A audiência do Senado não trouxe as respostas necessárias. O presidente da BP America, Lamar McKay, culpou o mau funcionamento de um equipamento que previne explosões instalado pela Transocean, operadora da plataforma de perfuração. O chefe da Transocean, Steven Newman, disse que o problema pode ter sido o mau colocamento do cimento usado para impedir o escape de gás do poço para a superfície. Tim Probert, presidente da Halliburton, que foi responsável pela colocação do cimento, sugeriu que sua empresa apenas seguiu instruções fornecidas pela BP.
A culpa foi passada adiante o tempo todo - uma "caça à responsabilidade", disse o senador Robert Menéndez de Nova Jersey.
O único sinal de progresso feito no dia - nenhum feito no golfo - veio do secretário do Interior Ken Salazar. Ele anunciou que o governo pretende dividir a agência federal que supervisiona a exploração costeira em duas - uma para dar seguimento à concessão de locações para a exploração e cobrança de taxas e direitos (que valem US$ 13 bilhões ao ano) e a outra para inspecionar plataformas petrolíferas e verificar regulamentos de segurança. Ele defendeu que a medida irá eliminar os conflitos de interesse tanto "reais quanto perceptíveis'.
As histórias de como a agência - Serviço de Gerenciamento de Minerais - foi corrompida pela indústria nos anos Bush (empregados recebiam presentes, direcionavam contratos para favorecer clientes e se envolviam em casos de drogas e sexo ao lado de funcionários de empresas petrolíferas) são lendárias. Salazar tomou medidas para mudar essa cultura.
Só agora, depois do desastroso vazamento, nós descobrimos como os reguladores da agência foram rejeitados pelas empresas quando tentaram fazer seu trabalho.
Houve relatos amplamente disseminados, por exemplo, de que o Serviço de Gerenciamento de Minerais havia pedido que a indústria adotasse mais sistemas de prevenção de explosões, mas depois aceitou as garantias da indústria de que os dispositivos eram virtualmente infalíveis. Também foi descrito como alguns funcionários da agência quiseram submeter o projeto da BP a uma análise completa de impacto ambiental mas, no final, aceitaram as garantias da empresa de que um grande vazamento de petróleo era improvável.
A agência evidentemente não conseguiu pressionar a indústria a modernizar o equipamento que utiliza para combater os vazamentos. A tecnologia usada no golfo é praticamente a mesma usada nos dias do desastre Exxon Valdez em 1989.
Não saberemos o que aconteceu de errado desta vez até que o Departamento do Interior e o Congresso encerrem suas investigações. O que sabemos é que o país merece respostas muito mais transparentes e que sirvam menos ao interesse próprio da BP e de seus fornecedores.
Também estamos aguardando os planos de Salazar para construir um sistema de regulamentação robusto e imparcial, capaz de colocar no eixo uma indústria grande e lucrativa que não pode ser confiada e é incapaz de policiar a si mesma.