Alto risco de vazamento de petróleo

Berlim, 18/5/2010 – Se um vazamento como o ocorrido no Golfo do México acontecer no Mar do Norte devastará o Wattenmeer, um dos lugares mais frágeis e com maior biodiversidade da Europa. O Mar do Norte, de 750 mil quilômetros quadrados, é uma das áreas do mundo com maior atividade em perfurações marítimas de petróleo e gás, com cerca de 600 plataformas operando em uma área sob jurisdição de Alemanha, Dinamarca, Grã-Bretanha e Noruega. Além disso, é uma importante rota de navegação, por onde aproximadamente dez mil embarcações passam por ano, o que aumenta as probabilidades de acidentes.

“É um milagre um vazamento de petróleo como as dimensões do registrado no Golfo do México não ter ocorrido aqui”, disse à IPS o biólogo marinho Carlo Von Bernem, especialista em Contaminação Petroleira e Administração de Zonas Litorâneas no Instituto Alemão de Pesquisa Costeira. O especialista disse que a recente instalação de centenas de turbinas eólicas nas costas alemã e dinamarquesa aumenta o risco de acidentes. “Um vazamento de petróleo aqui seria uma catástrofe ambiental com consequências devastadoras para a biodiversidade”, acrescentou.

A área marítima entre Dinamarca e Holanda conhecida como Wattenmeer – mar de Wadeen, ou mar de Fisia – é um habitat biológico frágil, único lar de mais de quatro mil espécies animais e de uma importante flora. A região também serve de parada para aproximadamente 12 milhões de aves migratórias. Wattenmeer é um tesouro biológico, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio da humanidade em 2009. As consequências ambientais de um vazamento de petróleo na área seriam tão difíceis de combater quanto no Golfo do México, alertou Von Bernem. “Suas características geológicas e as da maré tornariam extremamente difícil a limpeza”, ressaltou.

“O Wattenmeer é bastante raso, o que impediria a entrada dos navios pesados que são usados para absorver os vazamentos”, disse Von Bernem. O Wattenmeer é uma área intermares com grandes marismas expostas à superfície várias horas por dia. “Em uma área como essa, pode-se causar mais danos com a limpeza do que com o próprio vazamento”, acrescentou. “Se o óleo for empurrado para os sedimentos das marismas a decomposição do petróleo ocorrerá sem oxigênio e demorará mais tempo que o normal”, ressaltou. O especialista disse que, embora as regras para navegação no Mar do Norte sejam muito rígidas, as probabilidades de um acidente continuam sendo altas.

Dieter Schmidt, diretor da agência de proteção costeira alemã, explicou à IPS que é mais provável que um vazamento no Mar do Norte ocorra a partir de um navio do que por acidente em alguma plataforma de perfuração. Essa agência começou a funcionar em 2003, após o encalhe do “Pallas”, navio de carga que pegou fogo no local em 1998. A embarcação perdeu cerca de 90 toneladas de petróleo, mas as consequências ambientais foram enormes. Cerca de dez mil aves morreram devido ao acidente. Schmidt estimou que o risco de vazamento na única plataforma de perfuração alemã, a Mittelplate, que opera fora do Wattenmeer, “é muito baixo”.

Outros especialistas dizem que o Mar do Norte já sofre uma catástrofe ambiental a passo lento. “Todos os anos, cerca de 20 mil toneladas de petróleo vazam para o Mar”, disse à IPS Christian Bussau, especialista em contaminação marinha da organização ambientalista Greenpeace. “Aproximadamente dez mil toneladas são derramadas ilegalmente por embarcações e as outras dez mil em consequência das operações normais das plataformas”, acrescentou. “Esses vazamentos e outras formas de contaminação fazem do Mar do Norte uma das áreas marítimas mais contaminadas do mundo”.

Bussau disse que, embora as plataformas de perfuração em alto mar estejam cercadas por  extremas precauções técnicas em suas operações, estas “não são suficientemente eficientes para evitar vazamentos regulares”. O especialista acredita que os vazamentos furtivos de petróleo em alguns barcos “constituem uma contaminação pior do que a que se vê agora no Golfo do México. O leito marinho está biologicamente morto 500 metros em torno de todas as plataformas do Mar do Norte”, disse.

“Só é possível encontrar bactérias e nematodos, mas não peixes. Todos os países industrializados do mundo com plataformas de perfuração de petróleo em alto mar usam mecanismos avançados de proteção contra a contaminação, mas nunca se sabe se são de fato eficientes”, disse Bussau. “Após o acidente do “Pallas” e do vazamento no Golfo do México, sabemos que todas as precauções não bastam”, acrescentou.
(IPS/Envolverde)
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