Uma jovem índia de 12 anos de idade vale 20 reais para um latifundiário, um vereador, um comerciante e dois militares do Exército no município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas. E dependendo das circunstâncias os 20 reais podem se transformar num celular, ou numa caixa de bombons.
A negativa a uma oferta dessas pode implicar em morte. A denúncia também. A Polícia do estado investiga o caso faz tempo, não chega a conclusão alguma, lógico, o que valeu agora a entrada da Polícia Federal na história.
O de sempre. Testemunhas ameaçadas, famílias coagidas, na cabeça dessa gente índio não é gente, é bicho. Preconceito puro. Quem tiver oportunidade de conversar com militares brasileiros que servem na região vai ouvir que "índios são sujos", "índios vivem bêbados" e "índias são prostitutas". É a formação humana que recebem nas academias onde se cultua o golpe de 1964. Em hipótese alguma admitem que o avanço sobre as terras indígenas e toda a barbárie do homem branco são alguns dos fatores responsáveis pela degradação de várias tribos.
A exploração sexual de meninas indígenas, algumas até com 10 anos, está denunciada desde 2008 e permanece intocada. Os governos estaduais e o governo federal costumam olhar publicamente para um lado e de fato para outro. O prefeito eleito de Manaus, o ex-senador Artur Virgílio, fez o diabo, o que pode e não pode, para escapar de ser indiciado na CPI dos menores, acusado de crime de pedofilia. Conseguiu, é claro, o Congresso, em sua grande maioria, é clube de amigos e inimigos cordiais.
É uma das faces da falência do institucional. Há uma decisão do ministro Marco Aurélio Mello, paladino da moral e dos bons costumes, absolvendo um latifundiário do crime de relações sexuais com uma adolescente de 12 anos. Tem tempo, mas não tanto assim. O ministro alegou, em seu voto, que a menina tinha consciência do que fazia. Tinha sim. Era vendida pela própria mãe. Do que restam dois criminosos. O que vende e o que compra.
A despeito da decisão de uma desembargadora do Tribunal Regional Federal garantindo a posse da terra dos Guarani-Kiowás no Mato Grosso do Sul ainda não está resolvido o problema. Suspende o despejo dos índios. De passagem é bom dizer que suspende o despejo dos índios em suas próprias terras. Prevalece o poder do latifúndio. É um dos grupos que forma a base de apoio do governo. No duro mesmo, base de chantagem que o governo aceita.
Quem poderia imaginar Nova Iorque semi destruída por um furacão? Um dos principais cartões de visita dos EUA quase foi varrido do mapa pelo Sandy. Nada a ver com a cantora brasileira e nem com o propalado protesto de outra cantora brasileira, Vanessa Camargo que quer um furacão com seu nome. Do contrário não renova contrato com a sua atual gravadora. É só uma demonstração da mediocridade que assola a sociedade do espetáculo.
Pior que isso só a "comentarista" Leilane Neubarth, no jornal da seis, na GLOBONEWS, lamentando que o furacão tenha afetado Nova Iorque, a dor das pessoas, "afinal isso poderia acontecer a qualquer um de nós". Quem cara pálida? Uma jovem índia do Amazonas valendo 20 reais?
Como estamos chegando ao fim do ano, época de troféus, leva a indicação para o de "maior besteira dita ao vivo num jornal de tevê". É que as ditas por Willian Bonner, ou Willian Waack o são com um tom de seriedade e "certeza", pois é fundamental no processo de limpar o cérebro de milhões de Homer Simpson, destinados a acreditar na salvação eterna a partir do JORNAL NACIONAL.
São Paulo, onde estão as principais bases operacionais do PT e PSDB, dois dos três principais partidos políticos brasileiros (em números eleitorais), está em guerra civil. O governo nominal da OPUS DEI através de um dos seus principais próceres, Geraldo Alckmin e o governo real, do PCC. Primeiro Comando da Capital. Media de 10 mortes por noite mais ou menos. Deve estar próximo do acontece no Iraque, no Afeganistão e adjacências.
E Alckmin conta passar a perna em Aécio Neves e vir a ser o candidato do seu partido, PSDB, à presidência da República, em 2014.
A GLOBO está anunciando a transmissão das eleições presidenciais nos Estados Unidos full time, o que inclui a apuração em "tempo real". As simpatias da rede norte-americana em operação no Brasil são pelo republicano Mitt Romney. Tentam disfarçar, mas volta e meia a mão direita escapa e alguém grita Herr Romney.
Romney já anunciou chuva de bombas por todos os cantos do mundo se for eleito. E um grande número de demissões, segundo ele, "o que eu mais gosto de fazer, demitir pessoas".
O ex-presidente de Cuba Fidel Castro disse que o que aconteceu com os EUA, a destruição provocada pelo furacão Sandy, o número de mortos, não acontece em situações semelhantes em Cuba, por uma razão muito simples. Em Cuba o ser humano é prioridade, nos EUA a propriedade privada é a razão de ser do conglomerado.
Na Espanha está suspenso o auxílio natalidade. Uma tentativa do governo de direita de garantir o pagamento das dívidas junto aos bancos. Imposição de equilíbrio fiscal imposta pelo governo do partido nacional socialista da Alemanha, herr Ângela Merkel.
As taxas de desemprego na Espanha e na Grécia atingem níveis absurdos e a crise bate em Portugal e na Itália. A saída à Islândia, uma banana para os bancos e a vontade popular prevalecendo não é sequer citada pela mídia aqui no Brasil. Não interessa, a mídia é controlada entre outros pelo sistema financeiro.
Na onda de privatizações que vem desde FHC, Israel entrou na EMBRAER, é sócia, já controla a indústria bélica brasileira, tudo na esteira do acordo de livre comércio firmado por Lula, o pai dos pobres e mãe dos ricos.
E um detalhe, as operadoras de telefonia fixa e celular, em algumas regiões do Nordeste, nos seus serviços de call Center, recomendam aos "funcionários", na prática escravos, que ao invés de saírem para ir aos banheiros em caso de necessidade, usem fraldões. O rendimento no "trabalho" é integral. São empresas estrangeiras associadas a brasileiras, que prestam serviços de péssima qualidade, assaltam o usuário no dia a dia, mas é como dizem, o milagre do progresso, da tecnologia.
Que é deles. Nesse aspecto somos um País manco. Dependente. E Dilma, em nome da Copa do Mundo vai privatizar (chama de concessão) portos e aeroportos. A porta de entrada do Brasil.
Já não tem a menor idéia de por onde anda, mesmo com altos índices de popularidade. Conseqüência dos coronéis eleitorais chamados bolsa família.
Um detalhe final. A decisão para garantir, pelo menos momentaneamente, a posse de suas terras aos índios Guarani--Kiowás, saiu depois que o assunto ganhou a mídia internacional. Mobilizou entidades de direitos indígenas e humanos em todo o mundo e revelou a importância das redes sociais, a grande campanha no Facebook em favor da permanência dos índios em suas terras.
Mas o estupro de uma índia continua coberto por um véu de silêncio.