A China lidera o mundo nos investimentos em energia limpa

Enquanto visitantes cansados esperam para entrar no Pavilhão da Exposição Corporativa de Xangai 2010, um sistema de "sprinklers" que utiliza água da chuva reciclada e movido através de um sistema térmico solar os refresca com periódicas emissões de névoa úmida. Desde que entram na exibição da maior feira do mundo, os turistas aprendem sobre os trens de alta velocidade e outras invenções que utilizam energia de forma eficiente e que já começaram a proliferar na China.

"Xangai se desenvolveu de forma muito rápida, seus recursos naturais despareceram", informa um cartaz na exposição. Alguns metros à frente, um filme é apresentado no qual o narrador pergunta: "qual o futuro de Xangai?"
Esta é uma questão que está longe de estar resolvida. Porém a ênfase dada pela China ao desenvolvimento de fontes de energia limpa tem incomodado alguns de seus competidores econômicos e poderá alterar o mercado global de energia.
Em 2009, de acordo com o Pew Charitable Trusts, a China ultrapassou os EUA e outros membros do G-20 pela primeira vez, sendo a líder nos investimentos em energia limpa. No ano passado, os investimentos chineses em energia limpa totalizaram US$ 34,6 bilhões, comparados com os US$ 18,6 bilhões dos EUA. No mês passado, autoridades chinesas anunciaram que planejam gastar US$ 75 bilhões por ano em energia limpa.

"Na China, a política tornou-se bastante agressiva", informou Peggy Liu, executiva da Cooperação EUA-China em Energia Limpa, com sede em Xangai. Informou ela que as autoridades chinesas estão experimentando várias tecnologias novas. "É como jogar espaguete na parede. Eles estão muito abertos a experiências".

Ju Dadi, vice-presidente da Comissão de Especialistas e Orientação do Estado do Grupo Avançado Nacional de Energia da China, disse que sua nação está tentando "alterar o sistema" de como se usa e produz energia.

"Praticamente temos que experimentar de tudo", disse ele, acrescentando que, em poucas décadas a contar de hoje, as pessoas serão capazes de julgar se a China conseguiu transformar seu sistema de energia. "Não se pode garantir os resultados", afirmou ele.

Liu acrescentou que, em contraste com os EUA, onde uma mudança maior na política energética iria exigir uma longa batalha legislativa ou regulatória, as autoridades do governo central da China podem promover mudanças importantes no panorama energético de seu país rapidamente. Elas estão acelerando a construção de centrais nucleares, instalando sistemas de trens de alta velocidade e desenvolvendo cidades de baixo consumo de carbono, tudo sem votação e debates legislativos.

"Aqui, aqueles que decidem as questões-chave têm mais poder que nos EUA", disse ela.

A Corporação Estatal da Rede da China controla o fornecimento de eletricidade para mais de três quartos da área terrestre da China. O Instituto de Pesquisas em Energia Elétrica da China, subsidiário da Rede Estatal, está trabalhando com a IBM e outras empresas para desenvolver uma rede inteligente de potência que poderá melhorar a distribuição de eletricidade e maximizar a eficiência em todo o país.

Brad Gammons, vice-presidente de vendas da unidade de energia e utilidades da IBM, disse que se mudou de Nova York para Pequim há um ano "por causa do volume de investimentos" que a China está fazendo em energia renovável e eficiência energética. "Parecia que eles estavam caminhando muito rapidamente para implantar a tecnologia em escala".

Na maior parte dos casos, informou Gammons, o rápido ritmo de investimentos tem se tornado concreto, embora a rede inteligente ainda seja um trabalho em andamento.

Em alguns casos, a visão chinesa de um futuro brilhante e com energia renovável não se tornou ainda realidade. O governo exige que 4% do suprimento de energia a ser instalado em cada nova planta de geração venha de fontes de energia renováveis. Porém, isto nem sempre acontece, segundo especialistas em energia que citam as turbinas eólicas inativas na Mongolia que foram construídas por ordem do governo, mas nunca se conectaram à rede.

Numa trajetoria similar, há um ano atrás, autoridades do governo da China assinaram um acordo muito divulgado com a First Solar, do Arizona, para a construção da maior central solar no deserto da Mongolia. Todavia, está crescendo o ceticismo sobre se ela será um dia construída. Com os concorrentes chineses se queixando de que a First Solar obteve condições lucrativas no seu contrato, autoridades chinesas locais dizem que planejam abrir o projeto para uma concorrência competitiva.

Em 2009, a China instalou tecnologia eólica para produzir 13,8 Gigawatts comparadas com os 10 Gigawatts dos EUA; espera-se que a diferença cresça este ano. A China projeta instalar capacidade para produzir cerca de 14 Gigawatts este ano - um total que poderá alimentar milhões de residências. Porém nos EUA, o total de novas centrais eólicas a serem instaladas em 2010 deverá cair entre 25 e 45 por cento em relação ao ano passado.

A porta-voz da Associação Americana de Energia Eólica, Debra Preitkis-Jones, concorda que a China continuará à frente dos Estados Unidos sem medidas tais como um padrão de energia renovável que irá exigir que haja utilidades para obter uma certa percentagem de seu suprimento de eletricidade de fontes renováveis tais como a solar e a eólica. "Os EUA não têm um indicativo de longo prazo para apoiar a indústria eólica", escreveu ela em um e-mail.

Empresas e grupos de trabalhadores aqui e na Europa estão cada vez mais questionando se existe de fato algum espaço em atividade na China, quando se trata de energia renovável. A Câmara de Comércio Europeia na China, publicou um relatório este mês reclamando que "os mais competitivos produtores do mundo (de turbinas eólicas), continuam excluídos dos maiores projetos de energia eólica da China. A experiência industrial mostra que, desde 2005, nenhum fabricante internacional de turbinas eólicas para geração de energia ganhou uma concorrência nacional de porte."

No início deste mês o Sindicato Unido dos Trabalhadores em Empresas Siderúrgicas acusou a China de ter violado as regras da Organização Mundial do Comércio ao subsidiar exportações de energia limpa.

Quando se trata de relações públicas, a China está investindo muito em energia na Expo 2010, a maior e mais cara feira mundial da história. De 1º maio a 31 de outubro, já foi vista por mais de 55 milhões de visitantes, atraindo cerca de 400.000 visitantes em um único dia.

O tema geral da Expo é o desenvolvimento urbano. Além dos chineses, que fizeram da energia limpa o foco de suas exposições, várias dezenas de países que participam da vitrine "Cidade Melhor - Vida Melhor" estão com sua visão voltada para mostrar como a energia limpa pode melhorar a qualidade de vida. O pavilhão dos EUA possui um telhado verde, energias renováveis e de águas pluviais recicladas. A Fundação Alcoa está financiando uma série de compensações de carbono na China para compensar as emissões de gases de efeito estufa que seu pavilhão emitirá durante os seis meses da exposição. Friburgo, a maior cidade alemã que elegeu um prefeito do Partido Verde, mostra de forma ampliada suas redes de ciclovias, o recolhimento de águas pluviais e outros novos esforços para reduzir as emissões de carbono. Com grande sucesso atraiu visitantes para a sua mensagem verde, oferecendo vinho alemão branco refrigerado.

Tradução: Argemiro Pertence
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