O SONHO DE GILMAR É SER CHICO CAMPOS

Todas as vezes que Getúlio Vargas tinha um “problema” de ordem jurídica e tornava-se necessário mudar a lei, afrouxar ou dar um aperto (o mais comum) recorria a Francisco Campos – Chico Campos –. Foi assim no Estado Novo, o golpe de 1937 e num sem número de “necessidades’. O jurista, era de fato jurista, ficou marcado por essa característica.

A ditadura militar se valeu de alguns “especialistas”. Alfredo Buzaid, Leitão de Abreu e em determinadas circunstâncias, quando o negócio era apertar de vez o torniquete até faltar ar, do “coronel” Jarbas Passarinho. Nesses casos os princípios e os escrúpulos iam às favas. O vade mecum de Passarinho era o porrete. Não que Buzaid ou Abreu tivessem escrúpulos, mas no caso de Abreu pelo menos sabia o que fazia.
O sonho de Gilmar Mendes é ser Chico Campos.

Foi ele quem deu forma ao confisco feito por Collor. Ou seja, elaborou o decreto presidencial do grande assalto. Foi ele quem deu contornos jurídicos ao chamado Plano Nacional de Privatização – que vendeu boa parte do Brasil e deve ter lhe rendido um bom dinheiro –. E ele que operou a mudança do Supremo Tribunal Federal, suposta mais alta corte de justiça do Brasil, em STF DANTAS INCORPORATION LTD. 

Em termos de “negócios” e à luz da lógica do neoliberalismo e sua formatação no Brasil, pode-se dizer, sem medo de errar, que Gilmar Mendes é um grande negociante. Mais adequado, um grande negocista.

Seu papel nos meses que restam – quase um ano – de mandato como presidente da empresa – STF DANTAS INCORPORATION LTD – é viabilizar todos os procedimentos possíveis para manter em liberdade bandidos do porte de Daniel Dantas, complicar no que for passível de ser complicado o governo Lula, mesmo que isso importa em maracutaias como a tal gravação feita em seu gabinete. Nunca existiu.

Ao que se saiba seu gabinete tem uma porta de saída pelos fundos – Al Capone era mestre nisso porta de entrada para a funerária e porta de entrada interna para o cassino, como porta de saída de “emergência – e o que, pelo menos publicamente, entrou ali foram os fundos do embaixador da Itália no caso Cesare Battisti. Falo do gabinete de Gilmar.

O presidente da empresa STF DANTAS INCORPORATION LTD já ia arrumando um desses arranjos de deixar Chico Campos com vergonha, para votar duas vezes no caso do pedido de extradição de Cesare Battisti. Parece estar apavorado com declaração do ministro Tarso Genro que, independente da decisão da empresa, é só uma sugestão, a competência final é do presidente da República.

Deve, com certeza, ter recebido um adiantamento e quer o resto, mesmo porque o embaixador pode ter negociado o acordo com devolução se a tarefa não for cumprida a contento.

Chico Campos não tinha esses trens não.

Toda a movimentação de Gilmar Mendes, todas as negociatas do presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD, têm um objetivo final. Viabilizar o caminho para que o governador de São Paulo José Serra chegue à presidência da República ano que vem e acabe o que FHC começou, passando de vez a escritura do Brasil para os compradores. Grandes grupos econômicos, bancos, latifundiários e governo dos EUA.

As diárias recebidas só demonstram a movimentação de sua excelência – sua, minha não – no afã de cumprir o dever com mérito e garantia de novos negócios no futuro.

É um escárnio que Gilmar Mendes sabidamente corrupto, com fatos e provas exibidos pela mídia independente, continue a presidir o STF, mantendo-o como empresa. Pouco importa que ali existam ministros honestos. O presidente é ele, quem fala pelo STF é ele e sendo assim não fala por uma corte de justiça, mas por uma empresa onde os acionistas majoritários são Daniel Dantas, tucanos e todo o esquema FIESP/DASLU.

Quem primeiro descobriu o sonho de Gilmar, o Chico Campos do século XXI, foi um amigo de rara capacidade de observação e inteligência acima de qualquer dúvida. Tipo acertar na mosca.

Essa última manobra do presidente da empresa STF DANTAS INCORPORATION LTD para votar duas vezes no caso de empate, especificamente voltada para a vergonha que é manter Cesare Battisti na prisão, o desqualifica para o objetivo. Chico Campos não era assim lambão.   

E era um jurista no duro. Gilmar é chicaneiro. 

O tamanho de Gilmar é Diamantino. Com botas, espora e chapéu de vaqueiro, montado no seu cavalo alazão dando ordens na alcaideria, pondo e dispondo prefeitos, firmando contratos com seu instituto/faculdade, comprando jornalistas da GLOBO – Heraldo Pereira – e empregando pares – danado isso, mas é – nas arapucas que vai montando por aí.

De repente um sujeito desses pega um trem do tamanho do Brasil, não dá outra. Desembesta a fazer besteira – em proveito dele – e como não reagem, continua fazendo.

E eu que pensei que depois de Nelson Jobim e sua célebre frase ao tomar posse no STF – vou ser uma espécie de líder do governo nesta casa – não seria mais possível tanta esculhambação na tal suprema corte.

Leitão de Abreu, último dos ministros da Justiça da ditadura, tinha saber jurídico. Fascista capaz de citar Goethe de trás para a frente, mas fascista, não desmerecia seus chefes. Buzaid arrumou tanta trapalhada que cortaram-lhe as asas em pouco tempo. Mas Gilmar sobrevive a essa impunidade geral.

Ou melhor, “punidade” só para Protógenes, o juiz De Sanctis e outros que imaginam que as leis funcionam para gente como Daniel Dantas, José Serra, FHC, mesmo os menores, bandidos assim que nem Gérson Camata. O cara é senador, empregado da Norberto Odebrecht, sócio de Aécio em patrimônio comum, tem residência própria em Brasília e ele e a mulher deputada recebem auxílio moradia. Ou seja, dois auxílios moradia para uma família só. E eleitor de Serra.

Pior só mistura de Tasso Jereissati com Álvaro Dias. Aí nem Gilmar dá jeito. Nem com novo ato institucional. O cheiro é por demais fétido e o risco da gripe pilantragem virar uma pandemia como gosta de dizer o porta-voz dessa turma William Bonner é grande. Grande demais.

Vai só sonhar querer ser Chico Campos. Só sonhar. Falta estofo.  

Ao contrário das Granjas Carrol no México, que deposita as fezes e a urina dos porcos que cria em vasilhames abertos e por isso a gripe suína – um milhão de porcos por ano – Gilmar esconde a sujeirada debaixo do tapete, no melhor estilo FHC. Um ventinho e pronto, a tal pandemia. E o negócio dele não é suíno, é money. É bom não cometer injustiças com a espécie que “produz” lombos e pernis muitos da melhor qualidade. E costelas, deliciosas costelas.

Gilmar quebra costelas. Costelas da dignidade do cargo que exerce, da justiça, todas as que se lhe apresentam e se opõem aos seus patrões.


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