Vamos ficar só no Brasil. Num dos resgates do twitter lá está a “rainha dos baixinhos”, Xuxa, ensinando a importância do sorriso para a vida. Você sorrir a todas as pessoas que passam. E explica como fazer. Imagina que uma “gatinha” esteja a fim de um “gatinho” e o gatinho vem lá do outro lado da rua, começa a “tremer o coração”, “dá um branco a gente não sabe o que fazer”, mas, “um sorriso e o gato vai guardar o sorriso na lembrança, o que facilitará o caminho”.
Ideal de vida de Xuxa, sentido da vida em Xuxa. Um objeto de luxo muito bem remunerado pelo capitalismo para vender a ideologia que a vida se resume em gatos e gatas.
Xuxa chegava ao seu programa numa nave espacial, na fantasia, na irrealidade. Não era gratuito esse tipo de abertura do programa. Como não foram poucas as crianças que reclamavam de maus tratos quando de suas participações no dito programa. Gilberto Vasconcellos tratou disso num livro magistral.
O importante era a ideologia vendida. A do sucesso não importa o preço. Via sorriso, o que for necessário. Formou uma ou duas, ou mais gerações através da telinha todas as manhãs. Conheço caso e certamente qualquer pessoa conhece de pais que foram forçados pelos filhos a matriculá-los no turno da tarde em suas escolas para que o programa não fosse perdido.
Não sei se as pessoas prestam atenção, mas é possível entrar em dez padarias, por exemplo, ou dez bares, dez armazéns (se é que ainda existem) e encontrar afixado na parede um diploma de excelência nos serviços prestados, na qualidade dos produtos vendidos, na probidade da empresa em suas relações com o consumidor. Quem prestar atenção de fato vai perceber que referidos diplomas estão assinados pelo “diretor presidente” e pelo “diretor de pesquisas” da empresa que os conferiu.
O conferiu aí é vender. Quem quer um diploma de qualidade no atendimento e nos produtos vendidos? Custa tanto e tem a chancela da Embromação S/A especialista em pesquisas junto ao público, levando em conta que o “público” é o número de zeros do cheque.
William Bonner recebe milhares de respostas em seu twitter à pergunta sobre quem quer bom dia. O orienta a quem deseja um bom dia. “Diga sim”. A partir daí a manada começa a ser guiada rumo ao precipício das mentiras vendidas pelo JORNAL NACIONAL.
O que você pode ou deve saber e até que ponto. Isso também é determinado pelo número de zeros dos cheques das grandes empresas, bancos e latifundiários que mantêm a GLOBO como porta-voz oficial do grande deus mercado.
O twitter de Willian Bonner está sendo apontado como o mais votado em termos de “conteúdo” e concorrendo a um desses prêmios que a televisão confere anualmente.
Conteúdo! Putzgrila é o fim da picada.
Que tipo de conteúdo? Pizza do noticiário transformado ao sabor dos interesses e conveniências da rede?
Existem no Haiti cerca de 40 médicos cubanos e dois hospitais de campanha enviados pelo governo de Cuba em seguida ao terremoto que destruiu o país. Médicos norte-americanos fizeram um apelo ao governo de Obama para que pudessem trabalhar em conjunto com os cubanos. A explicação foi simples. Os médicos enviados por Havana estão à frente dos norte-americanos em competência nesse tipo de tragédia. A resposta foi não.
O espetáculo exige um porta-aviões hospital com capacidade de cirurgias estelares e show na GLOBO e nos resto das emissoras subordinadas a Washington. Os cubanos sequer foram citados no noticiário e nem serão. A sensação, tentar criar a sensação, que todos os haitianos serão beneficiados pelo fantástico hospital sobre as águas e o Haiti reconstruído.
Dez mil soldados para controlar o país e evitar que as reservas petrolíferas do Haiti caiam em mãos indesejadas. No Fórum Econômico de Davos, o presidente francês Nicolas Sarkozy fez um apelo ao presidente Obama para que os EUA trabalhe em conjunto com as outras nações do mundo e a ONU, na construção da paz, em situações semelhantes à ocorrida no Haiti, ao invés de avocarem a si a condição de donos do planeta.
Nessa hora Obama estava em mangas de camisa dando uma de comentarista esportivo e com um copo de cerveja à mão.
Na Grã Bretanha existe uma sociedade de adoradores de um determinado tipo de avião bombardeiro. Têm licença para ficar nas imediações da base o tempo que desejarem olhando e cultuando tais aviões. O dito bombardeiro faz parte da família dos aviões que despejaram as bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki.
E napalm no Vietnã.
Os jogos de vídeo game transformaram o sangue dos “inimigos” em verde. Antes de irem para as portas das escolas assassinarem colegas e professores, ou dos escritórios matar companheiros de trabalho, os norte-americanos jogam em média oito a dez horas por dia de jogos de guerra. Limpam o mundo de bárbaros, de inferiores, de sujos, transformam-no num paraíso que o JORNAL NACIONAL e outros tantos apresentam diariamente no espetáculo do porta-aviões que tem um hospital que faz transplantes se necessário for, mas está lá por conta do petróleo.
Um levantamento feito pelas Nações Unidas mostra que toda a ajuda prestada ao Haiti é suficiente para resolver a curto prazo o problema da falta de alimentos, de água e conter surtos de doenças comuns a essas tragédias. Conclui que a desorganização no distribuir essa ajuda gera um caos desnecessário e reconhece que os médicos e enfermeiros cubanos com seus dois hospitais de campanha trabalham num padrão que deveria ser seguido por todos os demais países presentes naquele país.
Não vai ser noticiado por Bonner. A preocupação dele é se o distinto Homer Simpson vai querer ter um bom dia ou não.
E nem que o ex-secretário de Educação do governo de São Paulo, Gabriel Chalita, a nova grande lagoa brasileira, criticou o intocável governador José Collor Serra por ter reduzido os investimentos em educação, eliminado programas como o “escola família” e privatizado boa parte dos serviços de educação, sem sequer cogitar de qualquer tipo de remuneração ou condições de trabalho decentes, dignas, para os professores.
Esses são singelos exemplos do conteúdo.
“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. É um velho ditado, cabe como uma luva em William Bonner e talvez acrescente algum conteúdo a seu twitter.
Está parecendo um desses revolucionários de araque (expressão da década de 60) que de repente se sente o caminho, a vida, a perfeição e quer encher de conteúdo os jovens, naquela história de se o fato está consumado dane-se, vamos aceitá-lo. Que tenha aceito em anos passados e se resignado a cair de quatro, problema dele.
Esse conteúdo cheira mal.
Pancho Villa fez um acordo menos danoso nessa missão de experiência na luta e poder transmitir aos jovens, numa época que sequer havia rádio, ou tevê, muito menos internet. Trocou a luta por uma patente de general da reserva do exército mexicano (àquela época três mexicanos juntos um era general o outro ajudante de ordens e o terceiro soldado, estava pronta uma revolução). De quebra, à guisa de indenização pelas armas e cavalos entregues ao governo central, recebeu um açougue. Vendia outro tipo de carne. E um Ford bigode.
Morreu de bala ao tentar pular uma janela. O marido chegou mais cedo.
Mas, enfim, há quem ache que conteúdo seja responder sim a William Bonner ou se acredita profeta da nova ordem no fato consumado do golpe de Honduras. E viva a Anistia Internacional. Foi pedir ao lobo para não devorar a presa. Pior, acha que o Lobo, esse com letra maiúscula, vai atender. Está acostumado com essa história de acordo em nome da sobrevivência e ares divinos na missão de espargir sabedoria para um mundo melhor. Tem gente se achando Billy the Kid.
Sim, bom dia. Não deixe de ficar atentou ao conteúdo do BBB. É enriquecedor e também, com certeza, merece um prêmio.