A idéia de posar nua foi de uma das viúvas, Sadie Baldwin. Em pouco mais de uma semana conseguiu convencer doze outras e segundo opinião unânime das moças “foi uma experiência divertida”. Não sei se viúvas de iraquianos e afegãos poderão dizer o mesmo.
O calendário pode ser comprado inclusive pela rede mundial de computadores desde que o distinto/a queria contribuir para as “vítimas” da insanidade terrorista (existe terrorismo não insano?) de norte-americanos e britânicos e servir para ornar quadros de honra do tipo “eu contribui para a democracia cristã, ocidental e o american way life”.
Penso que, moralmente, coca cola, Mcdonalds, GM, fabricantes de armas, banqueiros que financiam esses negócios, companhias petrolíferas e empreiteiras que participam da “reconstrução” desses países (Iraque e Afeganistão) deveriam comprar edições inteiras do calendário e distribuir patrioticamente entre seus clientes preferenciais.
Quem sabe no dia de Natal ou no início do ano, dia primeiro de janeiro, o doublê de branco e cervejeiro disfarçado de negro Barack Obama, prêmio Nobel da Paz, não determinasse (apesar de ser feriado) a abertura da Cervejaria Casa Branca para receber as moças/viúvas e condecorá-las com aquelas cruzes típicas da boçalidade dos EUA na tarefa de “libertar” o mundo. São comuns algumas quermesses no interior do território norte-americano e leilões de beijos. Logo, leilões de calendários autografados. Por que não?
Tudo termina em festa ou em calendário. Já imaginou ou tentou imaginar um soldado desses trespassado por uma bala de fuzil e onde quer que esteja agora, contemplando o calendário e percebendo que mesmo tendo morrido num país estranho, onde não tinha nada o que fazer, mesmo tendo matado civis inocentes, prendido, torturado, feito o diabo, mas tudo em nome da liberdade, do mundo cristão e ocidental, já imaginou como o pobre coitado vai se sentir?
Um rico coitado, que contribuiu para as companhias petrolíferas, para os fabricantes de armas, para banqueiros que emprestam e financiam a juros patrióticos. Percebendo, onde quer que possa estar, ou possam estar os milhares de mortos nessas guerras estúpidas do imperialismo/colonialismo capitalista o desvelo e a compreensão de suas viúvas?
Para evitar mal entendidos, dúvidas, talvez fosse conveniente formar uma comissão especial com o arcebispo de Mariana (aquele que não gosta que Aécio Pirlimpimpim seja criticado), o cardeal de Honduras, que celebrou missa no dia do golpe em intenção dos militares patriotas e sob a supervisão do papa Bento XVI, com parecer final de Edir Macedo e um show de Marcelo Rossi, comissão destinada a conceder o céu direto, o paraíso direto e reto, ou uma passagem por algo como o purgatório assim para constar um certo pesar pela “necessidade” da guerra.
José Roberto Arruda, o que copia tudo o que José Jânio Serra faz, seria o tesoureiro que, cá embaixo, arrecadaria os fundos provenientes do leilão, da venda dos calendários, tudo para ajudar vítimas da guerra. A GM, por exemplo, quebrada e sustentada pelo dinheiro público do contribuinte abóbora dos EUA? Ou um fundo de provisão para quando o petróleo tivesse ou tiver altas surpreendentes as companhias da família Bush não ficarem no vermelho?
Puro altruísmo. O capitalismo sustenta-se num fantástico cinismo, numa inacreditável hipocrisia do espetáculo, do show e o mundo seguiria impávido sob a batuta da Cervejaria Casa Branca, salvas as instituições e tudo o mais da civilização ocidental.
Senhoras e senhoras, São George Bush. São Barack Obama. Beato Tony Blair (tudo tem uma hierarquia, lógico não é?) E se a esses fossem acrescentados os assassinos de palestinos na tarefa de “limpar” o Oriente Médio de bárbaros em nome do “criador” e da escolha dos ungidos?
Perfeição. Para que tentar ficar buscando o Nirvana se o Nirvana está em Wall Street, ou em Washington, ou então num calendário? Em Londres ou e Tel Aviv?
Que o digam os que conseguiram sobreviver aos massacres “libertadores” de Hiroshima, Nagazaki, guerra da Coréia, intervenções em países da América Central, golpes militares na América do Sul, “salvação” para os paquistaneses, Iraque “livre” e agora mais trinta mil soldados para “completar o serviço” no Afeganistão. Nem toquei no Vietnã. Ou em Gaza
Ou no bloqueio a Cuba.
Creio que em reconhecimento a essa atitude despreendida das viúvas ocidentais e cristãs, devemos todos nos voltar ao Big Ben, seis vezes ao dia, agradecendo os soldados e lógico, ao calendário.
E outras tantas vezes a Washington e Wall Street bendizendo o prêmio Nobel da Paz concedido pela sabedoria de meia dúzia de noruegueses e um ou outro europeu de fora, a São Barack Obama.
Transforma o negro em branco. Fez a multiplicação das contas bancárias dos caras que o escolheram.