Para um lado um grupo foi fazer a letra, para outro, outro grupo foi fazer a música. Não ensaiaram e no dia da procissão saiu mais ou menos assim - "a viiiiiiiirgem Maaaaariiiiiiiaaaaaaa".
Beata é um trem complicado, beato também.
Os bravos soldados do Exército brasileiro ocupam o Morro do Alemão e a guisa de "força pacificadora" agridem moradores, estapeiam adolescentes, chutam, jogam piadas para mulheres, enfim, um aprendizado aprimorado no Haiti onde servem de guardas de trânsito e policiais para os norte-americanos.
É um hábito antigo dos "amigos" dos EUA. Dão golpe de estado em países como o nosso (1964), usam os militares para tarefas que consideram menores. Civis latinos nos Estados Unidos viram o chamado "empregado doméstico", ou para usar a imagem mais recorrente, lavam pratos em restaurantes. Militares viram policiais de trânsito, de quarteirão, etc.
Deve ser por isso que não querem ver revelados os documentos da ditadura. Isso e outras coisas mais.
No sábado, dia três de setembro, um grupo de militares determinou que o som de um amplificador de um bar fosse abaixado. Moradores da comunidade estavam assistindo a um jogo de futebol no interior do bar e no intervalo a amplificador tocava músicas.
Houve reação, foi desnecessária a atitude dos "pacificadores", logo prisões por "desacato", pancadaria geral, gás de pimenta e até pinos de granadas foram encontrados após o conflito.
O major comandante da ocupação, repita-se "pacificadora" não quis falar sobre o assunto e o comando da área vai investigar se houve excesso dos militares.
Há dias a Justiça Militar (uma justiça específica e desnecessária) mandou soltar os militares que prenderam um grupo de traficantes e entregou-os a uma quadrilha rival. Resultou em mortes.
Moradores da comunidade do Morro de Alemão reclamam da tal "pacificação", na base da pancada, da violência, reclamam do silêncio da mídia sobre o que de fato ocorre na comunidade e denunciam a barbárie, típica de uma força que ainda vive no delírio fascista de 1964. Brilhante Ustra deve ser o patrono do grupo.
Professores têm sido vítimas de violência de governos estaduais e municipais (é rotina), com grande intensidade nesses dois últimos meses. Segundo o governador do Ceará, Cid Gomes, professores "têm que dar aula por amor, quem estiver insatisfeito com o salário que procure outra profissão". Cid numa de suas viagens "oficiais" a Europa, com dinheiro público, levou a sogra que sonhava conhecer Paris.
Em Minas, por exemplo, o governador (uma aberração política em todos os sentidos, um deboche a história de Minas, produto da mente atormentada de Aécio Neves), conseguiu - lógico, é um clube - a decretação da ilegalidade da greve dos professores, alguns prefeitos - Juiz de Fora - seguiram na mesma esteira e a PM, para variar, baixa a borduna sempre que pode.
Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht, outros grupos empresariais, bancos, latifundiários, podem tudo e mais alguma coisa. Aí a Polícia Militar garante a "ordem e a lei".
Que responsabilidade a presidente da República tem nisso? Toda.
Seu governo não conseguiu se impor politicamente, sugere uma nau em meio a uma tempestade em que o comandante não sabe o que fazer e figuras como Sérgio Cabral, Geraldo Alckimin, Antônio Anastasia, Renato Casagrande/Paulo Hartung e outros pontificam num processo político que vai se degradando a cada dia e mostrando a falência do modelo.
O jogo sórdido do institucional, a "verdade" econômica (quarenta e cinco por cento das receitas orçamentárias repassadas a bancos para pagamento de dívidas duvidosas) sobrepondo-se ao político, aos compromissos assumidos em praça pública e figuras repugnantes como o gelatinoso governador de Minas se arvoram em ditadores da esquina, produto exatamente dessa estrutura política e econômica gerada pelo capitalismo em sua versão neoliberal.
Para o superávit primário tudo. Para o povo, neste momento, a bolsa família deixa de cumprir seu papel, vira demagogia, na tentativa de salvar a quebradeira geral, nada.
Recita-se uma letra nas ações políticas do governo federal e de governos estaduais, canta-se u'a música completamente fora da métrica e da harmonia.
Não há saída dentro do jogo institucional. Não há band aid que dê jeito no modelo. Os furos são muitos, as cabeçadas ocorrem a todo momento e no partido do governo, o principal, a luta interna entre os que tentam salvar sua história e os que tentam enterrar essa história, só faz aprofundar a crise.
Dilma e a grande maioria da safra de governadores eleitos em 2010 é que o mineiro normalmente chama de "barrigada perdida".
Um grupo fez a música, outro grupo fez a letra e a procissão rola num desafino só.