Chanceler alemã afirma que construção de uma sociedade multicultural falhou e alerta comunidade imigrante: “sentimo-nos ligados a valores cristãos. Quem não aceitar isto, não tem lugar aqui”.
Angela Merkel, chanceler alemã, afirmou, perante uma plateia constituída por militantes da Junge Union (JU) - organização juvenil conjunta dos partidos conservadores União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), que "a perspectiva de que poderíamos construir uma sociedade multicultural, vivendo lado a lado e gozando da companhia uns dos outros, falhou. Falhou completamente".
Num discurso marcado por uma manifesta aproximação à direita, e segundo escreve a Associated Press, Angela Merkel defendeu ainda que “subsidiar os imigrantes” não basta, a Alemanha tem o direito de “fazer-lhes exigências”.
O sucesso da integração dos imigrantes é, nas palavras de Merkel, da sua exclusiva responsabilidade. Os mesmos terão que adotar a cultura e os valores alemães. A responsável alemã alerta: “sentimo-nos ligados a valores cristãos. Quem não aceitar isto, não tem lugar aqui”.
O secretário-geral do Conselho Geral dos Judeus na Alemanha, Stephan Kramer, já veio criticar aquele que considera ser um discurso xenófobo, orientado para fins eleitoralistas.
Polêmica em torno da integração dos imigrantes
Segundo noticia o Deutsche Welle, a polêmica em torno da integração dos imigrantes agudizou-se mediante as declarações proferidas em agosto pelo então membro do conselho de administração do Bundesbank, Thilo Sarrazin, que associou os gastos com subsídio e a criminalidade à população muçulmana na Alemanha.
Na noite anterior ao discurso da chanceler alemã, o líder da CSU e governador da Baviera, Horst Seehofer, já havia afirmado que os imigrantes no país têm que aceitar a “cultura predominante” e que a Alemanha não se podia transformar “na previdência social para o mundo inteiro”, rematando que “o multiculturalismo está morto”.
As declarações de Angela Merkel virão, neste contexto, aprofundar o clima de desconfiança, apreensão e até mesmo xenofobia contra os cerca de 16 milhões de imigrantes que vivem no país, e, em especial, contra a comunidade muçulmana, que conta com aproximadamente 5 milhões de pessoas.
55% da população alemã pensa que os árabes são "pessoas indesejáveis"
O estudo, recentemente divulgado, da Fundação Friedrich Ebert, que a Lusa cita, conclui que cerca de 58% dos alemães são a favor da limitação da liberdade religiosa dos muçulmanos na Alemanha. Os resultados deste estudo demonstram, igualmente, que 30% dos inquiridos considera que o país foi "invadido por estrangeiros" e que 55% pensa que os árabes são "pessoas indesejáveis". 30% acredita ainda que os 16 milhões de imigrantes só procuraram a Alemanha para usufruir de benefícios sociais.
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(Envolverde/Revista Fórum)