“O coronel Gadafi e os que o cercam devem ser responsabilizados por estes atos, que violam as obrigações internacionais e a decência comum”, disse a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, durante reunião, no dia 28 de fevereiro, do Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, do qual a Líbia é membro. “Com suas ações, perdeu a legitimidade para governar. E o povo da Líbia deixou claro que é hora de Gadafi partir. Agora, sem mais violência nem demora”, acrescentou.
O presidente Barack Obama havia feito afirmações semelhantes em conversa, no dia 26 de fevereiro, com a chefe de governo da Alemanha, Angela Merkel. Ontem, Clinton disse na Câmara de Representantes de seu país que se aproxima um momento de decisão, já que a Líbia “pode se converter em uma democracia pacífica ou sofrer uma longa e esgotante guerra civil ou, ainda, afundar no caos”, e destacou que é essencial “uma resposta norte-americana forte e estratégica”.
Por sua vez, o chefe do Comando Central dos Estados Unidos, James Mattis, disse no Congresso que a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia exigiria uma operação bélica prévia para destruir a capacidade de defesa desse país. No final de semana, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução histórica, impondo um embargo de armas sobre esse país produtor de petróleo e sanções a membros do regime de Gadafi, incluindo proibições de viajar e congelamento de contas bancárias, medidas que já estavam sendo aplicadas unilateralmente por alguns países.
No dia 28 de fevereiro, a Casa Branca anunciou que havia congelado US$ 30 bilhões das contas do regime líbio desde que entraram em vigor suas sanções, no dia 25. A resolução do Conselho de Segurança, aprovada por unanimidade, também remeteu o caso da Líbia ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia. É o segundo caso que este organismo envia ao TPI desde que este foi criado.
“É vital que a comunidade internacional fale com uma só voz, e assim o fez”, disse aos jornalistas no dia 28 a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice. “Estas sanções e estes mecanismos deveriam fazer os membros do regime líbio pensar sobre a encruzilhada que têm pela frente: violar os direitos humanos e serem responsabilizados, ou deter a violência e respeitar o clamor do povo por uma mudança”, afirmou Susan. “Não há escapatória a esta alternativa fundamental”, acrescentou. A embaixadora disse, também, que a criação de uma zona de exclusão aérea é uma das opções em exame “consideradas ativa e seriamente”.
No dia 28, o Pentágono anunciou que estava enviando forças naval e aérea para a região. “Temos funcionários trabalhando em vários planos de contingência”, informou aos jornalistas em Washington o porta-voz do Departamento de Defesa, Dave Lapan. “Estas forças podem ser usadas em diversas quantidades e formas”, acrescentou. Por outro lado, observadores alertam que uma crise humanitária está se formando. Segundo dados das Nações Unidas divulgados no mesmo dia, 61 mil líbios fugiram para o Egito, 40 mil para a Tunísia e mil para Níger. Além disso, há muitos refugiados internos que não podem abandonar o país.
O fórum mundial também expressou sua preocupação pela fala de suprimentos médicos e de alimentos. “A ONU começou a montar uma forte resposta humanitária que incluirá recursos para as várias agências envolvidas, como o Alto Comissariado para os Refugiados e a Organização Internacional para as Migrações”, disse Susan, que estava em Washington no dia 28 para a reunião entre Obama e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Ban designará um funcionário de alto nível para coordenar a resposta humanitária e política da ONU, acrescentou a embaixadora. Ao mesmo tempo, Washington enviou equipes de assistência para as fronteiras líbias, enquanto a agência norte-americana para o desenvolvimento internacional (Usaid) destinou US$ 10 milhões para a ajuda humanitária, anunciou o Departamento de Estado. Envolverde/IPS
(IPS/Envolverde)