A ciência define de forma um tanto matemática os conceitos de estado de coma e morte cerebral. Mas não define de forma absoluta. Em várias situações controvérsias marcaram a tênue linha que separa o coma da morte cerebral. A não ser que sejamos norte-americanos ou israelenses, ou seja, a não ser que sejamos superiores e escolhidos por Deus, temos que conviver com a dúvida.
Paulinho, filho de Paulo Pavesi morreu aos dez anos vítima de uma queda de uma altura de dez metros. Foi levado a um hospital em Poços de Caldas, MG e lá o médico álvaro yannes anunciou no dia seguinte morte cerebral. Pediu à família para doar os órgãos do menino e aí começa uma sucessão de crimes.
O Conselho Federal de Medicina define no protocolo 1 480/97 os procedimentos para se estabelecer a morte cerebral e diferenciá-la do coma.
Os pais de Paulinho autorizaram a doação dos órgãos do menino e o mesmo médico que fez a remoção dos órgãos doados fez os transplantes, o que caracteriza uma ilegalidade, ou descumprimento da lei como disse uma autoridade do Ministério da Saúde à época dos fatos. O ministro era josé serra, hoje governador de São Paulo e pré candidato a presidente da República.
Meses depois da doação o pai de Paulinho recebeu uma conta do hospital Pedro Sanches, onde era diretor o médico álvaro yannes. As doações foram cobradas ilegalmente. Deveriam ter sido debitadas ao SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE –.
Em cada passo dessa história a dúvida. Paulinho de fato teve morte cerebral, ou o médico negociou os órgãos do menino fora dos procedimentos normais? O hospital não era credenciado para tal tipo de procedimento e a fila de espera para transplantes foi furada. O médico vendeu os órgãos?
O caso nunca saiu do lugar. Ficou do mesmo tamanho o tempo todo apesar de ter sido mostrado na rede mais poderosa de tevê do País, a GLOBO, num dos principais programas jornalísticos da rede, O FANTÁSTICO e de josé serra ter dito que se tratava de um "absurdo". De geraldo brindeiro, então procurador geral da república ter declarado o de sempre, que os culpados seriam punidos.
Ninguém foi. O pai de Paulinho acabou processado por injúria, calúnia, difamação, essas coisas assim.
Quadrilhas especializadas operam hoje um dos negócios mais lucrativos do chamado mundo do crime. O tráfico de órgãos. A um ponto tal que seqüestros foram feitos para o roubo de um rim. Mais de uma, duas, ou três vezes. Centenas em todo o mundo.
O caso veio rolando desde a morte de Paulinho e o governo da Itália concedeu asilo a Paulo Pavesi, cidadão brasileiro, com descendência italiana – dupla nacionalidade como assegura a lei naquele país –.
Com a decisão do ministro Tarso Genro de dar a Cesare Battisti a condição de refugiado político, o refúgio humanitário, o governo fascista de sílvio berlusconi tomou a decisão de retaliar o Brasil de todas as formas possíveis. Seja protestando, seja tentando interferir em decisões estritas do governo brasileiro, ou seja, questão de soberania nacional (usou gilmar mendes, corrupto de plantão no supremo tribunal federal).
É fácil compreender toda a dor, toda a revolta, todo o asco que cobre a vida de Paulo Pavesi. Difícil é entender o uso de uma pessoa mortificada pela dor da perda do filho para fins políticos. Paulo Pavesi já recebeu solidariedade de um dos políticos mais frios e cínicos do País, o governador de São Paulo josé serra e asilo na Itália.
Nunca foi um perseguido no Brasil. Sofreu ameaças sim. Muitas. Conheceu a dor e os rigores dos poderosos do mundo do crime legalizado quando seus "negócios" são ameaçados.
O próprio serra nada fez exceto aparecer no FANTÁSTICO e classificar o fato de "absurdo", isso quando era ministro da Saúde.
É candidato agora, está limpando a área de problemas, blindando a imagem na mídia corrupta e venal e usando pessoas como Paulo Pavesi.
O caso Cesare Battisti se transforma numa arma política para bandidos desse naipe.
Que o governo de um banqueiro/mafioso use e abuse desse tipo de expediente revoltante é da genética de banqueiros em si mafiosos sempre. Pior são figuras como serra que se presta a toda e qualquer atitude para servir aos seus senhores. É característica tucana que se revela agora na demissão do maestro regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo por ter criticado uma decisão do governador. De "deus". A demissão chegou por e-mail enviado pelo presidente de uma comissão de cultura, um trem assim, um pilantra chamado fernando henrique cardoso.
O interessante nisso tudo é que o presidente da França, Nicolas Sarkozy concedeu asilo a Marina Petrella, integrante do grupo de luta armada Brigadas Vermelhas, na Itália e berlusconi nem chiou, nem protestou, nem coisa alguma. Engoliu.
E coincidentemente tudo isso acontece quase que ao mesmo tempo. A ministra das não sei quantas recebe na Itália a Paulo Pavesi, uma ONG de extrema-direita financiada pelo presidente da Câmara dos Deputados apóia Pavesi no seu pedido de asilo e a mídia destaca, apresenta o Brasil como se fosse uma república de bananas e não banana república, é diferente. gilmar mendes pode ser um sem vergonha, mas Tarso Genro não é.
fernando henrique e josé serra podem ser canalhas. São, como canalha é aécio (canalha drogado). Mas Lula não é. Tem milhares de defeitos, erros, como qualquer um de nós, mas esse não está incluído, mesmo porque, apesar de petista não é tucano.
O caso Cesare Battisti está recheado de irregularidades na Itália. Os advogados do escritor divulgaram nota explicativa onde se percebe que a não ser que tenha o dom da onipresença os crimes que foram imputados a ele por um delator num acordo para ficar livre de condenação, não podem ser reais. Dois crimes em locais diferentes, cidades diferentes e horários quase idênticos.
É pura exibição do grotesco primeiro-ministro sílvio berlusconi. E é a cretinice e a canalhice elevada à potência infinita usar Paulo Pavesi.
Como é erro do governo do Brasil não tratar a política de transplante de órgãos com a transparência devida. Favorece o crime e isso é omissão em qualquer lugar do mundo, logo, omissão também é crime.
A dor de Paulo Pavesi não tem nada a ver com o abrigo concedido a Cesare Battisti. Um ato de soberania do governo do Brasil. Seguindo as regras e as normas do direito internacional. Da tradição brasileira.
Quem está confundindo a coisa é o governo da Itália ao usar Paulo Pavesi.
Deveriam arranjar um francês também, para fazer o mesmo e tentar interferir nos negócios internos da França. Quem sabe lá tem um gilmar mendes, um serra, um fhc, um aécio, um sem vergonha desses? Se são capazes de vender a mãe se mãe der lucro, o que não fazem?
É uma pena que um cidadão decente e digno como Paulo Pavesi se deixe usar assim. Mas é compreensível. Não se pode quantificar a dor de um pai na perda de um filho.
Isso torna a canalhice dessa gente maior ainda.