Giuliano Turone vai lançar ainda nesta semana um livro sobre O Caso Battisti.
Num comentário à Agência Ansa, que está reproduzido no LINK em baixo, ele disse que: "Se eu fosse Battisti, não estaria tranquilo".
Por que não?
Será que o juiz apela à consciência de Battisti, que poderia estar perturbada por seus remorsos? Parece uma extrema gentileza para quem está publicando um livro para ajudar na campanha de linchamento internacional, cujo fracasso os italianos não reconhecem.
Por que não estar tranquilo no Brasil?
Será porque a Itália vai recorrer à Haia? RIDÍCULO. Não precisa ser juiz, apenas um calouro de direito sabe que este caso nada tem a ver com a Haia. Se a Itália fizer o ridículo de apresentá-lo, ele será arquivado imediatamente.
Será porque não pode confiar no governo brasileiro?
Um juiz italiano jamais diria isto, já que eles levantam a imagem de que o governo brasileiro e Battisti são como irmãos gêmeros.
Então, por que Battisti não deveria estar tranquilo?
O único que Battisti pode temer é outro ataque parapolicial como o que foi planejado em 2004 pelo delegado Caetano Saya, que fora financiado pelo Serviço de Inteligência militar com Eur 2.000.000
Mas, se for assim, POR QUE O JUIZ AVERTIRIA? Não é melhor fazer as coisas por surpresa?
Bom, como todos sabemos, o crime político, quando se trata de estados democráticos, é uma solução extrema, e talvez o magistrado pense que esta advertência pode intimidar o governo brasileiro, para que volte atrás?
Lembremos de vários casos que comoveram a opinião internacional
1) Salman Rushdie ameaçado de morte por Irã,
2) Diversos inimigos dos EEUU que a CIA executou,
3) Vários desafetos do Estado de Israel, que assassinou ou sequestrou fora de seu território, incluindo Mordechai VANUNO, um cientista pacifista que não atuava em política, que foi sequestrado em Roma, com a cumplicidade do governo italiano em 1986, e ainda está preso.
4) Os numerosos ativistas italianos, que a Itália sequestrou ou tentou sequestrar, na França, na Suíça, na Nicarágua.
5) Lembremos, finalmente, a OPERAÇÃO CONDOR, na qual o próprio Brasil esteve envolvido, e sobre a qual nossas autoridades deveriam manifestar-se com o maior repúdio aos governantes da época.
Mesmo os que são indiferentes aos direitos humanos, devem pensar que um sequestro ou assassinato de um extrageiro é uma VIOLAÇÃO à SOBERANIA do país que lhe concedeu residência legal.
O ESTADO BRASILEIRO e os PARLAMENTARES DEMOCRÁTICOS devem manifestar publicamente sua preocupação por este fato.
Este não é um caso de ação diplomática, pois o Turano não está representando o estado italiano, e a ameaça está formulada de uma maneira elíptica, numa forma que todo o mundo entende, mas que não constitui uma transgressão jurídica.
Mas, é importante que os numerosos parlamentares que lutaram pela causa de Battisti dirijam uma inquirição respeitosa ao Juiz Turone, para que ele esclareça o que quis dizer.
Se estivermos equivocados, e isto não for uma ameaça, muito melhor. Mas, o democrático juiz deveria ser indagado com esta pergunta singela:
"VOSSA EXCELÊNCIA PODERIA RESPONDER, POR GENTILEZA: POR QUE BATTISTI NÃO DEVERIA ESTAR TRANQUILO?"
Este é um dos links onde aparece a declaração do juiz Turone.
http://noticias.uol.com.br/
- Carlos Alberto Lungarzo