Os jovens esquecidos de Israel

Portfólio - Eles tem 18 anos. Eles são muçulmanos, cristãos, beduínos... e fazem parte da minoria em Israel. No momento em que a ONU examina a demanda de reconhecimento de um Estado Palestino, eles esperam apenas ser considerados como cidadãos completos em seu próprio país.

Eles são os grandes ausentes da disputa em andamento na ONU. Forçados a ouvir falar "a favor" ou "contra" um Estado Palestino, são quase levados a esquecer que o estado vizinho a Israel, abrigará também os palestinos. Vinte por cento de sua população será, na verdade, composta por árabes, principalmente muçulmanos, que são os sobreviventes da Nakba, o naufrágio da Palestina em 1948.

Naquele ano, com o fracasso da primeira guerra árabe-israelense, cerca de 700 mil dos 900 mil árabes que viviam no território que se tornou parte de Israel tomou a rota do êxodo. Uma saída voluntária de uma minoria que acreditava poder esperar o fim dos combates no vizinho Líbano. Uma partida forçada para a maioria, expulsos de suas terras pelas tropas sionistas. Os cerca de 150.000 palestinos que escaparam a esta imensa varredura são agora 1.500.000. Estes são os árabes-israelenses, também chamados de os palestinos de Israel.

Até 1966, essa população viveu sob regime militar. Permanentemente esteve submetida ao toque de recolher, às permissões para deslocamentos e às designações de local para moradia. Este período é marcado pelo drama de Kfar Kassem, em 1956, quando soldados israelenses mataram 48 agricultores que estavam retornando do campo e não sabiam que havia sido imposto um toque de recolher na sua aldeia. Foram necessários apenas 51 anos para que o presidente do Estado de Israel, Shimon Peres, pedisse desculpas por este massacre.

Na década de 1970, transformados em cidadãos de pleno direito, mas sujeitos a diversas discriminações de fato, os árabes-israelenses se lançaram na conquista dos seus direitos. Eles se manifestaram em massa para defender suas terras confiscadas frequentemente pelo Estado sob vários pretextos jurídicos. Em 30 de março de 1976, a repressão matou seis pessoas e feriu muitos outros. Declarado o Dia da Terra, esta data passou a marcar, nos anos seguintes, o aumento das reivindicações nacionais no seio da minoria árabe de Israel.

Seus membros, inicialmente eleitores do Mapai, o antigo Partido Trabalhista, no poder até 1977, gradualmente se desligaram dos partidos sionistas, com a ajuda e a mediação do Partido Comunista. A década de 1980 viu também o surgimento de um movimento islâmico que tomou Umm Al-Fahm, a segunda maior cidade árabe do estado judeu após Nazaré. Em outubro de 2000, doze cidadãos árabes de Israel foram mortos pela polícia durante a repressão de uma manifestação de apoio à Segunda Intifada, lançada alguns dias antes.

Esta "palestinização" crescente do posicionamento político foi acompanhada por uma "israelização" não menos evidente dos costumes. Apesar de isentos do serviço militar, o principal caldeirão social israelense e mantidos fora do desenvolvimento econômico, muitos árabes usaram a carta de integração, conforme mostrado por sua participação em reality shows, que abundam na televisão israelense nos anos 2000. Algumas rotas para o sucesso, como a do jogador de futebol Walid Badir, membro da equipe nacional, ou a de Salim Joubran, juiz da Suprema Corte serviram para manter a esperança de assimilação.

Mas esta busca de igualdade tem enfrentado, nos últimos anos, a direitização da paisagem política israelense. Aos olhos de grande parte da população judaica, os árabes, cidadãos de segunda classe, continuam a ser uma ameaça demográfica ou uma quinta coluna. Sob o atual governo de Benjamin Netanyahu, uma série de leis francamente discriminatórias foi aprovada. A mais recente, aprovada em março deste ano, autoriza a negação de financiamento público a qualquer organização que comemore a Nakba. Reféns da história, encarnações vivas de um conflito inextricável, os árabes-israelenses não encontrarão a paz enquanto esta não for assinada.


Tradução: Argemiro Pertence
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