APARELHAR E INSTRUMENTALIZAR A INTERNET

Uma coisa é o Governo Federal, outra coisa é o Partido dos Trabalhadores e dentro do PT os grupos diversos que costumam chamar de tendências. O espírito petista – de que tanto falam – surgiu da história do partido e seu propósito de ampla democracia interna, debates, processos de formação, pontos que levaram num determinado momento a que alguns enxergassem no PT um “partido diferente”, fugindo, por exemplo, das denominações e análises clássicas, feitas, entre outros, por Raymond Barre em sua obra OS PARTIDOS POLÍTICOS.

Num determinado momento da luta política, num País como o nosso, onde a mídia privada é controlada pelas elites políticas e econômicas à direita e presta serviços a essa mídia, é braço dessa mídia, a rede mundial de computadores – internet – surge como alternativa a esse processo de alienação imposto, por exemplo, pela REDE GLOBO e todo o complexo das empresas do grupo Marinho, é maior e mais amplo que partidos quaisquer que sejam, embora seja importante e fundamental a presença dos mesmos. Não existe monopólio da esquerda, já que a direita se une sempre.

Um espaço aberto ao debate, ao livre exercício de opinião, em dimensões que variam. Os grandes grupos de comunicação, por exemplo, optaram por apostar no noticiário inócuo, vazio, que oferecem em seus veículos impressos, suas emissoras de rádio e tevê.

Nesta semana em cartaz o casamento do príncipe Williams, herdeiro da coroa inglesa. Na semana anterior o massacre de crianças numa escola em Realengo. O caráter espetáculo da sociedade, ao perceberem que esse novo instrumento de comunicação é, em si, revolucionário.

Foi pela internet que um pai tomou conhecimento da morte de seu filho na guerra do Iraque, ao ver as fotos e nomes dos soldados mortos – a mídia omitiu o noticiário na cumplicidade com o governo de Bush – na chegada dos caixões enrolados em bandeiras dos EUA.

E foi essa foto que mostrou que o número de baixas naquela guerra era superior ao informado oficialmente.

O relevante nesse debate é o caráter revolucionário da internet.

E o preocupante são as tentativas de censura, de aparelhamento e instrumentalização.

Quando citei acima o Governo Federal, o PT e tendências, afirmando que cada um é cada um, estava começando a trazer a luz o debate sobre as tentativas de aparelhar e instrumentalizar os mais importantes e livres agentes transformadores da Internet.

No caso especifico do PT a tendência majoritária conduzida pelo ex-deputado José Dirceu, uma das figuras mais sinistras da política brasileira, ressalvado seu passado de lutador contra a ditadura militar.

Pego no contrapé do mensalão (armadilha tosca que os tucanos plantaram e na qual caiu porque se acha um FHC II, disputa a patente sobre quem criou o mundo) tentativa de desestabilizar o governo Lula logo no início, mandato cassado politicamente pela Câmara dos Deputados, sem direitos políticos pelo menos até 2014, o ex-deputado continua a ser o detentor do poder absoluto dentro do partido, já que majoritário através de seus seguidores.

Com forte presença no governo Dilma em vários ministérios, em vários partidos, construiu uma legião de seguidores cegos, sem qualquer debate político, só na presunção da inocência e em vagos projetos políticos montados numa empresa de consultoria que tanto gira à esquerda como à direita, tenta de todas as formas aparelhar e instrumentalizar o mais importante agente de transformação e participação popular, por isso acima de tudo, no processo da comunicação, os blogs.

Não significa que esses blogs sejam todos, evidente, cooptados pelo ex-deputado. Significa que a ação de seus seguidores longe do debate político, no velho estilo do rótulo para desqualificar adversários e críticos, vai tecendo, construindo e ao mesmo tempo destruindo a perspectiva real e concreta de uma alternativa livre, democrática e socialista à mídia privada.

Ao ex-deputado resta apenas o comando do PT e suas ligações dentro do governo. O ministro da Justiça Joaquim Cardozo, um exemplo, comprovadamente ligado a Daniel Dantas. O ministro Nelson Jobim que, à época que esteve no STF votou a favor de todos os recursos apresentados por José Dirceu na tentativa de evitar que fosse cassado ou indiciado no inquérito/processo do mensalão (invenção tucana).

E ele sabe disso.

É dentro desse espaço que manobra no seu estilo senhor absoluto da verdade (a dele) que tenta costurar a reforma política incluindo a lista fechada (não tem votos para eleger-se nem no sistema distrital e nem no proporcional, eleitoralmente é uma figura morta) como forma de voltar à cena política e manter-se senhor de um processo que num dado momento passou por suas mãos.

No inicio do governo Lula o próprio presidente referia-se em tom de brincadeira ao seu ex-ministro como o “presidente”. “Olha só a pose do José Dirceu, parece o presidente”.

Dirceu tem o direito de defender seus pontos de vista, de lutar por sua sobrevivência política, tem um passado digno de respeito, mas tornou-se na obsessão do poder, numa das mais sinistras figuras da política brasileira e no curso dessa transformação do PT em partido do governo, dentro do governo, num jogo entre eles e o PSDB.

São nocivos à democracia, são nocivos ao País, tentam aparelhar e instrumentalizar a internet através de ações políticas que muitas vezes passam desapercebidas a blogueiros íntegros e livres, mas que não enxergam o rio subterrâneo que corre por baixo dos aparentes encontros de formação de bases de luta por um outro mundo, por democratização da mídia.

E não debatem. Tem uma legião de soldados para desqualificar os críticos. Rotulá-los.

A internet não é um espaço que se possa deixar ser controlado ou por leis propostas como a do deputado Eduardo Azeredo, ou por vocações de poder ilimitado de figuras como José Dirceu.

À época da CPI do mensalão o deputado José Carlos Aleluia (se não é do DEM ainda, está nessa linha, nem sei mais se é deputado) declarou no depoimento de José Dirceu que não acreditava que o então ministro estivesse fazendo algo em proveito próprio, pois conhecia seu padrão de comportamento nesse campo.

Disso também não tenho dúvidas.

Mas se aí não as tenho, dúvidas, tenho certeza que nesse processo de aparelhamento e instrumentalização da net como agentes do petismo obcecado pelo poder, longe da história do partido (não sou petista), o ex-deputado e dono de ponderável fatia do partido, age à socapa, como, aliás, é seu feitio.

O Brasil não precisa disso e nem a net é uma agente transformador, revolucionário para criarmos um monstro ou um deus na presunção que isso nos trará a redenção.

É exatamente o contrário. As figuras que se arvoram salvadoras – Serra, Dirceu, etc – com incomensurável apetite de poder pelo poder, destroem a perspectiva de construção de um mundo alternativo.

Não vão conseguir deter o processo libertário e o caráter de agentes transformadores nem de blogs, nem de jornalistas que atuam na net. Vão ser esmagados no curso da história, pois são incapazes de acreditar que além dos próprios umbigos existem outros e que a construção é coletiva.

No máximo, com suas ambições e suas legiões de soldados cegos vão tornar a luta mais árdua.

A própria militância histórica do PT, em manifestações explícitas, se mostra temerosa dos rumos de um poder que instala na burocracia do governo e usa esse poder para construir o mundo das estátuas louvando o salvador, no caso José Dirceu.

O intocável.

Em 1960 Carlos Lacerda usava as mesmas táticas contra Sérgio Magalhães, na disputa pelo governo da antiga Guanabara. Antônio Maria cunhou uma expressão sem sexo, mas perfeita, para definir a legião de soldados/soldadas de Lacerda – as malamadas.

Tem um monte de Lacerda à esquerda.

O objetivo? Ficarmos restritos a dois PIGs. O PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA e o PARTIDO DA IMPRENSA GOVERNISTA. O pior disso é que iludem muita gente.

O campo popular não é exclusivo de um partido e tampouco de José Dirceu.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS