Deputado Viktor quando da denúncia das falsificações sobre Katyn
Como AND já denunciou em suas páginas, uma das maiores falsificações da História, promovida recentemente pela dobradinha entre o revisionismo mais rasteiro e o fascismo generalizado, é a atribuição ao Exército Vermelho soviético sob a direção de Josef Stalin do massacre de militares poloneses em Katyn, crime que na verdade foi cometido pelas forças do nazi-fascismo de Adolf Hitler.
Pois um dos mais destacados denunciadores desta enorme patranha — patranha que tem a participação da dupla de gângsters que gerenciam a Rússia capitalista atual, Vladimir Putin e Dimitri Medvedev —, o deputado Viktor Ilyukhin, do Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa (que nada tem a ver com o Partido Bolchevique de Lenin e Stalin), morreu na noite do dia 19 para o dia 20 de março, aos 62 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco. Isso segundo a versão oficial, o que na Rússia atual não quer dizer grande coisa.
Dada a posição de Viktor Ilyukhin, de obstinada confrontação com o projeto de deturpação da história do massacre de Katyn e de outros fatos da história revolucionária da União Soviética, e tendo em vista que pesa sobre Putin uma longa lista de suspeitas de assassinatos de opositores e detratores dos crimes das mais diversas estirpes inerentes à restauração capitalista na Rússia (sendo o caso da jornalista Anna Politkovskaya o que alcançou maior repercussão), o Partido Comunista pediu publicamente uma investigação a fundo das "circunstâncias e das causas de sua morte".
INIMIGO DE PUTIN EM VÁRIAS FRENTES
Em um célebre e corajoso discurso (disponível no blog da redação de AND) na Duma, o Parlamento russo, Viktor Ilyukhin não se furtou em afirmar categoricamente:
"Existe uma ideia geralmente aceita de que são os jornalistas e escritores que escrevem e formulam a história. De certo modo, isto procede. Mas nós dispomos de todas as provas para afirmar que a história moderna do nosso país também é escrita pelos falsificadores".
Além de denunciar, apresentado provas contundentes, o amplo projeto anticomunista de falseamento da história da URSS, sobretudo do período da direção de Stalin, iniciado por Bóris Yeltsin como sequência óbvia das "verdades" fabricadas do revisionista Kruschev e de sua "desestalinização", Viktor Ilyukhin também vinha exercendo a função de chefe da promotoria de um tribunal militar formado na Rússia para apurar os crimes de Putin durante o período em que ele foi presidente do país (hoje, exerce o cargo de primeiro-ministro).
A expressão usada por Viktor Ilyukhin para classificar a gestão de Putin foi "política destrutiva" do Estado russo. O deputado ainda acusava o ex-presidente de se valer de métodos de populismo e "lavagem cerebral" empregados pelo antigo chefe da propaganda nazista, Josef Goebbels.
Além de tudo isso, a alegação de insuficiência cardíaca constante no laudo oficial do seu óbito não condiz com o perfeito estado de saúde do qual Viktor Ilyukhin gozava, o que constitui um elemento a mais para justificar as suspeitas sobre a real causa de sua morte.