Saudado pela burguesia oligárquica, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) proferiu quarta feira, 17 de setembro, para um lotado auditório no Centro Cultural de Macaé, a palestra “Revolução pela Educação”. Foi um show de populismo. Todos discursaram como “povo”. O senador veio à Macaé a convite do igualmente populista e ex-prefeito macaense três vezes, o deputado federal tucano Sylvio Lopes. Antes da palestra, ocorreu - sob acaloradas palmas de claques na platéia – o esperado proselitismo. Assim, pela ordem, discursaram: A Secretária Municipal de Educação Milmar Pinheiro e a vereadora Maria Helena Salles (PSDB) ambas professoras, o deputado estadual tucano Glauco Lopes, o seu pai o deputado federal Lopes e o parente dos dois, o alcaide Riverton Mussi (PMDB).
Outrora Princesinha do Atlântico e ex-cidade mais clara do país, a Capital do Petróleo é a trigésima sétima cidade visitada pelo senador e ex-ministro da Educação que foi demitido por telefone em 2004 pelo presidente Lula. Doutor em Economia, Cristovam Buarque é um professor que começou a lecionar em 1979 na Universidade Nacional de Brasília (UNB) onde se elegeu reitor, em 1985. Já partidariamente, ele iniciou pelo PDT, pois, se considerava um adepto do “trabalhismo” de inspiração getulista então difundido por Leonel Brizola. Posteriormente Cristovam Buarque entrou para o PT pelo qual se elegeu governador de Brasília em 1994 e senador em 2002. No PT ele, embora se considerasse um “independente”, sempre integrou a ala petista mais à direita.
O senador ficou à vontade ao proferir sua populista tese “Revolução pela Educação” ao lado da fina flor da burguesia oligárquica de Macaé. O mestre de cerimônia foi um arrependido “comunista” que se tornou sylvista e posa de colunista político em um dos jornais da imprensa burguesa local. Ele impôs o critério de uma só pergunta escrita por cada pessoa durante os debates. Isto não é mais utilizado sequer em palestras promovidas pela militar, direitista e reacionária Escola Superior de Guerra (ESG). Dentre as típicas incoerências próprias de populistas, o senador que é professor e ex-reitor acabou por atribuir ao ex-governador Brizola o projeto pedagógico com horário integral nas escolas públicas, a despeito de tal mérito pertencer a Darcy Ribeiro.
Esta injustiça cometida pelo senador foi agravada pelo burocrático critério de cada pessoa poder fazer uma só pergunta por escrito durante os debates. Isto, que foi considerado “objetivo” pelo senador Cristovam Buarque e por seu mestre de cerimônia, acabou não fazendo jus ao professor, ex-reitor e ex-senador pelo PDT, o saudoso antropólogo Darcy Ribeiro. O saudoso e genial escritor, dramaturgo e jornalista, Nelson Rodrigues diria aquilo que sempre disse ao falecido Roberto Campos (economista como o senador e seu mestre de cerimônia) “trata-se de idiotice esta tal objetividade”. O senador Cristovam Buarque embora se considere um “educacionista”, não fez sequer menção ao grande mestre da Pedagogia, o saudoso e genial Paulo Freire.
*jornalista – é militante da corrente interna petista Esquerda Marxista tendência trotskista da IV Internacional.