É estranho que o general Augusto Heleno não tenha feito referências ao
avanço do desmatamento no Estado Pará. É uma das ações predatórias e
que coloca em risco a soberania nacional sobre a Região e a integridade
do território brasileiro ali.
O desmatamento não é provocado por índios. Mas por empresas de grande
porte, latifundiários e se dá para o plantio da soja, pastos para gado
e aproveitamento da madeira na área desmatada.
Os dados são da IMAZON, uma ONG, foram divulgados pelo jornal ESTADO DE SÃO PAULO, da chamada grande mídia e que ainda não percebeu a proclamação da República, imagina que o neto de d. Pedro II seja o governante do País. O que, nesse caso confere credibilidade.
E curioso, no mínimo, que o general não tenha se referido aos crimes ecológicos cometidos na Região pela VALE (antiga VALE DO RIO DOCE), na prática, parte do território nacional desmembrado por uma empresa senhora absoluta de tudo e de todos, inclusive com poder de polícia (via pistoleiros).
Seria coerente ouvir do general, por exemplo, que entra na VALE a hora que quiser, com a mesma entonação e o mesmo sentido que disse que entra na reserva indígena em Roraima.
Existem inúmeros inquéritos policiais e processos na Justiça sobre ocupação ilegal de terras no Centro Oeste e na Amazônia. Grileiros que se apossam de terras públicas e obtêm de cartórios cúmplices na invasão, escrituras falsificadas. Assim se constituiu o latifúndio, ou boa parte dele nessas regiões.
O general não diz uma palavra sobre eles nem sobre muitos desses latifundiários que hoje são meros agentes de empresas estrangeiras como a MONSANTO, detentoras de boa parte do território nacional no chamado agro-negócio.
É claro que existem ONGs que atuam na direção dos interesses estrangeiros. Perceberam o poder dessas organizações. São financiadas por empresas como a VALE, como as grandes do setor de fertilizantes, agrotóxicos, de pesquisas e implantação/plantio/cultivo de transgênicos. Sobre elas o general não disse uma palavra.
Referiu-se a ONGs que defendem os direitos dos índios, direitos humanos dos pequenos agricultores. Que defendem a reforma agrária. Que lutam contra o desmatamento. Essas foram as ONGs atacadas pelo general.
A questão transcende a todos os pontos ventilados pelo nacionalismo canhestro do general. O que está em jogo é o processo de integração dos países da América do Sul e isso não interessa aos norte-americanos, acostumados a mandar e desmandar por aqui e a controlar governos, militares, etc, no esquema império, imperialismo.
Como agora, a crise de alimentos. Há dois aspectos fundamentais nessa história, ou três. Primeiro, estão diminuindo as áreas de plantio de alimentos. Segundo são substituídas por áreas voltadas para a produção de bio combustível e terceiro a crise é provocada pelos grandes do setor que com isso realizam lucros na alta dos preços que provocam e saem fora da crise que ameaça e começa a se fazer sentir nos Estados Unidos.
O dinheiro gasto na guerra do Iraque alimentaria a África inteira.
No Brasil inclusive, pois se como diz Lula, é fato, não há no etanol brasileiro riscos para a produção de alimentos, existe um impressionante avanço da pecuária (pastos) acima de tudo para exportação e dos transgênicos, com uma concentração da propriedade da terra em poucas mãos, ou seja, acentua-se essa concentração. Ligo, fica prejudicada a produção de alimentos.
A reforma agrária, basicamente voltada para o cidadão, o camponês sem terra, a produção de alimentos, vai para as calendas na obsessão de exportar e para tanto desmatar, associar-se a interesses não nacionais.
O general Heleno só fez ser porta-voz dessa gente. Dos donos. Ou como diz a música de Chico Buarque na ÓPERA DO MALANDRO, "o culpado é o garçom". Culpado pela cachaça falsificada.
Ou pelo nacionalismo falsificado do general.