A primeira preocupação, a primeira tarefa de qualquer governo, é assegurar a tranquilidade dos organismos econômicos, para que o grande capital possa continuar a fazer negócios. O ordenamento jurídico político do Paraguai são os andaimes que sustentam o capital transnacional e a oligarquia e seus negócios.
No nosso país, aliaram-se duas gangues – Frente Guazú (Frente Ampla [2] e Partido Liberal), que se autodenominaram “Aliança Patriótica para a Mudança”. Uniram-se para recolher o butim, para saquear o estado paraguaio.
O que aconteceu na 6ª-feira, 22 de junho, foi o que se pode chamar de assalto com punhos de renda: uma gangue assaltou outra, aliado roubou o aliado, derrotou-o com maioria parlamentar e expulsou do poder os que, agora, se dizem traídos. O objetivo da política criola desde 1870 sempre foi o mesmo: assegurar ao capital transnacional e à oligarquia local a continuação de seus rendosos negócios. Essa é a função dos pequenos burgueses da Frente Guazú, que, com seus discursos socialistas enganaram e destruíram, com subornos, quase todo o movimento popular no Paraguai.
Não nos enganemos: a distribuição de esmolas, a que chamam “assistência condicionada” é política do Fundo Monetário Internacional, como medida de urgência, ante o rápido empobrecimento dos povos. Consequência disso, são medidas impostas pelo mesmo Fundo Monetário Internacional, para fingir sensibilidade ante o sofrimento do povo. Subornam para anestesiar e, assim, frear a radicalização das populações. Ao mesmo tempo, aumentam a possibilidade de o capital vender mais, recolhendo também dinheiro do estado.
Mas um setor do movimento camponês cansou-se de mendigar. Cansou-se de ver suas reivindicações sempre jogadas na lata de lixo de um ou outro burocrata. Esse movimento assustou a oligarquia e os cães lambe-botas dos políticos. O que se viu foi disputa entre o luguismo e outros partidos que o luguismo protege e defende, ao defender a propriedade privada.
Foram assassinados 11 camponeses heróis, cansados de desalojamentos e remoções, que decidiram resistir.
O povo conhece muito bem o “conto” do governo luguista: que haveria infiltrados. Não passa de teatro urdido pelo governo agora derrubado, para encobrir seus crimes.
A ordem dada às forças da repressão (FOPE - Fuerza de Operaciones de la Policía Especializada [3] , GEO) é desativar, reprimir e, sendo preciso, afogar em sangue a luta do povo. As forças da repressão existem para proteger os oligarcas e suas propriedades.
Sempre dissemos ao povo que o governo Lugo agora derrubado servia como escudo para os interesses dos ricos, enganando o povo com seus discursos socialistas.
O Ejercito del Pueblo Paraguayo convoca os setores populares a lutar por seus verdadeiros interesses de classe. Nenhum governo pró oligarcas será algum dia legítimo aos olhos do povo. Muito menos o atual governo golpista, do ultradireitista Federico Franco.
O sangue derramado de nossos mártires da luta popular de Curuguaty nos fortalece e obriga nossa ação revolucionária. Nosso único comandante supremo é o povo pobre.
Sigamos construindo sem pausa as milícias Lopiztas do Ejercito del Pueblo Paraguayo, para lutar pela única vitória pela qual vale a pena lutar: a felicidade e o bem-estar do povo faminto do Paraguai.
VIVA os heróis camponeses de Campo Morombi! VIVA o EPP!
Juramos vencer. Não nos renderemos.
Fonte: Radio Ñandutí
2/7/2012, COMUNICADO DO EPP (EJERCITO DEL PUEBLO PARAGUAYO) [1]
“SOBRE LA MASACRE DE CURUGUATY Y EL JUICIO POLÍTICO A LUGO”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Notas dos tradutores
[1] Ejercito del Pueblo Paraguayo - EPP
[2] Leia alguma informação sobre Frente Guazú
[3] FOPE (Fuerza de Operaciones de la Policía Especializada) “é a unidade de forças especiais da polícia nacional do Paraguai. São treinados por norteamericanos em técnicas de patrulha, contraterrorismo e contraguerrilha. Embora sejam unidade policial, usam armas de assalto (M16 e GALIL fabricado na Colômbia, fuzil de combate usado por vários exércitos latinoamericanos. Atualmente, combatem o EPP, grupo guerrilheiro”.