O AVIÃO NORTE-AMERICANO E O IRÃ

É clássica e real a história de um embaixador norte-americano que disse ao ministro das Relações Exteriores do Brasil durante a visita do ex-presidente José Sarney a Moscou, que “sabemos mais do seu país que vocês”.

Satélites artificiais vão bem além da previsão do tempo, ou da formação de tornados, furacões, vendavais e coisas assim.

Quando o famoso Mr. Link veio ao Brasil e disse, na década de 30 ou 40 do século passado, que não tínhamos petróleo, que as características do Brasil eram diversas dos países onde jorrava o chamado ouro negro houve indignação geral. Valeu a Monteiro Lobato um exílio por conta de suas posições políticas e dois livros – um deles em sua extraordinária literatura infantil – sobre as afirmações de Mr. Link.

Foi esnobado pelo Visconde de Sabugosa em o POÇO DO VISCONDE. E hoje nadamos em petróleo.

Satélites vasculham o planeta inteiro, solo, subsolo e tudo além, são capazes de identificar e localizar riquezas de toda a ordem, interferem em comunicações, permitem um controle quase absoluto a quem dispõe desse poder, que se torna absoluto no caso dos EUA, se levarmos em conta o arsenal nuclear. O poder absoluto da destruição, mas absoluto.

Na primeira guerra do Golfo, quando o presidente era Bush pai, a mídia refletia a preocupação dos norte-americanos com os aviões invisíveis que Saddam Hussein dispunha e poderiam ser usados contra belonaves dos EUA. Era falsa a preocupação. Os aviões tinham a plaquinha de “made in USA” e todo o controle tecnológico até para levantar vôo estava em Washington.

Preocupação plantada pelo Pentágono. Dependência total.

Há uma versão, digamos assim, sobre a carreira do ex-senador e ex-governador de Minas, Benedito Valadares. Benedito depois de tentar sem sucesso algumas carreiras, inclusive a de cirurgião dentista – formou-se em Odontologia – acabou aceitando o conselho do pai. “Você só dá para ser político”.

E foi. Que nem Aécio hoje, ou esse desplante chamado Anastasia.

George Bush, o filho, foi eleito presidente dos EUA numa eleição fraudulenta, em nome de um esquema ultraconservador, com o objetivo de fazer guerras. E foi o que fez. Arruinou o país – quer dizer os trabalhadores e a classe média – mas fez guerras por todos os cantos e permitiu lucros fantásticos às grandes corporações do que Eisenhower chamou de “complexo militar e industrial”, como aos bancos, que tomavam dos trabalhadores e aplicavam nas aventuras mundo afora.

O resultado? O país tem hoje 20 milhões de indigentes e está falido, com uma dívida impagável. Mas, tem sempre o mas, com armas nucleares capazes de intimidar qualquer credor, ou quem quer que se atreva a contrariar interesses de Wall Street.

Washington é adereço.

Bush filho aperfeiçoou o “negócio” da guerra. Privatizou ou terceirizou (dá no mesmo) serviços militares e de inteligência essenciais e com isso sepultou os EUA como nação, transformando-o num grande complexo terrorista ao lado de forças sionistas, essas as detentoras do maior número de ações nominais e preferenciais de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

O Irã e a Síria são os alvos nesse momento, o momento seguinte à destruição da Líbia e aos incidentes com o Paquistão e seus generais (que também têm bombas atômicas).

O governo do Irã, acusado pela Comunidade Européia (países falidos e transformados em bases militares do complexo terrorista) e pelos norte-americanos de “terrorismo” e de estar à procura de armas nucleares, abateu um avião não tripulado dos EUA em seu espaço aéreo. Uma flagrante violação do direito internacional, coisa corriqueira em se tratando de Israel e dos EUA.

A mídia vai explorar o fato ao máximo, criar a indignação entre os “patriotas”, gerar o patriotismo que tanto é idiota como canalha e abrir perspectivas para uma nova guerra, uma nova frente de mercado (é o que guerra virou) e na hora aprazada, ao sabor dos interesses do complexo, despejar toneladas de bombas.

Não se está discutindo se o governo sírio é uma ditadura ou não. É outra história e o Irã não é uma ditadura, pelo contrário.

O contratempo que norte-americanos não contavam era com a reação dos povos árabes. A Primavera Árabe. Os levantes no Egito, na Tunísia, no Iêmen, na Jordânia, governos aliados. A possibilidade de governos islâmicos nesses países.

E nem na Europa, a luta de gregos, italianos, espanhóis, franceses e outros contra seus governos colonizados.

O momento sugere que estamos no limite da corda. Um movimento fora de propósito, ou do previsto a mais pode significar sua ruptura e isso significa a volta às cavernas.

Em termos históricos não é de dias, nem de meses, ou de anos, mas é o fim natural do capitalismo e toda a sua estrutura boçal e bárbara.

Sem levar em conta outro fator. No próximo ano os EUA viverão um clima eleitoral. Vários governos de estados, assembléias e senados estaduais, a Câmara de Representantes, parte do Senado e o presidente da República. Obama é aquele cara que não disse nada, não fez nada, mas quem?

Outro maluco padrão Bush, ou um cínico como Obama?

Como reagirá a população dos EUA diante da grave crise econômica que afeta o país, da falta de perspectivas concretas para o futuro e da certeza que a antiga nação é hoje um conglomerado em poder de bancos e de grandes empresas voltado para o terrorismo de Estado e aliado a grupos sionistas (que se apossaram de Israel), numa espécie de edição de um IV Reich?

Há uma falência mais perigosa para os interesses do conglomerado terrorista. As eleições na Rússia mostraram uma queda no prestígio de Putin e um acentuado crescimento do Partido Comunista Russo, o que força o atual primeiro-ministro e candidato a presidente a buscar políticas contrárias aos EUA e ressuscita de uma forma ou de outra uma nova guerra fria dissimulada nas declarações de propósitos de paz.

É lógico, até Putin já percebeu que seu gigantesco país está sendo cercado e imolado no altar do capitalismo podre em todos os sentidos. Corre o risco – pequeno, mas corre – de vir a enfrentar um segundo turno, fato que, por si só, já o deixa debilitado.

O governo de Wall Street, através do Departamento Washington, não imaginava que o Irã fosse capaz de derrubar um avião não tripulado, controlado remotamente e em missão de espionagem.

É uma guerra que se iniciada pode custar caro, muito caro.

Obama sabe disso e deve ter consumido todo o estoque de cerveja da Casa Branca para decidir se agüenta o tranco ou se parte para a insânia.

E pior, essa decisão não está ao seu alcance. É mero garçom de plantão diurno e noturno nessa bagunçado e sombrio bar do capitalismo e seu terrorismo de Estado.

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