A história de Minas Gerais está repleta de grandes nomes da política nacional. E independe de partido, ideologia, mas acima de tudo, figuras capazes de se fazerem sentir por grandeza política.
Juscelino, Milton Campos, Afonso Arinos, Negrão de Lima, Tancredo Neves, Gustavo Capanema, Bilac Pinto, José Maria Alckmin, Renato Azeredo e outros.
A descendência tem sido lastimável. Eduardo Azeredo, filho de Renato, é uma lástima em todos os sentidos. Prefeito de BH com a renúncia de Pimenta da Veiga, governador do estado diante do dilema de se correr o bicho pega se ficar o bicho come (o outro era Hélio Costa), senador e agora deputado federal. Perdeu a sonhada reeleição para governador numa disputa com o ex-presidente Itamar Franco.
Só ali tomou conhecimento de sua dimensão política anã.
Aécio Neves é um desses descalabros que você imagina impossível existir pior, mas existe. O governador Antônio Anastasia. Um ornitorrinco político, uma evolução incompleta.
Professores da rede estadual estão em greve há mais de 60 dias e agora o Tribunal de Justiça do Estado (parte do clube de amigos e inimigos cordiais) considera a greve ilegal, determina a volta dos professores ao trabalho.
Não se sabe de decisão do referido Tribunal determinando ao conjunto de empreiteiras que no governo Aécio (dois mandatos) e agora no governo Anastasia, leva o dinheiro público da saúde e da educação, nos grandes negócios do mundo político, devolva alguma coisa.
O Ministério da Saúde revela que alguns estados brasileiros não aplicam na saúde o percentual determinado pela Constituição. Anastasia diz que é questão de metodologia. Mais ou menos o seguinte. O percentual na metodologia do Ministério é simples e linear, na de Anastasia, como foi na de Aécio (a secretaria ficou com o deputado Marcus Pestana oito anos, tempo suficiente para montar um esquema que lhe garantisse duas eleições), o esquema se mantém. A metodologia é terceirização, o dobro do custo e um tanto por baixo dos panos.
Anastasia é só um espaço entre um descalabro, Aécio e outro que pretendem inventar e impingir aos mineiros nesse jogo que transformou a política em espetáculo, em show.
Aécio é apenas neto de Tancredo. Se solto no centro de Belo Horizonte não sabe chegar em casa andando, precisa táxi, governou Minas morando no Rio. Anastasia nem tem idéia do que seja governar. É uma espécie de bruxa a mexer um imenso caldeirão de perversidades, todas, lógico, contra professores, profissionais da área de saúde, servidores públicos de um modo geral e um modelo montado em cima de privatizações, terceirizações e transformação do aparelho estatal num grande bunker de grupos do clube.
A luta dos professores mineiros não é diferente da luta dos professores paulistas, nem fluminenses, muito menos baianos. Transcende à questão salarial e se estende a condições mínimas de trabalho. Foi por isso que recebeu o apoio público e declarado dos pais de alunos.
As escolas públicas estaduais estão abandonadas em todos os sentidos. Não interessa a governantes (Aécio, Anastasia no caso) investir em educação. Nem de longe. Empreiteira é mais negócio, o lucro é maior, o ganho é líquido e certo.
Saúde e educação em Minas estão indo para o beleléu. Minas como um todo.
A mídia, a grande mídia privada (GLOBO, ESTADO DE MINAS, etc) não denuncia as várias irregularidades do governo estadual. Tal e qual o governador de São Paulo comprou por nove milhões o silêncio dessa gente, o de Minas mantém os recursos para esse silêncio da mídia mineira.
Na cabeça de um subproduto da política mineira da pior espécie, Antônio Anastasia, educação e saúde são entulhos que devem ser jogados no lixo. Pode-se gastar milhões em obras faraônicas, em terceirizações e privatizações, mas nada na educação, nada na saúde.
Professores restam sendo um transtorno.
Quando Cid Gomes, governador do Ceará, disse que “professores têm que trabalhar por amor e se estão insatisfeitos com os seus salários devem procurar outra profissão”, refletiu mais que o seu pensamento. Refletiu a pensamento da imensa maioria dos governadores estaduais inclusive o mineiro. Talvez até tenha tido coragem de expressar o que acham esses governadores e o que pensam as elites tanto do Ceará como de Minas sobre educação. Bem diferente dos outros que se calam e inventam ardis metodológicos para não cuidar do setor.
Não é por outra razão que Anastasia, assessor de gente como Aécio, FHC, etc, no Congresso Nacional Constituinte e depois no governo FHC, mexeu seu caldeirão de crueldades e criou o tal fator previdenciário. Liquidar com as aposentadorias e pensões de quem já tinha, na cabeça de gente como ele, deixado de ser produtiva e passou a ser custo, a visão neoliberal, tucana, dos serviços públicos e do ser humano.
O que acontece em Minas é um retrocesso sem tamanho, ainda que o problema da educação e da saúde sejam anteriores a Aécio e Anastasia.
A diferença é que agora, tanto o que saiu e virou senador, como o que governa, são figuras menores, desqualificadas em todos os sentidos e por isso mesmo a queda no precipício é muito mais veloz do que se imagina.
Quando terminado o mandato de Eduardo Azeredo – governador – os mineiros achavam que era impossível algo pior. Mas veio. E pelas mãos dos mineiros no voto, ludibriados no marketing e na ilusão tucana de Aécio Neves e Antônio Anastasia.
Como está Minas se assemelha a um grande latifúndio com um coronel que aparece aqui de quando em vez, deita as ordens, paga os capatazes e refugia-se noutras plagas, vendendo a imagem de jovem dinâmico, apagando os rastros de um tresloucado que é apenas neto de Tancredo, nada além disso.
E ainda por cima inventa um ornitorrinco chamado Antônio Anastasia.
É Minas hoje. Espremida e encolhida por um desgoverno que acha que saúde e educação são gastos desnecessários.
E se escora na mentira das diferenças de metodologia, ou nas mentiras sobre a educação. Com respaldo do Tribunal de Justiça.
O modelo está falido em todos os níveis. É hora sim de ir às ruas, como estão fazendo os professores.