Dossiê especial – microalgas e biocarburantes

No mês passado, o BE Espanha apresentou, através do artigo “As microalgas, uma pista promissora para os biocarburantes” (1), o potencial das microalgas para a produção de biocarburantes de terceira geração, através do exemplo das pesquisas efetuadas pela empresa BFS BioFuel System, baseada em Alicante.

Ainda este mês, diversas experiências sobre as microalgas foram divulgadas pela imprensa espanhola, prova de um interesse maior por esta promissora fonte de energia na qual a Espanha se envolve cada vez mais. Dentre as diversas iniciativas, podemos mencionar a criação de uma plataforma experimental no aeroporto de Barajas, em Madri, a adaptação de central térmica de Carboneras ou ainda o projeto europeu EnerBioAlgae, desenvolvido conjuntamente por cientistas franceses, espanhóis e portugueses, na Galícia e em Portugal.

Nestes três projetos detalhados abaixo, o objetivo é duplo: capturar CO2 e produzir biocarburantes.

Uma plataforma experimental instalada no aeroporto de Madri

600.00 euros serão dedicados ao projeto de produção de biocarburantes a partir de microalgas que deverá ter início no Aeroporto de Madri no mês de junho de 2011.
A iniciativa apresentada pelo Instituto de Bioquímica Vegetal e Fotossíntese de Sevilha é apoiada pela Secretaria de Estado de Transportes bem como pela presidência da AENA (Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea), da Iberia e da AlgaEnergy (2).

Este centro de experimentação localizado no terminal T4 e gerenciado pela AlgaEnergy, dedicar-se-á ao aprimoramento das tecnologias para a captura de CO2 originadas nas instalações do aeroporto, com o objetivo de cultivar microalgas destinadas à produção de biomassa. A Repsol, como acionista e membro técnico da AlgaEnergy, será a responsável pela conversão das algas em biocarburantes.

- A plataforma tecnológica será abastecida com água destilada proveniente do purificador da Iberia, vai usar o CO2 originário das instalações da AENA e do banco de ensaios de motores da Iberia. Ela servirá como fornecedor de biomassa aos membros do programa CENIT-VIDA "Valorización Integral de Micro Algas", gerido pela Iberdrola, e permitirá também desenvolver as patentes dos procedimentos biológicos que a AlgaEnergy obteve do CSIC (equivalente do CNRS francês). As Universidades de Sevilha e de Almeria, pioneiras mundiais neste campo, irão participar das experiências e processos para a obtenção dos objetivos da plataforma;
- O lançamento da segunda fase de desenvolvimento de uma planta-piloto de microalgas na usina térmica de Carboneras, de propriedade da Endesa. Em uma área de 1000 m2, próxima a uma central térmica, na vila costeira de Carboneras, na região de Almeria, a Endesa já instalou uma usina-piloto de microalgas, cultivadas com o CO2 gerado pela queima de carvão na central.

Iniciado em 2006, o projeto batizado de CenitCO2, é gerenciado pela Endesa, a grande empresa espanhola de distribuição de eletricidade e gás, apoiada pelo Ministério da Ciência e da Inovação e conta com a participação da Universidade de Almeria, bem como dos centros de desenvolvimento tecnológico Leia de Navarra e Aitemin de Madri (Associação para Pesquisa e Desenvolvimento Industrial dos Recursos Naturais) (3). Uma parte do projeto é financiada pelo CDTI (Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial).

A empresa utiliza uma tecnologia patenteada pela Endesa para o suprimento de CO2 em meio aquoso. De fato, as algas são alimentadas por vários tubos que lhes fornecem, cada um, os elementos necessários para seu crescimento: nutrientes, ar atmosférico, água e CO2. No caso da central térmica de Carboneras, o CO2, extraído diretamente da zona de combustão da central é injetado na zona de cultivo com a água do mar A primeira fase de desenvolvimento do projeto consistiu em, além do fato de por em operação a usina e selecionar microorganismos para água salgada, demonstrar o potencial de sobrevida das algas sem a necessidade de água purificada.

A injeção de gás em meio aquoso até aumentaria a voracidade das algas. Toda a produção é automatizada. Nos 15 biorreatores atualmente em operação, um painel de controle mede, em três reatores, o pH e a temperatura dentro deles para controlar a entrada de nutrientes. Quando o pH da água aumenta, isso significa que as algas estão com fome e consumiram todo o CO2. A temperatura de crescimento ótima é de 30 graus Celsius.
Na segunda fase, iniciada em meados de maio, novas zonas de culturas e também uma biorrefineria serão implantadas em mais 1000 m2 ao redor da central para permitir a produção de biodiesel, de bioetanol, de fertilizantes e de outros produtos derivados. Em laboratório já foi demonstrado que é possível obter, de cada tipo de algas, um composto químico determinado e um produto final diferente.

O objetivo é encontrar as algas que capturem a maior quantidade de CO2 por unidade de área: entre 300 a 600 toneladas de CO2 por hectare e por dia. A central de Carboneras produz 32.000 MWh e libera 850 kg de CO2 por MWh. Nesta instalação-piloto, cada kg de microalgas custa 5 centavos e é preciso alcançar um custo de 0,5 centavos/kg para que ela seja rentável.

Segundo estimativas da Endesa, a Espanha e, especialmente, a região de Almeria possuem um grande potencial para o cultivo de microalgas. Seria possível produzir entre 130 e 300 kg de óleo de biodiesel por hectare por dia.

O projeto da EnerBioAlgae promove a cultura de microalgas em águas contaminadas

Cientistas espanhóis, franceses e portugueses trabalham juntos no projeto EnerBioAlgae (4) que pretende aumentar o rendimento energético dos territórios, resolvendo os problemas ambientais associados aos recursos hídricos degradados.

O projeto EnerBioAlgae representa uma proposta que inclui a proteção e a conservação do meio ambiente, a luta contra as mudanças climáticas, a diversificação das fontes de abastecimento de energia, o desenvolvimento e a exploração de fontes de energias alternativas e a proteção da biodiversidade.

Lançado em janeiro de 2011, o projeto deverá ser concluído em dezembro de 2012 e tem um orçamento de 600.000 euros, sendo 75% financiados por fundos comunitários.

Esse projeto do qual participam pesquisadores das Universidades de Vigo e Almeria, na Espanha, da Universidade de Aveiro, em Portugal, de Pau e do Pays de l'Adour, na França e do Instituto de Energético (INEGA) da Galícia, na Espanha, consiste em:
- Aperfeiçoar o sistema de produção de biomassa a partir de algas para fins de produção de energia para melhorar o rendimento da produtividade das culturas.
- Identificar e explorar recursos hídricos degradados com uma carga inorgânica elevada, além de alto um potencial energético. A área de ação estará concentrada na Galícia (Espanha) e Aveiro (Portugal).
- Desenvolver tecnologias para a instrumentação de monitoramento e controle "on-line" das culturas energéticas.
- Aperfeiçoar a qualidade do biodiesel a partir de microalgas (respeitando as regras da União Europeia) para estimular os investimentos públicos e privados.
- Avaliar e demonstrar a viabilidade técnica, econômica e ambiental das tecnologias desenvolvidas e do procedimento de ajuste.

Graças e este projeto, as áreas degradadas poderão ser revalorizadas pela cultura de algas com fins de geração de energia.

(1) artigo do mês passado sobre microalgas: http://www.bulletins-electroniques.com/actualites/66664.htm
(2) AlgaEnergy: Empresa do Setor de biotecnologia de microalgas, criada em 2007, sendo seus dois principais acionistas e membros tecnológicos a Repsol (principal empresa petrolífera da Espanha) e da Iberdrola (empresa de energia elétrica, líder mundial em energia eólica e primeiro grupo de energia na Espanha) -  http://www.algaenergy.es/
(3) website do laboratório Aitemin: http://www.aitemin.es/bienvenida.php
(4) projeto EnerBioAlga: http://www.enerbioalgae.net/fr
- Comunicado à imprensa da AENA, em 29 de abril de 2011
- Europapress, artigo de 10 de maio de 2011
- Madri + D, artigo de 16 de maio de 2011
- Cinco Dias, jornal de sexta-feira, 13 de maio, 2011

Laure Denos, chefe da missão, Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

www.bulletins-electroniques.com/actualites/66968.htm

Tradução: Argemiro Pertence

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