Atolado de Transportes”. Reunidos em plenária no dia 13 de junho de 2007, até Eduardo Cardoso teve que fazer meia culpa, dizendo que “apoiou a implantação do SIT mas que até então foi um fracasso". Marilena Garcia chegou ao cúmulo da hipocrisia, gritando "abaixo o monopólio".

Em dezembro último, exatamente no dia 10, novamente os cúmplices da Câmara voltaram a falar do transporte urbano da cidade. O braço direito do prefeito, Paulo Antunes, veio fazer cena dizendo "a Prefeitura repassa para a Macaense R$12 milhões por ano pelo passe escolar. Temos que criar um meio para tirá-lo da empresa...". Marilena Garcia, por sua vez, fez novamente uso de sua demagogia: "o prefeito não vai deixar a passagem aumentar. As empresas estão forçando isso, mas ele não vai aceitar...".

Depois de inúmeras reuniões, os empresários dos transportes, patrões sanguessugas burgueses, pressionaram por um aumento absurdo na tarifa para R$2,50. E pra quem disse que o prefeito não ia deixar aumentar a passagem, não restou outra solução senão ceder aos mandos dos patrões dos transportes. Fecharam o acordo, e a tarifa foi para R$1,90.  A imprensa macaense divulga isso como uma vitória do governo municipal e para o cidadão. Demagogia, pois o governo e patronal dos transportes são mesmo é  farinha do mesmo saco.

Sem dúvida nenhuma, o que está ocorrendo hoje era o esperado. Agora com a crise, reduziram-se os royalties, impostos. E com isso, a prefeitura e os patrões criarão mil justificativas para exonerar cargos, reduzir custo, atrasar salários e por aí vai.

A glória da empresa Rápido Macaense foi à custa da bancarrota de outras empresas. As vans e outras empresas, como Viação Líder e São Cristóvão  foram economicamente derrotadas. O descaso é tão grande que vemos os ônibus da Líder nas estradas esburacadas da região serrana de Macaé, destruindo pouco a pouco sua frota de ônibus. Além das estradas nestas condições, os gastos elevados com combustível causaram um ônus ainda maior. Tudo parte da política de monopólio, que jogou boa parte da frota de ônibus da Líder para essas áreas precárias para justamente ir minando com elas. Na verdade toda a cidade sofre com os buracos, provocando acidentes e gastos para o cidadão.

A pressão do monopólio dos transportes ataca constantemente o transporte alternativo. Quando não proíbem os perueiros de trabalhar, tomam medidas que reduzem drasticamente as vans da cidade, tirando o emprego de centenas de trabalhadores e ainda prejudicando a população. Já vimos várias lutas empreendidas pelos perueiros, e quando a prefeitura e toda a corja de vereadores se manifestam, é somente em apoio ao monopólio dos transportes.

Na verdade, mais que a Macaense, devemos entender que ela faz parte de uma grande corporação chamada “Grupo JCA”, uma holding que é a principal acionista das Barcas S/A (que faz o transporte entre Rio e Niterói), que incorporou consigo empresas como Auto Viação 1001, Auto Viação Catarinense, Rápido Ribeirão Preto e Viação Cometa. Ou seja, nada mais óbvio para entender a fome de crescimento de grupos como este. O capitalismo realmente não tem limites.

Para que tenhamos um transporte digno em nossa cidade, precisamos mobilizar a população macaense em defesa de passagens baratas, ônibus de qualidade e quantidade que atenda as necessidades do povo, e o direito das vans circularem em nossa cidade. Essa política que só beneficia os grandes empresários dos transportes faz parte do jogo sujo que o sistema capitalista realiza contra o povo, e só a luta popular é que pode deter o desrespeito à população. No mundo inteiro, os cidadãos lutam por vários direitos que lhe são tirados. Temos que nos somar a todas as lutas populares do Brasil e do mundo, entendendo que fazemos parte desse processo. E não é só aqui que há aumento de passagens nesta proporção. Nas cidades de Santos-SP, Osasco, e até no DF, por exemplo, a tarifa de ônibus é uma das mais caras do Brasil. Com certeza as massas populares não ficarão de braços cruzados.

Convocamos toda a população macaense, todos os insatisfeitos há anos com esse descaso e desrespeito, a realizar uma grande mobilização na cidade, e denunciar todos os abusos cometidos pelo chamado Sistema Integrado de Transportes e também pela empresa Rápido Macaense, ao longo desses 3 anos, denunciando também a complacência dos vereadores da Câmara para com o caso.

EXIGIMOS:


1.    Redução da tarifa para R$1.20, como era antes do “SIT”.
2.    Retorno imediato das frotas de vans na cidade.
3.    Fim do monopólio da empresa Rápido Macaense e distribuição de mais frotas das outras empresas de ônibus dentro da cidade.
4.    Prestação de contas da Rápido Macaense, referente aos lucros e gastos, e sobre os repasses da prefeitura.
5.    Reformulação de todo o “SIT”, de acordo com as necessidades e reivindicações da população.

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