O SHOW DE OBAMA. NOS CAMARINS COM HILARY

Ao lado do narco/presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, o presidente dos Estados Unidos Barak Obama anunciou que condena o golpe militar em Honduras e reconhece Manuel Zelaya como presidente constitucional do país. “O seu mandato ainda não terminou e deve cumpri-lo”, disse Obama sobre a deposição de Zelaya.

A secretária de Estado Hilary Clinton declarou em seguida que o golpe é ilegítimo, que o seu país não aceita soluções que não sejam democráticas e aconselhou as partes a negociarem um acordo para restabelecer a tal ordem democrática.

 
Ou Obama não combinou o script do espetáculo com Hilary, ou Hilary é quem decide, é quem fala em nome dos subterrâneos do golpe, onde estão os controles que movem os EUA e seu governo real.

James Petras disse numa entrevista a uma rádio em Chicago que os “militares hondurenhos não moveriam uma palha sem autorização dos EUA”.

É óbvio. O fracasso do golpe contra o presidente da Venezuela Hugo Chávez, em 2022, forçou mudanças na estratégia norte-americana para esse tipo de ação comum e corriqueira na história do país. Àquela época Bush era o presidente e reconheceu o governo de Carmona como legítimo em seguida ao golpe. Acusou Chávez de ter praticado crimes contra o povo venezuelano e acabou sendo obrigado a abrigar os golpistas em Miami. O povo recolocou e confirmou Chávez no poder três dias depois.

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Republicanos são areia, democratas são vaselina. É a única diferença real entre os dois maiores partidos dos EUA. A porta da jaula para que militares derrubassem o presidente, iniciassem um massacre dos resistentes – a maior parte do povo hondurenho –, foi aberta em Washington. E a comparação de militares golpistas, em qualquer lugar, com gorilas acaba sendo injusta. Gorilas são uma espécie em extinção. Vivem em mundo familiar. Têm um comportamento que revela apurado sentimento humano. Golpistas não sabem o que é isso. 

Repetem a exaustão palavras como “democracia”, “ordem”, “legalidade”, enquanto praticam toda a sorte de atrocidades possíveis para manter o poder dos donos. E se a jaula abre, se abrem também as contas bancárias, pois não são de ferro no tal “patriotismo”.

Que o golpe em Honduras tenha sido financiado pela indústria farmacêutica com interesses contrariados em seus negócios de morte, é apenas a turma do momento. Todo o mundo neoliberal e globalizado està a mercê de bancos, grandes empresas transnacionais, latifundiários.

A turma do petróleo, por exemplo, “abastece” setores golpistas na Venezuela. No Equador, robusteceram a invasão e ocupação do Iraque até a transformação do país em colônia. É a mesma que anda mais um pouco e financia os grupos de extrema-direita na Bolívia.

O Brasil, por suas dimensões continentais, sofre ação geral. Desde as empresas voltadas para o agronegócio, às montadoras de veículos automotores, turma do petróleo agora com o pré-sal e resta controladora da maioria do Congresso, do Judiciário – cortes ditas supremas –. E bancos, evidente, são os senhores silenciosos de todas as cordas que mexem e movem o mundo neoliberal.

Quando do golpe de 1964 o presidente dos EUA era o democrata Lyndon Johnson. O secretário de Estado era Dean Rusk. A forma de encarar a “patriotada” de militares brasileiros foi a mesma. Johnson falou em “preocupação” com democracia, direitos humanos e Rusk justificou a deposição de Goulart.

O golpe militar em Honduras transcende àquele país. É a primeira ofensiva aberta do governo de Obama. O objetivo é simples. Exterminar a aliança de povos bolivarianos que, na prática, significa países que buscam manter independência e soberania. Uma alternativa ao modelo único de Washington. Recolocar na ordem do dia a discussão sobre a ALCA – Associação de Livre Comércio das Américas –.      

E tanto soa como evitar que mais uma nação latino-americana se desgarre das garras de Washington, como serve de advertência para outros governos e eventuais futuros presidentes que possam ter “arroubos” de ouvir seus povos, executar suas vontades.

Era o que Zelaya ia fazer no domingo. Um referendo para ouvir dos hondurenhos se desejavam uma reforma constitucional, ou se desejavam que tudo ficasse como está. Como banqueiros, empresários e latifundiários num espetro maior, a partir dos EUA, acham que povo é mero acessório a ser explorado e usado ao sabor dos grandes interesses “patrióticos”, abriram a jaula e soltaram as bestas-feras. Sobra para a legião de Homer Simpson a cerveja e a telinha para assistir de forma obediente o show. 

O noticiário da grande mídia reflete essa posição dúbia e cautelosa dos EUA. Faz parte do esquema, é braço das quadrilhas. Não quer esclarecer nada, quer parecer ser verde sendo camaleoa no vestir a camisa que se lhe mandam vestir os donos.

Nem que seja aquela usada por soldados de Israel noutra parte do mundo. A mulher árabe grávida e a inscrição – “com uma bala mate dois inimigos” –.

Há bem mais que um golpe em Honduras. Há uma estratégia do governo dos EUA para alcançar os mesmos objetivos de Bush, que são os objetivos de qualquer governo daquele país ao longo dos tempos.

O fracasso das políticas de Bush em controlar a América Latina, a sucessiva eleição de presidentes comprometidos com programas e governos populares recoloca em cena aquele velho tipo novo – Obama – que fala xis pela frente e enterra a faca pelas costas.

Tipo o sujeito que atrai crianças com balas, pirulitos, etc. Não tem diferença alguma, a não ser na dimensão.

É fácil prever que os norte-americanos não farão nenhum esforço para restabelecer a legalidade constitucional em Honduras, não lhes interessa essa legalidade. Pelo contrário, tentarão estender a ilegalidade golpista a outros países. 

O Brasil tem um papel chave nessa história. A posição do governo brasileiro, correta até este momento, tem que continuar a ser voltada para interesses dos povos latino-americanos, nunca para as políticas de Washington. O peso do Brasil no processo é imenso.

Não há que se buscar acordo para a situação hondurenha. É restabelecer a ordem constitucional – falam tanto nela – e assim devolver o governo ao presidente eleito Manuel Zelaya e permitir que hondurenhos decidam seu destino. 

Uma eventual perda de Honduras não representa tanto para o conglomerado de quadrilhas que dominam e controlam o mundo globalizado na ótica de Washington. O conteúdo verdadeiro do golpe, sua intenção é mostrar exatamente através de um país de dimensões territoriais menores e menor peso econômico na comunidade latino-americana que os EUA não abrem mão do controle dessa parte do mundo.

E que na cabeça dessa gente, ouvir a vontade popular e referendo é tolerável no interior de uma loja FIESP/DASLU. O resto é resto, consumidores e pronto. Até o fim da data de validade.

Se prestarmos atenção Obama não falou nada diferente de Hilary. Ao “condenar” o golpe disse que “não terminou o seu mandato, deve cumpri-lo”. É o tal acordo que Hilary falou. 

A resistência é sobrevivência.  

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