"O SANTO NOME EM VÃO" – "ATENDE DEPRESSA NÃO, É BANDIDO"

O ex-presidente FHV (Fernando Henrique Vende) é citado por Daniel Dantas nas conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal. Dantas dá conta de um fundo em sociedade do com o City Bank e deixa claro que sua influência sobre FHV vai ajudar a resolver algumas pendências, além de ser garantia de lucros. FHV era presidente da República e Dantas coordenava o processo de privatização/venda do Brasil. 

O tal que ia transformar o País em potência do primeiro mundo, mas só enriqueceu tucanos e associados, dentre eles o ex-presidente. A Polícia Militar do Rio de Janeiro matou o administrador Luís Carlos Soares da Costa na noite de segunda-feira. Segundo o coronel Rogério Leitão, relações públicas da "corporação" (ou grupo de extermínio), os policiais militares agiram em legítima defesa. 

Deu-se mais ou menos o seguinte. O carro do administrador foi roubado pelo bandido Jéferson dos Santos Leal que o manteve como refém, na "modalidade" chamada seqüestro relâmpago. Os policiais notaram que o carro desviou-se ao avistar a viatura onde estavam, seguiram e atiram como sempre sem perguntar, após uma fechada brusca. 

No hospital para onde levaram os dois, o seqüestrador e o administrador, disseram ao plantão que não havia necessidade de atendimento rápido pois eram bandidos. Só depois verificaram que o administrador não tinha nada de bandido. O coronel diz que agiram em legítima defesa. 

Fernando Henrique Vende disse em entrevista que Daniel Dantas foi contar a ele que estava montando um fundo com o City Bank e nada além disso. Aí, a modéstia: "o resto é bobagem, usaram o santo nome em vão". 

De dar inveja naquele negócio do repórter perguntando ao deputado Paulo Salim Maluf, patrono dessa gente. "A conta está no nome de Paulo Salim Maluf e o CPF é o do senhor, o senhor confirma que o dinheiro é seu?". Resposta de Maluf ao vivo, a cores e em rede nacional: "não, trata-se de um homônimo". 

O coronel relações públicas do grupo de extermínio chamado Polícia Militar, a do Rio (não tem diferença de nenhuma outra, são iguais na gênese e na prática, variam apenas no estilo), declarou que vão ser mudados a médio e longo prazos os métodos de treinamento para evitar que fatos assim, como o do menino João Roberto e agora do administrador Luís Carlos Soares da Costa voltem a acontecer, ou aconteçam com freqüência. Pior a emenda que o soneto. 

Tanto a explicação de FHV como a do coronel são daquelas que quanto mais se explica mais complicado fica, mais ainda se chafurdam na mentira. 

As fitas em poder da Polícia Federal e obtidas com autorização da Justiça (essa com letra maiúscula, não é a de gilmar mendes) mostram a conversa em que se intenta subornar um delegado. Um milhão para que Dantas, a irmã (sócia da filha de Serra em Miami) e diretores do Opportunity fiquem fora das investigações. 

Ainda bem que Daniel Dantas não roubou um pote de margarina num supermercado, ou numa padaria para dar de comer ao seu filho. Roubou bilhões dos brasileiros, num governo de ladrões, o de FHV. Tivesse roubado o pote de margarina estaria preso. 

Mas bilhões permitiram colocar um dos integrantes da quadrilha tucano/DEMocrata no stf, o advogado e chicaneiro gilmar mendes. Garante os "negócios", desmoraliza o poder judiciário, transforma-o em apêndice do banditismo. 

O presidente Lula fez críticas ao caráter da Operação Sathiagra. Segundo ele a Polícia Federal teria de fato "espetacularizado" a ação. Se o fato for verídico é bobagem esperar mais alguma coisa, ter uma réstia de esperança. As críticas de Lula teriam sido feitas em reunião reservada e, óbvio, alguém trouxe para fora. 

Ou o presidente quer por panos quentes em cima da ação policial e aceitar o sapo que gilmar mendes plantou, engoli-lo, digeri-lo, isso é atitude política de anão, de medo, ou estão tentando complicar Lula. 

Há um erro crasso e muitas vezes proposital em tentar confundir a luta política e revolucionária com luta por dentro do sistema, quando se fala de Dantas, de operações da Polícia Federal. 

Os direitos humanos de Dantas não foram violados. Não foi torturado, submetido a tratamento degradante e nenhum princípio legal foi desrespeitado. As decisões do quadrilheiro que preside o stf foram cumpridas na hora. 

O argumento que lutar contra gilmar mendes, contra a instrumentalização do poder e do Estado por bandidos seria lutar por dentro do sistema, é puro sofisma, do contrário teríamos que deixar os bandidos operar livremente aí não iríamos nunca a lugar nenhum.   

Prender Dantas tem sentido sim. Combater a corrupção, que é intrínseca ao capitalismo e no caso é conseqüência do processo de privatização do País conduzido por Dantas no governo FHV. é quebrar uma das espinhas dorsais do modelo, mesmo que permaneçam o banqueiro do Bradesco, do Itaú, todos os banqueiros, mesmo que Paulo Stak continue solto e presidente da FIESP. E mesmo que Paulo Hartung continue governador do estado ARACRUZ/VALE. 

Por ser intrínseca ao capitalismo a corrupção tem que ser combatida. É parte viva dele, instrumento de poder, opressão, de disseminação do modelo. Ignorar isso beira a ingenuidade ou a cumplicidade. A mídia vale-se dela para alienar. 

Os militares que costumeiramente costumam se assanhar com determinadas atitudes ou decisões do governo Lula (que tem recuado e muito, lamentavelmente, se perdendo nos momentos decisivos), nesses momentos ficam calados, quietos, são cúmplices desse processo, pois a eles, os que deram o golpe de 1964, vale o modelo, defendem o modelo, como o fez recentemente o general Augusto Heleno. 

A PM que mata uma criança no Rio, um cidadão vítima de seqüestro, ou uma jovem "por engano" no Paraná, é a mesma que chacina camponeses em Eldorado do Carajás e achaca trabalhadores. As maiores empresas do País dispõe de cárceres privados e contratam PMs em grande maioria como seguranças. 

O modelo está falido, mas por conta de um eventual raciocínio que seria deixar de lado o pensamento revolucionário para deter-se em migalhas é no mínimo esquisito. 

E ou Lula enfrenta essa gente, ou termina igualzinho a eles, no lixo da história.
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