A essa altura do campeonato pouco importa para a GLOBO que o Brasil seja campeão ou não. O que conta é liquidar Dunga, mostrar o poder da rede. Há notícias de um contrato entre a maior rede de comunicação do Brasil e a CBF (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL) sobre direitos de exclusividade em determinados pontos e primazia noutros.
Que Dunga extrapolou em seus comentários críticos, digamos assim, não há dúvidas.
Copa do Mundo como qualquer competição esportiva nos dias atuais, em termos de televisão, significa lucro. Ao término de cada jogo da Copa na África do Sul, dentro do protocolo estabelecido pela FIFA (FEDERAÇÃO INTERANCIONAL DE FUTEBOL ASSOCIATION), o melhor jogador em campo, os técnicos das equipes que disputaram a partida são obrigados a comparecer a uma entrevista coletiva. Até aí nada demais.
Quem se lembrar as copas anteriores, desde a chegada da televisão em 1970, vai lembrar-se que antes das coletivas, ou de qualquer contato com a mídia, a primazia era da GLOBO.
Há anos a RECORDE vem tentando tirar da GLOBO os direitos de exclusividade na transmissão da Copa do Mundo para o Brasil. Não tem conseguido. E não só da Copa do Mundo, mas de várias outras competições, de várias outras modalidades esportivas.
As ofensas de Dunga ao jornalista Alex Escobar não se justificam nem com toda a baixaria de figuras repulsivas como Galvão Bueno e o que ele representa. A rede da mentira, do privilégio, a podridão em termos de mídia.
Nem se sabe que tipo de interesse Dunga representa nesse embate, ou se apenas extravasa seu temperamento agressivo, ríspido.
Não se está julgando sua competência como técnico. A despeito de não ter experiência anterior o que fez até agora mostra-o capaz de exercer a função.
Mas não foram poucos os jogadores que se queixaram do assédio dos chamados “atletas de Deus” dentro da concentração. O próprio assistente técnico de Dunga, o ex-jogador Jorginho envolvido na história.
É uma disputa que não tem nada a ver com futebol. Nada permite que se duvide do caráter de Dunga, tudo se permite que se duvide do caráter de Galvão e da GLOBO ponto por ponto.
O torcedor que não é bobo já percebeu isso e pede “CALE A BOCA GALVÃO”.
Não sabe, no entanto, a extensão da disputa.
Uma série de eventos esportivos comprados pela GLOBO não são transmitidos pela Rede. Ela os compra para que os concorrentes não possam dispor desses eventos. Deve ser isso que chamam de “livre iniciativa”, “leis de mercado” e, pior, “liberdade de expressão”.
Você pode se exprimir livremente desde que pela GLOBO. Por outra não. A cessão de direitos à REDE BANDEIRANTES se deveu apenas à necessidade de compatibilizar as transmissões com os horários e compromissos comerciais da emissora, da Rede, GLOBO, como de atenuar essa sensação de monopólio.
GLOBO ou RECORDE não importa, são farinhas do mesmo saco. Uma ou outra dominar a audiência em termos de tevê no Brasil não muda nada. Não há "menos pior" nessa dupla. Cada qual procura ser “mais pior”.
A aparente isenção da GLOBO, o aspecto asséptico com que se apresenta, assim como quem toma banho diariamente com um sabonete ou sabão que limpa mais, tira manchas, etc, é só aparência mesmo.
Dunga dançou nessa história. Ricardo Teixeira não vai mantê-lo a não ser que tenha um acesso de dignidade – quase que impossível – e resolva peitar a GLOBO.
Sobre o Brasil ser campeão ou não, isso é detalhe. O que fala mais alto são os negócios.
E o problema nem é o jornalista Alex Escobar que, certamente, terá sido protagonista involuntário desse affair.
O problema real é que a GLOBO é a dona da Copa do Mundo no Brasil, não quer perder esse privilégio que rende milhões e paga o que for preciso para mantê-lo. Por dentro e por fora. A RECORDE também, talvez não tenha ainda é caixa para fazer frente a essa podridão, ou seus “emissários” não sejam tão bons quanto os GLOBAIS.
Quando Brizola era governador do Rio e a GLOBO quis exclusividade para transmitir o desfile de escolas de samba no primeiro desfile no sambódromo, o governador negou, dizendo tratar-se de um espetáculo público, que transcendia ao direito de exclusividade. Era para todos, não era “negócio”.
Todas as emissoras que o desejaram transmitiram. Desde a saída de Brizola a GLOBO comprou todos os governadores até os dias de hoje. Sem exceção.
Para quem tece loas diárias à livre concorrência, economia de mercado, etc, a GLOBO é puro monopólio e da forma mais sórdida e corrupta possível. É da gênese.
A forma como Galvão Bueno referiu-se a Dunga, independente do deslize do técnico nas ofensas ao jornalista em público, é a imagem da REDE GLOBO. Preconceito. É a mão direita e suástica que escapa e revela o desprezo pelo telespectador que William Bonner chama de Homer Simpson. Numa tradução precisa significa pateta.
“Só evoluiu do cum nós para o conosco”.
Liberdade de expressão na cabeça dessa gente é a deles. A do resto é pastar, e agüentar.
Desligue a GLOBO meu caro. Redescubra-se como ser humano. A GLOBO é um dos resquícios mais cruéis e repugnantes da ditadura militar.