18 de dezembro: 132 anos de Stalin

O Stalin que se tenta esconder

Todos os anos uma avalanche de calúnias é despejada contra os chefes do proletariado internacional, principalmente contra Stalin e Mao Tsetung. Esta tarefa foi muitíssimo facilitada pela restauração do capitalismo, após suas mortes, na URSS e na China, uma vez que os regimes ali instalados contribuíram, principalmente o da URSS social-imperialista, na divulgação de falsas acusações e ataques à ditadura do proletariado.

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Stalin em encontro com trabalhadores rurais

Stalin é frequentemente acusado de ter governado sozinho, como um tirano, sem dar espaço para o debate, e que suas vontades eram sempre a lei. Porém, inúmeros documentos, notadamente as atas das reuniões do comitê central do Partido Comunista (bolchevique) da União Soviética indicam o contrário, que Stalin se submetia às decisões que nem sempre eram propostas por ele.

Há ainda trabalhos que revelam a luta de Stalin pela reforma democrática na URSS na década de 30 e como foi derrotado pela resistência ativa de vários elementos dentro do próprio partido e do Estado*.

O texto abaixo demonstra claramente que não havia total unidade na direção do partido e que Stalin é impedido de se afastar da direção do partido e do Estado soviético, como já havia tentado antes e tentaria também depois, numa clara demonstração de compromisso com a classe operária e o socialismo e de que não tinha nenhuma espécie de apego pessoal ao poder, como caluniam seus detratores.

Discurso de Stalin no Pleno do Comitê Central do PCUS de 16 de outubro de 1952*

Celebramos o Congresso do Partido. Os trabalhos do Congresso foram levados a cabo bem e pode parecer a muitos que exista entre nós uma total unidade. Sem embargo, esta unidade não existe1. Alguns expressam desacordo com nossas decisões.

Se perguntam por que ampliamos substancialmente a composição do Comitê Central. É porque não está claro que era preciso introduzir novas forças no Comitê Central? Nós já estamos velhos, todos morreremos. E então não deveríamos acaso pensar a quem deveríamos entregar o testemunho de nossa grande causa? Quem a continuará? Para isto precisa-se de pessoas, representantes políticos mais jovens, fieis. E o que significa fazer crescer um representante político, um estadista? Para isso é necessário um grande esforço. São necessários dez ou quinze anos para preparar um homem de Estado...

Mas, não basta apenas desejá-lo. É possível preparar homens políticos ideologicamente forjados na atividade prática, no trabalho cotidiano para aplicar a linha geral do Partido, para vencer a oposição de cada tipo de elementos oportunistas hostis, que tendem a frear e minar a obra de construção do Socialismo. Os representantes políticos de experiência leninista, educados por nosso Partido, deverão derrotar na luta esses intentos hostis e conseguir o êxito pleno para alcançar nossos grandes objetivos.

Não fica claro que é necessário elevar o papel do Partido, dos comitês do Partido? Como se pode descuidar do melhoramento do trabalho do Partido entre as massas, como nos ensinou Lenin? Tudo isso requer uma afluência de forças jovens e frescas no Comitê Central, que é o quartel-general dirigente de nosso Partido. E desta forma o temos feito, seguindo as indicações de Lenin. É por isso que ampliamos a composição do Comitê Central. E também, por sua vez, o Partido cresceu.

Nos perguntam por que liberamos ilustres representantes do Partido e do Estado de importantes cargos ministeriais. Que podemos dizer quanto a isso? Liberamos Molotov, Kaganovich, Voroshilov e outros de seus cargos ministeriais e os substituímos por novos funcionários. Por quê? Sobre que base? O trabalho de ministro é um trabalho duro. Requer grande energia, conhecimentos concretos e saúde. Por isso é que liberamos alguns camaradas com méritos dos cargos que ocupavam e nomeamos em seu lugar funcionários novos, mais qualificados e decididos. São pessoas jovens, cheias de força e energia. Temos que apoiá-los em seu laborioso trabalho.

No que diz respeito a esses ilustres representantes políticos e estadistas, seguirão como tais, ilustres representantes políticos e estadistas. Nomeamos-lhes vice-presidentes do Conselho de Ministros. Nem mesmo eu sei quantos são meus vices.

Não podemos deixar de considerar o comportamento errático de alguns ilustres representantes políticos, se falamos da unidade de nossas ações. Refiro-me aos camaradas Molotov e Mikoyan.

O mujique é nosso devedor. Estamos unidos aos camponeses por uma forte aliança. Concedemos a terra aos Kolkhozes para a eternidade. Eles devem dar ao Estado o devido. Portanto, não se pode estar de acordo com o camarada Mikoyan.Passemos agora ao camarada Mikoyan. Chegou a indeferir o aumento do imposto aos camponeses. Quem é nosso Anastas Mikoyan? O que não está claro para ele? O camarada Molotov tem em tão alta consideração sua companheira, que basta que tomemos uma decisão no Birô Político sobre qualquer problema político e a coisa será conhecida rapidamente pela camarada Zemcuzina. Parece que há um fio invisível que conecta o Birô Político à consorte de Molotov, Zemcuzina e seus amigos. E ela está rodeada de amigos dos quais não nos podemos fiar2. é evidente que este comportamento de um membro do Birô Político é inadmissível.Ademais, o que significa esta proposta do camarada Molotov de oferecer a Crimeia aos judeus? Isto é um grave erro do camarada Molotov. Por que o fez? Como pôde fazê-lo? Baseado em que o camarada Molotov formulou tal proposta? Já temos a república autônoma dos judeus. Isso não é suficiente? Que essa república se desenvolva. O camarada Molotov não pode servir de defensor das pretensões dos judeus sobre nossa Crimeia soviética. O camarada Molotov se comporta de maneira incorreta como membro do Birô Político e nós rechaçamos categoricamente suas propostas extravagantes.Molotov é um camarada fiel a nossa causa. Se for chamado, estou seguro de que sem o menor titubeio sacrificaria sua vida pelo Partido. Mas não se pode ignorar algumas de suas ações pouco meritórias. O camarada Molotov, nosso ministro do exterior, em uma recepção diplomática, “traído por algum copo a mais”, deu ao embaixador inglês a autorização para a publicação em nosso país de jornais revistas burgueses. Por que? Baseado em que considerou permitir isso? Se déssemos esse passo, eles exercitariam uma influência daninha, negativa, nas mentes e na visão de mundo dos cidadãos soviéticos, levaria ao debilitamento de nossa ideologia comunista e ao fortalecimento da ideologia burguesa. Este é o primeiro erro político do camarada Molotov.

[Mikoyan sobe à tribuna e se justifica fazendo referência a certas contas econômicas.]

Stalin (interrompendo Mikoyan): Mikoyan é um Frumkin3 principiante. Observem: se confunde a si mesmo e quer nos confundir também sobre estas claras questões de princípio.

[Molotov sobe à tribuna, admite seus erros, se justifica e assegura que foi e será um fiel discípulo de Stalin.]

Stalin (interrompendo Molotov): Besteiras! Eu não tenho discípulos. Todos nós somos discípulos do grande Lenin.

[Stalin propõe resolver as questões organizativas, eleger os órgãos dirigentes do Partido. A cargo do Birô Político está a eleição do Presidium do Partido, substancialmente ampliado, assim como o secretariado do CC do PCUS, composto por 36 pessoas.

Na lista, disse Stalin, estão todos os membros do antigo Birô Político, com exceção de Andreiev. Quanto ao respeitável Andreiev, tudo está claro, se tornou absolutamente surdo, não escuta nada, não pode trabalhar assim, tem que se curar.]

[Voz desde a sala: É preciso eleger o camarada Stalin como Secretário Geral do CC do PCUS.]

Stalin: Não! Me liberem dos cargos de Secretário Geral do CC do PCUS e Presidente do Conselho de Ministros da URSS.

G. N. Malenkov (da tribuna): Camaradas! Temos todos que pedir ao camarada Stalin, nosso guia e mestre, unanimemente e em uníssono, que seja todavia Secretário Geral do CC do PCUS!

Stalin (da tribuna): Ao Pleno do CC não fazem falta os aplausos. É preciso resolver os problemas sem emoções, de maneira prática. E eu peço para ser liberado dos cargos de  Secretário Geral do CC do PCUS e Presidente do Conselho de Ministros da URSS. Já estou velho. Não posso ler os documentos. Elejam outro Secretário.

S. K. Timoshenko: Camarada Stalin! O povo não entenderá. Todos nós, como se fôssemos um só homem, o elegemos nosso dirigente, Secretário do CC do PCUS. Não existe outra solução.

[Todos se põem de pé e aplaudem calorosamente, apoiando Timoshenko. Stalin fica um pouco de pé, olhando a sala, depois faz um gesto de contrariedade com a mão e se senta.]

__________________________
NOTAS

Da redação de "Sovietskaia Rossia"

*O discurso foi reportado no informe taquigráfico da sessão por L. N. Efremov e foi publicado por "Sovietskaia Rossia", em 13 de janeiro de 2000, e traduzido para o italiano por Stefano Trocini. Da ata se pode compreender que os acontecimentos relativos ao XX Congresso do PCUS estavam já amadurecendo antes da morte de Stalin e que a direita no Partido estava trabalhando para a viragem de 1956.

1 – Por exemplo, o texto Stalin e a loita pola reforma democrática, de Grover Furr, disponível em http://stalinreforma.blogspot.com/ (em galego).

2 – A afirmação de Stalin sobre a falta de total unidade na direção do Partido alcança evidente confirmação depois de sua morte. O grupo que toma a dianteira, ignorando as normas da democracia do Partido e soviética, restringe drasticamente a composição dos organismos dirigentes e faz de tudo para livrar-se das forças juvenis e altamente qualificadas promovidas no XIX Congresso do PCUS.

3 – Frumkin M. I., mencionado por Stalin, se inscreveu no Partido em 1898 e depois da Revolução de Outubro foi vice-comissário do povo para produtos alimentícios, presidente do comitê revolucionário da Sibéria, comissário do povo para o comércio exterior e comissário do povo para as finanças. Foi expoente ativo da oposição de direita.

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