O fracasso da OTAN na Líbia, na constituição de um governo líbio pró-ocidente, o país está mergulhado numa guerra tribal e praticamente dividido numa situação semelhante à Idade da Pedra Lascada, os altos custos da guerra contra Kadafi e o grande número de vítimas, resultam na necessidade de transferir guerras futuras para países como o nosso.
Se cair nessa armadilha o governo Dilma Roussef entra num pântano sem saída. É só olhar os custos da intervenção militar no Haiti e os benefícios que esse tipo de ação trouxe para o povo haitiano.
Em ambos os casos o que a ONU deseja é que o Brasil garanta os interesses dos Estados Unidos, hoje um grande conglomerado de empresas e bancos. Nada além disso.
A Grã Bretanha, uma das participantes da guerra da Líbia, está às voltas com uma séria depressão econômica, as perspectivas de desemprego para este ano são altas e a recuperação prevista é lenta. Segundo dados do próprio governo cerca de 100 mil britânicos perderão os seus empregos em 2012.
Tem ainda que arcar com os custos daquela guerra, a da Líbia e tentar sustentar a colônia que mantém na América do Sul, as ilhas Malvinas, território argentino ocupado por sua majestade e suas tropas em nome do petróleo.
Nem falo dos soldados que mantém no Afeganistão.
O presidente dos EUA Barack Obama, em ano eleitoral, vai ter que atravessar o fio da navalha até as eleições no final do ano e o alvo principal, o Irã, vira incógnita, sobre se será ou não atacado no desvario imperial/terrorista dos EUA e de Israel.
Como o Brasil, no governo Dilma, é parceiro desejado nesses esquemas e a presidente de fato preside um País privatizado desde o governo FHC (nem ela e nem Lula fizeram nada para mudar essa realidade, apenas usaram e usam cosméticos), é fácil imaginar porque querem tropas brasileiras na Síria.
Os norte-americanos, desde longa data, já perceberam que as divisões no mundo árabe/muçulmano favorecem seus objetivos de conquista da totalidade das reservas de petróleo e água daquela região - Oriente Médio.
Obama disse no final do ano passado que vai ser difícil reverter o processo de terceirização e privatização do governo de George Bush nos negócios da guerra e dos serviços de inteligência.
Hoje, muitas empresas norte-americanas, através de contratos com o governo, cuidam do recrutamento, treinamento e da logística de tropas fora do país. A chancela que durante anos serviu à ditadura militar brasileira - segurança nacional - garante o segredo em torno das operações dessas empresas e do custo de tudo isso.
A guerra virou um grande negócio e direto agora para empresas e bancos nos EUA.
Generais norte-americanos prestam continência a executivos que controlam os setores terceirizados.
O fio da navalha que Obama vai ter que atravessar está principalmente nas pressões do governo nazi/sionista de Israel para bombardear o Irã, mais precisamente as instalações nucleares daquele país.
O poder de fogo desses grupos dentro dos EUA ultrapassa qualquer limite e na prática detêm o controle do Estado norte-americano, ou o Estado da União como gostam de dizer.
Como Obama vai fazer é complicado. Seu adversário republicano Milt Romney, sabendo disso, vai jogar lenha na fogueira dessa imensa complicação, até porque é homem oriundo do meio empresarial, onde aliás ficou milionário.
Tropas brasileiras na Síria, além de não ter nenhum sentido, nenhuma justificativa, não há desejo de paz, mas de controle do país, terão o sentido de polícia dos EUA e de Israel.
E não só o Irã o alvo desses dois países. O Líbano deve ser varrido do mapa para que Israel reine soberanamente na região.
No Egito os militares já se encarregaram de controlar a revolução popular, a Fraternidade Muçulmana, antes de oposição, já se ajeita, agora que é maioria no Congresso, com os donos do poder e a mesma repressão que se vê na Síria existe no Egito.
E cá entre nós norte-americanos começam a se empenhar a fundo na tentativa de impedir a reeleição do presidente Hugo Chávez da Venezuela, insinuando inclusive que Chávez deve morrer no máximo em dois anos. Fernando Henrique Cardoso já esteve na Venezuela a convite de bancos e empresas, para tentar alavancar a candidatura de oposição a Chávez - que, por sinal, vai liderando as pesquisas.
Querem o Brasil fora do processo de integração latino-americana. Dilma deixou isso de lado, seu chanceler é francamente pró EUA.
A política econômica do governo brasileiro não foge do debate internacional e neoliberal sobre a crise que arrasa países da Comunidade Européia, não imagina e nem tenta sair de armadilhas nessa área, mas, pelo contrário, busca tentar se fazer ouvir a despeito do tranco que Ângela Merkel, senhora da Alemanha, deu na presidente brasileira.
Há uma diferença fundamental entre o equilibrismo de Lula e o de Dilma. Lula era mestre na arte de uma no cravo e outra na ferradura, ou uma vela a Deus e outra ao Diabo. Dilma não. Enxerga todo o problema pelo ângulo econômico e exclui o político. E nem tem a estatura de Lula.
Nesse jogo o Brasil nem vai e corre o risco de voltar, já que, gradativa, mas aceleradamente vamos voltando à condição de exportadores de matéria prima.
Obama disse a Dilma que quer estabelecer políticas de energia com o Brasil que livrem os EUA da dependência de países hostis. O que isso significa? O pré sal. A volta do discurso sobre a privatização da PETROBRAS.
Hoje se privatiza pelo entorno, silenciosamente, sem debate popular.
O que se pretende na Síria é uma intervenção militar pura e simples e nada melhor para parecer missão de paz que tropas brasileiras. Já temos uma fragata na região "ajudando" esse "processo de paz"
Somos hoje um país cuja dependência cresce de forma assustadora por conta da visão estreita tanto do governo Lula (que soube disfarçar com maestria essa característica), como do governo Dilma que resolveu escancarar um viés que só acentua essa condição.
O diretor do filme entendeu que um bom coadjuvante é o Brasil e nem cogita de um Oscar para uma eventual missão com essa natureza. Pelo contrário. É uma forma de ir aumentando o controle sobre o nosso País.