Obama deve seduzir o Irã, não ameaçá-lo

Washington, Estados Unidos, 18/11/2010 – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deveria adotar uma “estratégia de compromisso” com o Irã, oferecendo a esse país incentivos mais atraentes para que freie seu programa nuclear, recomenda um documento elaborado em conjunto por dois centros de estudos de Washington. O trabalho, do qual participaram 40 reconhecidos especialistas em política externa, não proliferação e assuntos iranianos, também alerta que um ataque militar, por parte dos norte-americanos ou de Israel, teria um efeito contraproducente em todos os aspectos.

Uma ofensiva contra Teerã, “sem evidência convincente de um iminente ataque iraniano contra algum aliado ou alguma instalação norte-americana, desestabilizaria todo Oriente Médio de um modo que provocaria um grave dano aos interesses estratégicos e políticos de Washington, afetando todo o mundo árabe”, alerta o estudo. Também causaria fraturas na “coalizão que impôs sanções ao Irã, fortaleceria a determinação desse país em adquirir armas nucleares e condenaria de forma definitiva o movimento democrático” iraniano, acrescenta o documento de 77 páginas “Compromisso, Coerção e o Desafio Nuclear do Irã”.

Além disso, Washington “deveria evitar qualquer referência à possibilidade de uma guerra preventiva ou a ataques aéreos. A capacidade militar norte-americana é bem conhecida. Ficar recordando isso ao Irã apenas fortalece os argumentos daqueles que em Teerã pressionam para adquirir armas atômicas”. O informe do Instituto de Paz (financiado pelo Congresso dos Estados Unidos) e do Stimson Center é divulgado quando Israel e seus aliados preparam uma nova campanha para convencer Obama a adotar uma linha mais dura em relação a Teerã se as sanções e os esforços diplomáticos não conseguirem deter seu programa nuclear na próxima primavera boreal.

“Se a comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, espera deter o programa atômico iraniano sem recorrer à ação militar, terá de convencer o Irã de que está preparado para adotar” essa opção bélica, afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em uma reunião na semana passada. com representantes da comunidade judia na cidade norte-americana de Nova Orleans. Netanyahu teria dado a mesma mensagem de forma privada ao vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. “A contenção não funcionará com o Irã”, afirmou.

Suas declarações foram seguidas por um artigo, esta semana, no influente semanário Defense News, escrita por um dos conselheiros de Netanyahu, Efraim Inbar, especialista político da israelense Universidade Bar-Ilan, no qual diz que a diplomacia está morta e conclui que “somente a ação militar pode evitar que o Oriente Médio se converta em uma região ainda mais brutal”.

Ao mesmo tempo, legisladores do opositor Partido Republicano, estreitamente associados com os líderes do “lobby israelense”, repetiram seus chamados para uma posição mais belicista. Em declarações no Fórum sobre Segurança Internacional em Halifax, reproduzidas e comentadas em profundidade nas páginas do semanário conservador Weekly Standart, o senador Lindsey Graham disse que Obama poderia assegurar suas possibilidades de reeleição em 2012 se deixasse “perfeitamente claro que todas as opções estão na mesa” para deter o programa atômico iraniano, inclusive a militar.

Se Teerã efetivamente obtiver uma arma nuclear, Obama deveria agir “não apenas para neutralizar seu plano atômico, como também para afundar cada navio, destruir sua força aérea e desferir um golpe decisivo na Guarda Revolucionária. Em outras palavras, castrar o regime, destruir sua capacidade de contra-atacar”, afirmou o congressista. Fortalecidos pela vitória eleitoral recente que deu o controle da Câmara de Representantes aos republicanos, seus líderes pressionam o governo de Obama para que endureça as sanções contra as companhias, principalmente da China e da Rússia, que continuam negociando com o Irã, preparando o terreno para medidas mais severas.

O governo de Obama respondeu à crescente pressão israelense e republicana. O secretário da Defesa, Robert Gates – que entre os conselheiros mais próximos do presidente seria contrário à ideia de uma ação militar –, discordou publicamente na semana passada do chamado de Netanyahu para que a ameaça a Teerã seja mais “crível”. Gates assegurou que a atual estratégia diplomática e de sanções estava “tendo impacto” no governo iraniano.

Em uma reunião com empresários no dia 16, Gates afirmou que um ataque apenas uniria o Irã atrás de seus líderes de linha dura e faria com que o programa nuclear de Teerã se tornasse “mais profundo e encoberto”. Segundo o secretário, “a única solução de longo prazo para evitar que o Irã adquira capacidade nuclear é os iranianos decidirem que não está entre seus interesses. Todo o resto é uma solução de curto prazo”.

No entanto, para chegar a essa decisão, o novo informe sugere que os líderes iranianos necessitarão de incentivos e de uma clara demonstração de que Washington está disposto a aceitar o direito de Teerã, sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, de enriquecer urânio com fins pacíficos, em troca de um rígido regime de inspeções. Envolverde/IPS

* Veja o blog de Jim Lobe sobre política externa em http://www.lobelog.com.


(IPS/Envolverde)

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