Se for voltado à melhoria da infra-esturura, programa de criação de trabalho para pobres pode ser mais eficiente do que transferir renda.
Programas de geração de empregos podem ser mais eficientes
no combate à pobreza do que programas de transferência de renda, pois incluem a
execução de obras de infra-estrutura que, depois de prontas, seriam aproveitadas
pela população, como escolas, sistema de saneamento básico e rede elétrica. A
avaliação é de um estudo sobre o Quênia feito pelo Centro Internacional de
Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD, resultado de uma parceria com o
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O trabalho simulou duas
situações. Em uma delas, seria implantado um programa que concedesse um
benefício mensal para todas as crianças pobres entre seis e 14 anos — semelhante
ao Bolsa Família. Na outra, o mesmo montante de recursos seria usado em um
programa de geração de postos de trabalho para todos os pobres desempregados ou
com salário inferior ao oferecido pelo programa.
As duas iniciativas
elevariam o rendimento mensal das famílias de baixa renda e teriam impacto
parecido na redução da proporção de pobres. “Porém, os programas de emprego
provavelmente teriam um impacto mais forte, por ajudar a construir
infra-estrutura social e econômica. Se o programa constrói hospitais e escolas,
por exemplo, ele aumenta a oferta de serviços sociais”, afirma o artigo em que o
estudo é apresentado, intitulado Criação de Emprego versus Transferência de
Renda no Quênia.
O texto aponta que os programas de geração de trabalho
tenderiam a ser mais benéficos para o grupo dos 10% mais pobres. “Isso porque o
número de desempregados e de pessoas com salários baixos é maior entre eles”,
diz o autor do artigo, Eduardo Zepeda.
Além disso, o programa de geração
de emprego teria um impacto maior entre os pobres das zonas urbanas, pois nessas
regiões há mais desempregados e mais pessoas com baixos salários no mercado de
trabalho. Nesses locais, o rendimento das famílias pobres aumentaria 78% com o
programa de emprego e 26% com a transferência financeira.
Já nas zonas
rurais um programa semelhante ao Bolsa Família seria mais eficiente, pois os
domicílios dessas regiões têm mais crianças em idade escolar do que os dos
centros urbanos. Um programa de transferência de renda elevaria o rendimento em
37% , e o programa de geração de trabalho, 27%.
O estudo aponta que os
programas de emprego poderiam desequilibrar o mercado de trabalho, ao elevar a
média dos salários. “Porém, é necessário avaliar que o equilíbrio nem sempre é
benéfico: às vezes, trata-se de uma situação equilibrada em que poucos têm
emprego”, afirma Zepeda.