A história do futebol brasileira é recheada de erros de juízes beneficiando ou prejudicando esse ou aquele clube, o favorecimento ou não depende do momento político da CBF, ou da Federação Estadual.
O que acontece nos dias de hoje é que, ao lado desse aspecto grave, há outro muito importante. Nunca em toda a história desse futebol tivemos árbitros tão medíocres como os que atuam em campeonatos estaduais e no brasileiro.
No caso especifico da Federação Fluminense o fato assume ares de tragédia. Os juízes do quadro da entidade não têm competência para apitar sequer pelada de várzea.
Quando Eurico Miranda era o presidente do Vasco da Gama e Caixa D”Água o presidente da Federação sabia-se que dois clubes seriam sempre beneficiados. O Vasco e o Americano.
Em período anterior o Fluminense foi o grande favorecido, noutro o Flamengo, raramente o Botafogo (não sou botafoguense).
O erro mais crasso talvez tenha sido o de Armando Marques numa final do campeonato paulista. Portuguesa versus Corinthians ou Palmeiras, não me recordo, disputa por pênaltis, Armando conta os pênaltis equivocadamente e o dá o título a Portuguesa, ou ao outro, também não me lembro. O presidente da Portuguesa chama os jogadores, coloca-os no ônibus imediatamente e quando Armando é alertado sobre o erro já não há como fazer os atletas voltar a campo, logo o título fica dividido entre os dois clubes finalistas.
Armando Marques foi um dos grandes juízes do quadro de árbitros do futebol brasileiro. E errou inúmeras vezes. Como erraram Arnaldo César Coelho, Romualdo Arppi Filho, José Roberto Wright, Alberto da Gama Malcher, mas todos, como todos que erramos e todos erramos, eram árbitros no sentido da palavra.
O último a poder ser chamado de juiz de futebol, árbitro, em nossos dias foi Carlos Eugênio Simon. Em atividade só perna de pau, ou paus mandados da CBF, ou das Federações. Clubes pequenos penam e pagam prejuízos em jogos com grandes, clubes grandes pagam prejuízos ao sabor do interesse político ou das posições que tomam em relação aos dirigentes, na prática, hoje, máfia.
É incrível a desfaçatez de determinados juízes, é inacreditável a “cegueira” de outros. É fundamental para o grupo que detém o poder no futebol brasileiro que seja assim. São fabricantes de campeões e rebaixados, depende do quantum.
João Saldanha, quando a ditadura militar acabou com o voto plural, foi taxativo. “Está nascendo uma democracia de ficção e uma esculhambação no futebol”. É um paradoxo, mas resta sendo uma realidade.
Um presidente de uma federação estadual pode ser eleito por ligas e clubes fantasmas, ainda que os chamados grandes se lhe oponham. No curso dos acontecimentos sabe que precisa dos grandes, equilibra aqui, equilibra ali e enriquece.
Castor de Andrade, quando dirigente do Bangu, invadiu o campo onde o seu time jogava, logo após a marcação de um pênalti para o adversário e inverteu a decisão do juiz. Estava com um revólver e pronto. O pênalti virou falta a favor do Bangu. Não conseguiu esse intento quando o juiz era José Roberto Wright. Tentou peitá-lo com seus seguranças e foi rechaçado. Como disse à época o mesmo João Saldanha, “o pau quebrou, o Wright não é desses juizinhos que o Castor amedronta”.
O campeonato carioca de futebol, por exemplo, é uma palhaçada em matéria de arbitragens. Não existe na Federação Fluminense de Futebol, nos quadros do Departamento de Árbitros, um só juiz com condições de apitar pelada em campos que ainda restam pelas cidades brasileiras. Que não foram ocupados pela especulação imobiliária.
A forma de apitar varia em função de interesses políticos dos dirigentes da Federação. É simples. O cara sabe que na hora de buscar a reeleição (o que corre de dinheiro nesse tipo de entidade é uma fábula) vai ser reeleito com o voto de ligas fantasmas, clubes idem e pronto. Está mantido o poder.
Clubes que investem nesse mercado maluco do futebol se lascam.
Não creio que o juiz que apitou Vasco e Fluminense tenha errado de boa fé. É claro que não. São dois grandes clubes, qualquer um deles poderia ter vencido o jogo, mas o juiz interferiu de forma decisiva contra o Fluminense, como de maneira pensada. É bem mais que a incompetência do dito cujo. São as manobras de bastidores que juízes medíocres e sem estofo para a função aceitam. Não acontecia isso com Arnaldo César Coelho. Ou com Wright.
Qualquer torcedor de vinte ou trinta anos atrás sabia de cor e salteado os nomes dos principais juízes de futebol do Brasil. E hoje? Se lembrar de um já é um feito.
No caso da Federação Fluminense então inventaram um tal de árbitro ajudante, o que permanece na linha de fundo e isso mudou o que?
Nos velhos tempos pelo menos a coisa era assumida, como o caso de Cidinho, bandeirinha no campeonato mineiro que, quando o jogador do Cruzeiro foi buscar a bola para bater o lateral, olhou para o dito e disse. “Deixa aí, essa é nossa”. Era atleticano doente.
Ou aquele que perdeu o apito, caiu no gramado e Leônidas partiu para cima da zaga. Não deu tempo de achar o apito e gritou – “segura esse crioulo aí que ele vai marcar o gol”. Racista além de tudo.
O nível de mediocridade é espantoso, porque absoluto.
Tal e qual aquela revista norte-americana que coloca Messi como o melhor jogador de todos os tempos, Pelé em quarto e se esquece de Di Stéfano, de Gérson, Didi, Zizinho e outros tempos.
O próprio Leônidas protagonizou um episódio clássico das arbitragens brasileiras. Corria para o gol e o juiz apita. Ela pára e pergunta – “marcou o que? Perigo de gol?”. Hoje nem isso, é mediocridade aliada a má fé.
A continuar assim vai ser fácil antecipar que clube será o campeão. É só observar a conduta dos juízes de futebol em jogos de um ou outro clube. Está ficando óbvio.
É fundamental, para o bem do futebol, que o torcedor perceba essas manobras e independente do seu clube, de sua torcida, proteste. Todos no fim dessa história são prejudicados e dentre eles o futebol como esporte preferido dos brasileiros.