Eike é o ex-marido de Luma de Oliveira, fica mais fácil identificar assim.
Quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente da República em 1994, o ministro e sócio Sérgio Motta, lembra-me um estimado e atento amigo, falou de 20 anos de império tucano para acoplar o Brasil ao modelo neoliberal. Perguntado sobre como conseguiriam isso, respondeu "comprando a mídia". Perguntado sobre como comprar a mídia foi curto e rasteiro: "jornalista come na mão se o grão for farto". Esqueceu-se de falar de deputados e senadores, os comprados para aprovar a reeleição, em 1998, de FHC, já transformado em FHV (Fernando Henrique Vende).
Os idiotas do mercado são aqueles que vivem a dizer que a economia desanda por conta das intervenções do Estado na iniciativa privada. Se governos não se atrevessem a tentar organizar alguma coisa tudo estaria funcionando direitinho.
Não conhecem os donos do mercado, por isso são idiotas. Trabalham com a convicção que o mercado é um deus visível, palpável e por isso mesmo passível de credibilidade maior.
Vamos lá. Quando do "milagre" da telefonia celular" as várias companhias que vieram para o País no outro "milagre", o da privatização, contrataram com o governo, tanto o de FHC, como agora o de Lula, preços vis e subsidiados pelo Estado para operarem. O esquema das antenas geradoras da dita telefonia. A primeira ponta, digamos assim. De lá para cá as empresas continuam pagando à TELEBRAS os mesmos valores dos primeiros contratos e quebrando o pau no mercado de atrair consumidor.
A farra o Estado pago. Se o Estado paga, o dinheiro sai do cidadão. Assim, aquele negócio de falar mais e pagar menos sai do bolso do incauto que acredita que a companhia xis oferece maiores vantagens que a companhia ipisilone.
No meio dessa história tem o "dabliú", uma espécie de punguista do mercado que bate a carteira do consumidor.
E, lógico, as agências de publicidade oferecendo fartos grãos tanto a empresas de mídia como a jornalistas padrão Miriam Leitão, Willian Bonner, etc, etc.
Não sei quem disse que Bush errou ao chamar Lula para a reunião do G-8, os oito países com maior economia do mundo, para discutir a crise. Sugeriu que Miriam Leitão fosse a convidada. Tem solução para tudo desde que o grão seja farto.
Mais de seis bilhões de dólares, segundo o Banco Central do Brasil (filial do Banco Central dos EUA) saíram da bolsa só neste mês de outubro. Na ótica de Delfim Neto o país está pronto para crescer basta trabalhar e produzir.
Não explicou o que. A lógica da globalização é simples. Produzimos matérias primas e eles industrializam e nos vendem produtos industrializados. Se o governo Lula tivesse aceito os termos do acordo assinado por FHV com Clinton para a implantação da ALCA (Associação de Livre Comércio das Américas) o pré-sal inteiro seria deles, os norte-americanos.
Não que Lula seja diferente de FHV na condução da economia. Não é não. Só é mais esperto. Inventou o que Ivan Pinheiro chama de "capitalismo brasileiro". Inventou até o "imperialismo brasileiro", com o decreto que permite a ação do governo em outros países no caso de interesses contrariados.
Como os interesses estão assegurados na Amazônia com o general norte-americano Augusto Heleno, tratou de mandar tropas para a fronteira com o Paraguai no afã de evitar que o contrato de espoliação imposto àquele país pela ditadura militar possa ser revisto e que latifundiários brasileiros sejam expulsos ou tenham "suas terras" conquistadas. O que o Paraguai quer é simples: poder negociar a sua parte de energia gerada pela usina de Itaipu (binacional) a preço do tal mercado.
Que o Equador abra os olhos, pois de repente ao invés dos narco/militares colombianos os equatorianos podem acordar com os militares/patriotas brasileiros defendendo a Norberto Odebrecht. É que a empresa foi expulsa pelo presidente Rafael Corrêa por ter construído uma usina fora das especificações.
O Estado brasileiro está privatizado desde os tempos de FHV. Lula só finge que atenua esse processo ao criar uma espécie de neoliberalismo popular. Ao tentar vender a idéia de um "capitalismo a brasileira". Não conhece a história de Sobral Pinto e um coronel desses que morre pela Pátria e vive sem razão, já que aprendeu a marchar para não ter que pensar.
Preso em 1964 o ilustra jurista e extraordinário brasileiro foi convidado a almoçar com seu carcereiro e ouviu a explicação que o golpe iria criar a "democracia a brasileira". Sobral respondeu que "democracia não é como peru coronel. A brasileira, a moda, a califórnia, democracia é democracia ou não é".
Toda a conta das fraudes bancárias, dos financiamentos a fundo perdido a latifúndios e a empresários/quadrilheiros como Ermírio Moraes e Eike Batista está sendo paga pelo Estado, pelo cidadão. Centavo a centavo.
Esse é o idiota do mercado, o que acredita piamente que estamos no século XXI e rumo ao futuro.
Breve vai estar andando de diligência. Ou montado em jegue. É simples. Subsidiada pelo Estado a indústria automobilística está entupindo as ruas de automóvel e poluição e os caras chamam isso de progresso.
O vaticínio de Sérgio Motta funcionou. A mídia come o grão farto, jornalistas em sua esmagadora maioria comem o grão farto e o império tucano sobrevive no arremedo de império petista. Mesmo porque o principal funcionário do governo é norte-americano, o presidente do Banco Central e um dos ministros chaves também, Mr. Mangabeira Unger. Ambos devem viajar na próxima terça-feira para votar nas eleições presidenciais de seu país de origem.
Nesse decreto presidencial sobre "interesses contrariados", o decreto nº 6 592 de 2 de outubro e que cria a Sistema Nacional de Mobilização (SINAMOB), ainda acabam indo ao castelo de Drácula e ressuscitando o assistente do conde, o coronel Brilhante Ustra.
É o cara da borduna, na versão de Darcy Ribeiro sobre o Estado