Um inspetor de polícia, que não se identificou, expressou surpresa pelo ocorrido. “Sabemos que os Estados Unidos perguntarão ao nosso governo sobre a presença de Bin Laden perto da Academia Militar, e no final das contas os moradores desta serena cidade serão prejudicados”. E acrescentou que “nossa gente é muito pacífica e educada. Temem a militância e as operações do exército porque causam destruição e as pessoas têm de fugir”. Milhares ainda vivem em acampamentos devido às operações militares nas Áreas Tribais Administradas Federais (Fata), afirmou.
“Nossa mensagem é clara: não conhecemos Osama bin Laden e odiamos o terrorismo”, disse à IPS Abdul Jalal, vendedor de roupas. “Esta manhã, meus três filhos não queriam ir para a escola porque ontem tiveram muitos problemas para regressar para casa porque o exército realizava checagens na estrada”. Um aluno do colégio contou que “apesar do sol abrasador, os soldados nos obrigaram a seguir a pé e não de ônibus”.
Um soldado explicou à IPS que “a casa onde Osama foi assassinado fica perto da Academia Militar Paquistanesa de Cabul, um lugar extremamente delicado e, portanto, ninguém pode entrar sem ser revistado. Colocamos barreiras com arame farpado nas estradas e só os estudantes e funcionários públicos podem sair de casa para cumprir seus deveres”, acrescentou, assegurando que as barricadas serão removidas quando a situação melhorar.
Os moradores de Bilal e da colônia de Hashmi, perto de Abbottabad, agora temem ações militares. Abbottabad era, até o dia 1º, o lugar mais pacífico da região de Khyber Pakhtunkhwa. “O exército ainda está ocupado realizando operações de busca”, disse Wakil Kan, um bancário que vive em Bilal. A operação militar é a favor dos interesses do povo, acrescentou, dizendo que “as pessoas não sabiam de que operação se tratava, já que não foi informada oficialmente”.
“Estamos ficando aqui (na escola) e minha mãe está em casa. Não tenho contato com ela, já que os telefones não funcionam”, disse à IPS Adnan Arshad, estudante da nona série. “Temos de fazer longas filas para sermos revistados na entrada da colônia de Bilal”, contou, por sua vez, Shaheen Bibi, um professor. “Estou preocupado com meu trabalho e a educação dos meus alunos se isto continuar. Todos os alunos e professores de nossa escola estão ansiosos”, acrescentou. Envolverde/IPS
(IPS)